O Castelo de Septfontaines e a Igreja de São Martinho

ROTA DO VALE DOS SETE CASTELOS

O Castelo de Septfontaines e a Igreja de São Martinho

Localizado num cume rochoso, o Castelo de Septfontaines passou a ser propriedade de Johann von Simmern em 1233, que o recebeu junto com a vila de Simmern, antigo feudo da Condessa Ermesenda do Luxemburgo.

No Século XIII, o castelo fortificado foi ampliado e a torre quadrada, em estilo renascentista, erguida por volta de 1600. Em 1779, um incêndio destruiu o castelo, que uma vez abandonado se foi deteriorando.

Em 1919, o castelo acabou por ser parcialmente demolido, depois de os sucessivos donos terem, sem sucesso, tentado parar a sua progressiva deterioração, transformando o castelo numa casa senhorial. Pena é que muito foi realizado sem haver qualquer cuidado para com os aspectos arquitectónicos e históricos do edifício, estando hoje completamente descaracterizado.

A construção original do castelo, que é o penúltimo da Rota do Vale dos Sete Castelos, não tem data conhecida. Sabe-se apenas que em 1192 um tal Tider (denominado Senhor dos Sete Nascidos) aparece referenciado num documento onde se vislumbram indícios que apontam para uma edificação senhorial no promontório onde o actual castelo se encontra, sobranceiro à igreja de São Martinho de Septfontaines.

Ao contrário do castelo, que está de portas fechadas a maior parte do ano, dado que os actuais proprietários não vivem no Luxemburgo, a igreja localizada na rua principal de acesso ao castelo é pública e de grande beleza, estando classificada como monumento nacional.

Reza a tradição que ao regressar de Itália, após a morte do Imperador Henrique VII (1313), o cavaleiro Tomás de Septfontaines tornou-se sacerdote e mandou construir a igreja. Como qualquer lenda, estes factos são difíceis de verificar, no entanto, os fiéis locais aceitam-nos, considerando como verdadeira a história por detrás da sua igreja.

Se o santuário foi consagrado em 1317, como relata Bertholet na sua “História Civil e Eclesiástica”, já a torre é certamente mais antiga e provém de um edifício românico, provavelmente contemporâneo do castelo original.

Por volta de 1510, os senhores daquelas terras, os Ravilles, decidiram demolir o edifício no lado norte, a fim de substituí-lo por uma espaçosa capela coberta por uma abóbada, cujas chaves ostentam doze brasões. A abóbada das naves data de 1516, de acordo com uma inscrição existente no local.

Nas paredes exteriores, várias cabeças esculpidas são consideradas símbolos do direito de asilo oferecido pela igreja ou como meio de afastar as forças do mal.

Sete estelas monumentais, representando a Paixão, circundam o cemitério, que preserva belas e antigas cruzes funerárias. A Sepultura do “Klaus”, pedra policromada do Século XVII, chama a atenção no seu interior.

Os monumentos de Marguerite (1512) e Jean de Raville (1540) recordam a memória de uma família que dominou o Vale de Eisch durante vários séculos. Numerosas estátuas barrocas, incluindo uma notável pietà, adornam os retábulos removidos na década de 1960.

Estudos exaustivos realizados por instituições governamentais levaram à classificação da enorme torre com respiradouros românicos e do que resta de uma igreja do Século XII ou do início do Século XIII. Os rostos humanos esculpidos na pedra das paredes exteriores também datam da Idade Média.

Mais tarde a igreja ganhou três naves com abóbadas e janelas, criando-se assim uma sala luminosa. Este espaço manteve as suas características originais até aos dias de hoje.

A história da igreja está intimamente ligada à dos Senhores de Septfontaines e das terras em seu redor, sendo diariamente muito procurada pelos fiéis.

A igreja e o cemitério enquadram-se de forma notável com as lápides do Século XVI e com os túmulos emoldurados.

São Martinho (Saint Martin, em Francês), que viveu no Século IV, é o santo padroeiro da igreja. Uma escultura barroca representa-o na qualidade de Bispo, tendo um mendigo a seus pés, com quem divide o manto.

No mesmo local podemos apreciar a lápide de Marguerite de Rollingen – uma figura deitada, emoldurada por elementos de carvalho. Sobre o cabelo encaracolado usa uma coroa formada por bolotas e folhas de carvalho. Os brasões das famílias Raville-Septfontaines Daum e Manderscheid-Blankenheim estão representados nos bolsos acima da figura deitada.

Quanto à pietà do escultor luxemburguês Nikolaus Koenen, do final do Século XVII, podemos afirmar com toda a convicção que se trata da peça mais extraordinária que se encontra no interior da igreja; uma obra devocional para meditarmos sobre a morte de Cristo.

Faz ainda parte de todo este conjunto a Capela dos Condes, a capela privada da família Rollingen, a qual foi acrescentada no lado norte do coro central em 1510. Só no Século XIX foi construída a sacristia.

João Santos Gomes

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *