ROTA DO VALE DOS SETE CASTELOS

ROTA DO VALE DOS SETE CASTELOS

A igreja de São Miguel em Mersch

Apesar de ser um país pequeno, o Luxemburgo não peca por falta de oferta cultural ao longo do ano. Claro que o desafogo financeiro ajuda, e muito!, para que as coisas se façam bem feitas. Este ano, por exemplo, a segunda maior cidade do País, Esch-sur-Alzette, é a Capital Europeia da Cultura. Daí que desde o início dos eventos venha oferecendo à população inúmeras e diversificadas iniciativas culturais. Mas, curiosamente, ao contrário do que muitas vezes acontece, os investimentos não se centraram apenas em Esch-sur-Alzette, e outros locais onde a oferta cultural é igualmente grande continuam a ser boas opções, tanto para os residentes como para os turistas.

Claro está que sendo a Cidade do Luxemburgo a capital do Grão-Ducado, logo a mais importante e conhecida, é onde o número e a diversidade de eventos culturais é maior. À excepção de um ou outro país, as capitais são por natureza as cidades com mais população e acumulação de riqueza. No nosso caso, a cidade (ou vila) periférica onde vivemos também não fica muito atrás de outras localidades, no que respeita a manifestações culturais. Embora aqui vivam pouco mais de dois mil habitantes, ainda não soubemos de uma semana que tenha passado sem a realização de uma exposição ou de uma peça teatral. Com a reabertura do castelo ao público – dá-se todos os anos por altura da Páscoa – teremos ainda mais opções de escolha. Até porque a chegada dos dias amenos também ajuda a que as pessoas fiquem mais receptivas a saírem de casa.

Larochette está no Cantão de Mersch e é aqui mesmo que começa uma das rotas mais interessantes para conhecer a história deste país.

A Rota do Vale dos Sete Castelos tem início na cidade de Mersch, na Praça de São Miguel, onde se encontra a torre com o mesmo nome e que é o símbolo da urbe.

Localizado no centro de Mersch está o castelo, que remonta ao Século XIII. Ao longo da sua existência sofreu vários ataques e ficou muito danificado. Não há muitos anos foi todo reconstruído e convertido em escritórios administrativos do Município.

Uma vez no centro da cidade, é impossível não ver a torre de São Miguel com a sua cúpula octogonal de quarenta metros de altura.


O primeiro local de culto desta localidade, fortemente católica, remonta ao Século VIII a.C. – a Praça de São Miguel. No tempo dos romanos sobressaía no local uma imagem do deus germano-celta da guerra Lenus Mars. 
O primeiro templo religioso foi uma construção merovíngia, que posteriormente foi transformada numa igreja românica com três naves e três absides. No Século XV foi remodelada segundo os princípios da arquitectura gótica.

Já a Praça de São Miguel foi totalmente redesenhada em 1994, e desde 1997 que a Torre de São Miguel tem um companheiro fiel: o dragão de bronze. Actualmente, todos os anos um grande número de festas é aqui organizado.

Mas voltando à Rota do Vale dos Sete Castelos, os visitantes são convidados a entrar na igreja de Mersch, que se encontra a escassos metros do castelo e da torre.

A igreja original situava-se na Praça de São Miguel, mas o seu estado de total abandono levou as autoridades eclesiásticas no Século XIX a edificarem um novo templo em zona que permitisse crescer em tamanho, por forma a responder às necessidades dos crentes. Assim nasceu uma igreja com três alas, em estilo clássico tardio, tendo sido consagrada em 1850. Este estilo arquitectónico é muito raro nas igrejas luxemburguesas dessa época, o que faz deste exemplar um local a visitar por quem se interessa por arquitectura religiosa. Caracteriza-se pelos pilares colocados em frente à entrada, fazendo lembrar os edifícios antigos, em particular os majestosos edifícios da Grécia Antiga.

Desta zona do castelo, da torre e da igreja, iremos partir numa viagem que levará os leitores pelos caminhos da Rota do Vale dos Sete Castelos. Em conjunto iremos aprender mais sobre este pequeno país, riquíssimo em História e importância estratégica.

Sempre que a meteorologia o permite, realizamos pequenos passeios que começam de carro e que acabam, invariavelmente, com uma caminhada por lugares históricos que sempre nos surpreendem.

Por Mersch passamos duas vezes por dia, de manhã e à noite, mas se não tivéssemos decidido visitá-la a pé, facilmente nos passaria despercebida. Há muitas outras igrejas nesta cidade, assim como em todas as vilas e aldeias do Luxemburgo. No entanto, pensamos ser mais interessante irmos desfiando desta forma, à boleia da Rota do Vale dos Sete Castelos.

A seguir iremos descobrir Schoenfels, que fica a pouco mais de dez quilómetros de Mersch, onde também nos espera um rico património religioso (católico) e, claro, uma importante parte da nossa comunidade portuguesa.

João Santos Gomes

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