Castelo de Koerich

ROTA DO VALE DOS SETE CASTELOS

Provavelmente a igreja mais bonita do Luxemburgo

Chegamos, com o Castelo de Koerich, ao fim da Rota do Vale dos Sete Castelos. Uma jornada que nos deu imenso prazer, trazendo-vos a nossa visão do seu enquadramento e dos aspectos religiosos a eles ligados.

A Religião Católica, enraizada na sociedade luxemburguesa desde tempos imemoriais, marca sempre presença junto dos castelos, palácios e palacetes do Grão-Ducado. A nobreza e a burguesia sempre patrocinaram a construção de igrejas e capelas nas imediações das suas casas senhoriais. E se não fossem construídas para uso da população, as referidas igrejas e capelas eram erguidas para usufruto privado, dentro dos limites das suas propriedades.

O Castelo de Gréiveschlass, comummente conhecido como Castelo de Koerich, está localizado na Rue du Château, em Koerich. Foi originalmente construído entre finais do Século XII e inícios do Século XIII. Depois de ter sido reconstruído (várias vezes) ao longo dos séculos, encontra-se actualmente em ruínas, sendo hoje propriedade do Estado do Luxemburgo. Está diariamente aberto ao público.

A cidade de Koerich situa-se bem perto da fronteira da Bélgica, o que explica porque mudou de mãos por diversas vezes ao longo dos séculos entre potencias europeias. Daí também o facto de ter uma história muito rica e diversificada.

O Castelo de Gréiveschlass, ou Castelo do Conde numa tradução mais livre, é a porta de entrada na Rota do Vale dos Sete Castelos para os visitantes que vêm da Bélgica ou dos Países Baixos. As suas ruínas, mais a arquitectura antiga característica de Koerich, juntamente com aquela que é considerada a mais bonita igreja barroca do País, formam um conjunto de extrema beleza.

Toda a área do Vale dos Sete Castelos é conhecida como Guttland e estende-se para o centro do Luxemburgo, para a Terra das Rochas Vermelhas e para o Vale de Moselle e Mullerthal. Sem dúvida alguma, é a zona mais bonita do Luxemburgo durante todo o ano.

Curiosamente, o Castelo de Koerich é dos poucos que se encontra construído na mesma cota das habitações e das outras infraestruturas que formam o centro da cidade. Foi construído por Wirich I, Senhor de Koerich e Senescal do Luxemburgo, entre os Séculos XII e XIII em estilo românico tardio. Foi ampliado em 1304 por Godefroid de Koerich, que lhe atribuiu uma aparência mais gótica. A torre de menagem, agora com onze metros de altura, era certamente muito mais alta na época em que foi construída. Com uma base de doze por 11,6 metros, e paredes até 3,5 metros de espessura, é uma das mais impressionantes de toda a região. O acesso aos diferentes andares era feito por meio de uma escada em caracol. Mais: rodeado por um fosso, originalmente o castelo estava protegido por uma entrada fortificada com ponte levadiça. A partir de 1380, Gilles de Autel e Koerich converteu a fortaleza numa residência mais confortável, tendo construído duas torres de doze metros em cada extremidade da parede virada a Sul. A torre sudoeste, que ainda está de pé, abriga uma capela no piso térreo. Em 1580, o novo proprietário Jacques de Raville, realizou novas alterações, demolindo parte da propriedade e acrescentando duas alas renascentistas. A majestosa lareira no primeiro andar e as grandes janelas rectangulares testemunham o esplendor palaciano do castelo à época. A ala sul foi novamente alterada em 1728, desta vez com acréscimos barrocos. Após a morte dos Raville na segunda metade do Século XVIII, o castelo começou a cair em ruínas por falta de manutenção. Em 1950, Pierre Flammang, o último proprietário privado, efectuou alguns reparos na estrutura, mas o castelo acabaria mesmo por cair nas mãos do Estado.

Bem perto do que resta do castelo está a imponente igreja de Saint Rémy, mas a sua construção é bem mais recente. Foi, pois, edificada durante o “reinado” dos Raville no ano de 1748.

O edifício actual da igreja, que substitui outros mais antigos, foi executado em várias fases. Segundo apurámos, com recurso a um registo da diocese local, a torre sineira-alpendre foi construída em 1727, e a nave vinte anos depois por Jean-Pierre Baraquin. Já a cobertura em bolbo teve lugar em 1791. Com um aspecto homogéneo e monumental, o santuário marca fortemente toda a zona envolvente.

Quanto ao seu interior, este surpreende pela riqueza da extraordinária decoração. Os retábulos do coro, de 1755, são da autoria do escultor Joseph Doyé de Diekirch e do carpinteiro Frédéric Biver de Koerich. E a policromia e as pinturas são de Joseph Muller e seus colaboradores, datando de 1766. Perto da entrada está exposta uma bela pietà do início do Século XVI e há lápides das famílias de Raville e Nassau do Século XVII. O púlpito é obra de African Sancy, dos tempos da Igreja primitiva. O ferro forjado do coro e da galeria são parcialmente idênticos aos dos jardins do Castelo d’Ansembourg. O padre Ningels, responsável pela construção da igreja, foi capelão dos Marchant e Ansembourg. Por último, a policromia do mobiliário e o desenho da pintura datam de 1882 (J.P. Cabaz). O último grande trabalho de restauração foi concluído em 1992, já pelo Governo do Luxemburgo.

A igreja barroca de Koerich, após uma complexa empreitada de restauração que demorou vários anos, brilha agora como figura central neste conjunto histórico que, só por si, merece uma visita demorada. O mobiliário, produzido por escultores luxemburgueses, e as pinturas de vários artistas contribuem para a elegância do edifício, tornando-o numa das igrejas mais extraordinárias e impressionantes do Grão-Ducado.

Adjacente à igreja existe um cemitério que merece também uma visita, pois contém peças de arte fúnebre bastante interessantes feitas igualmente por artistas locais.

João Santos Gomes

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