Terminou Outubro, mas…
O mês de Outubro acabou – mês de Nossa Senhora, mês do Rosário.
De Maio a Outubro temos os olhos nos céus e a vontade de estar com a Nossa Mãe impulsiona-nos a partir numa romaria; com sacrifícios e a alma cheia de esperança, agradecemos e expedimos bênçãos para nós e para o Mundo.
O Rosário não nos sai das mãos, tal como a Virgem pediu em Fátima aos pastorinhos: «Rezai o Terço todos os dias».
As romarias e peregrinações fazem parte da cultura e religião dos povos que visitam os lugares santos, às vezes em grupo outras individualmente, mas sempre com vontade de se purificaram e de elevarem o espírito, sempre com a esperança de ficarem mais próximos de Deus, da Virgem e dos Santos.
O nome de “romaria” provém da cidade de Roma, onde se situa o Estado do Vaticano, bastião da religião Católica Apostólica Romana e onde vive o representante de Deus na terra, o Papa.
Muitas romarias e peregrinações em defesa da fé católica partiram do Vaticano em direcção a Jerusalém, terra onde nasceu Jesus e onde se desenrolou a sua vida, os seus milagres e a sua crucificação (a prova do seu amor por nós numa agonia imensa para nossa salvação).
Em 1095, as cruzadas, movimentos militares de inspiração cristã, partiram da Europa em direcção à Terra Santa para protegerem os cristãos que ali habitavam e reconquistarem terras ocupadas por pagãos. Mas estes homens eram também peregrinos, deixavam os seus lares, as suas famílias e o seu trabalho, com sacrifício, para acudirem homens e mulheres cristãs que viviam muitas vezes em martírio. O que os movia era a fé; eles transformavam-se no Homem vulnerável, miserável, privado de tudo, como o são todos os peregrinos movidos pela redenção.
Como referia Le Goff, citando Tiago de Varazze, «é o tempo da peregrinação, no curso da qual estamos sempre em errância e em luta».
As pregações de São Jerónimo foram fonte de inspiração para muitos romeiros, peregrinos que na Península ibérica se dirigiam a São Tiago de Compostela, onde se encontra o túmulo de Santiago Maior, um dos apóstolos de Jesus. A catedral foi erigida sobre uma antiga rota de pagãos que se deslocavam para irem adorar o Sol, que se punha e ressuscitava no dia seguinte em Finisterra.
A fé cristã não é uma adoração a símbolos, é um amor a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, à Santíssima Trindade e mesmo assim só um Deus, nasceu, não foi criado, o seu filho morreu pela nossa salvação e ressuscitou ao terceiro dia conforme as escrituras. Temos um Deus vivo que se entrega na comunhão, para estar connosco.
Desde os templos bíblicos, com Abraão e Jacob, com o êxodo dos Hebreus para a terra prometida, e com o regresso ao exílio, que há vários exemplos de peregrinações de sentido humano e espiritual – um símbolo de vida para nos enriquecermos interiormente e nos tornarmos espiritualmente mais fortes. É a grandeza de um povo, que se desloca em busca do Deus Vivo.
O Papa Francisco tem pedido que nos dirijamos aos Santuários Marianos e «colocar no coração da Virgem as nossas preocupações, expectativas e projectos para o futuro».
Que riqueza imensa!
Ana Maria Figueiredo