ROTA DO VALE DOS SETE CASTELOS

ROTA DO VALE DOS SETE CASTELOS

O Castelo de Hollenfels e a Capela de São Sebastião

A vila de Hollenfels fica a “um salto” da cidade de Mersch mas, administrativamente falando, faz parte do Município da Cidade do Luxemburgo. Esta é a terceira paragem da Rota do Vale dos Sete Castelos. Infelizmente, o Castelo de Hollenfels encontra-se encerrado e não há qualquer informação que indique uma futura abertura ao público. No entanto, os seus domínios, nomeadamente os terrenos e os jardins que o rodeiam, são frequentemente usados para as actividades dos jovens que frequentam a Pousada da Juventude, instalada em terrenos pertencentes ao castelo.

A sua localização, sobranceira ao Rio Eisch, numa elevação com mais de trezentos metros, permite uma vista extraordinária sobre o rio e o vale, fazendo deste local um dos destinos preferidos pelas populações que vivem nas redondezas, sendo habitual ali realizarem piqueniques quando o tempo assim o convida.

Numa rápida pesquisa, ficámos a saber que a sua construção data de 1129, tendo pertencido a Sir Ludolf de Hollenfels. Tem uma torre com quase quarenta metros de altura e sumptuosos quartos de estilo gótico, servidos por escadarias em espiral que datam de 1380. No andar inferior está a cozinha de forno e a sala de jantar dos empregados. No mesmo andar fica a sala gótica, ricamente decorada, que era usada pelos senhores da época e uma capela privada. De acordo com uma brochura disponibilizada ao público pela delegação do Turismo do Luxemburgo, a referida capela era por vezes usada como quarto. Curiosamente, o arsenal de defesa do castelo era guardado na parte mais alta do mesmo. Outro dos aspectos salientado na brochura é a decoração dos quartos, que denota o poderio económico dos seus antigos proprietários. Já na época estavam equipados com grandes lareiras, janelas ricamente trabalhadas – inseridas em robustas paredes – e com diversas estátuas que foram sendo comissionadas a artistas locais ao longo dos séculos.

Em 1680 o castelo foi capturado pelos franceses, depois pelos espanhóis e, por último, recapturado pelos franceses. Meio século depois foi aumentado, tendo sido acrescentada a mansão que hoje se pode ver a nordeste da torre de menagem. Em 1929, quando o castelo se encontrava em ruínas, os trabalhos de restauração foram adjudicados ao arquitecto luxemburguês J. Schoenberg. Entre 1945 e 1948 a infraestrutura serviu para albergar prisioneiros de guerra, sendo que em 1948 o Estado luxemburguês adquiriu-o e ali criou a Pousada da Juventude.

Entretanto, como não é possível visitar o interior do castelo, aproveitámos para espreitar a capela de São Sebastião, localizada em terrenos bem próximos dos domínios do castelo. Este pequeno templo era frequentemente utilizado nas cerimónias religiosas de maior importância e que pediam um espaço mais amplo do que a capela privada do castelo. Trata-se de uma capela simples, de nave única, mas que não deixa de ostentar vitrais lindíssimos que lhe conferem uma luminosidade interessante. No seu interior, duas fiadas de bancos de madeira recentemente restaurados, juntamente com a reforma da pintura recente, dão-lhe um certo ar de modernidade, sem deixar de transmitir aos fiéis e visitantes o quão antigo é este local de culto.

Por cima da entrada está o órgão que alegra a liturgia e dá outra dimensão às cerimónias religiosas que ali se realizam várias vezes ao dia. O altar, em tons de madeira verde, contrasta com a cor branca das paredes e o castanho da madeira dos bancos e da varanda.

O adro da capela é constituído por uma praça circular, onde frequentemente os jovens que ficam na Pousada da Juventude conversam, havendo quem aproveite o bom estado do revestimento do piso para a prática de skate.

O Luxemburgo é um dos melhores países para quem gosta de turismo religioso. Basta ver que neste caso – uma vila sem grande importância histórica – é possível encontrar vários templos num raio de três quilómetros. A cerca de um quilómetro temos a capela da Natividade da Virgem Maria e a capela de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos; a dois quilómetros fica a capela de São Donato; e a três quilómetros a capela de Santa Celsa e a igreja de São Pedro e São Paulo.

Tentamos sempre encontrar exemplares arquitectónicos, relacionados com o Catolicismo, nos locais que visitamos, por forma a dar a conhecer aos leitores um outro lado do Grão-Ducado, para além do habitualmente falado na Comunicação Social.

Em termos históricos e estratégicos, é verdade que o Castelo de Hollenfels não teve (ou tem) a mesma importância de outros castelos, mas sobressai entre os demais e é bastante procurado pelo facto de estar rodeado de templos religiosos e jardins de grande beleza e importância. Embora o castelo se encontre vedado ao público, só a envolvente justifica uma visita mais demorada.

Na próxima crónica debruçar-nos-emos sobre o Grande Castelo de Ansembourg, que com os seus sumptuosos jardins é outras das referências da Rota do Vale dos Sete Castelos.

João Santos Gomes

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