Uma cruz sobre a Europa
Alinhar a Igreja pelos valores da sociedade, especialmente duma sociedade laica, tem sido o grande empenho das últimas décadas, por parte da maioria dos governantes dos países europeus.
Com o pretexto de se abrirem ao mundo, muitas foram as cedências feitas, não só pelos cristãos, mas também por alguns membros do clero; quando deveria ser o contrário, o mundo é que se devia abrir a Cristo.
Este e outros comportamentos semelhantes resultaram numa grande crise espiritual, moral e política no nosso mundo ocidental, consequência de décadas anteriores em que se procurou abafar, denegrir ou mesmo desterrar Deus da sociedade.
Facilitou-se muito a participação nos Sacramentos, o Catecismo quase foi sendo deixado de se ensinar e o receio de se afirmar como cristão e praticante provocou um afastamento de Deus e da natural prática religiosa. Tudo aliado a uma “tentativa mais global de destronar a Igreja”, em prol de ideologias desagregadoras, implementadas com estratégias políticas, por minorias empossadas e apoiadas por poderes económico de cariz anti-clerical.
Nesta Europa, continente de tradições, cultura, história e religião, muitos são os que gostariam de lhe colocar uma cruz em cima, enterrando-a, esquecendo ou intencionalmente omitindo todo o seu passado, paganizando-a e, em consequência, alastrando ao resto do mundo.
Cenário semelhante a uma Sexta-feira Santa quando os Apóstolos deixaram Cristo, quando Judas O traiu por dinheiro, quando o mundo parecia sucumbir nas mãos dos que detinham o poder, mas novamente ressalta uma expressão de esperança: «E quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a Mim» (Jo., 12,32).
A Europa foi continente de Missão para Deus, quando enviou os Apóstolos Pedro e Paulo, com o fim de evangelizarem um império civilizado, mas em degradação moral, em queda livre, em agonia existencial, em decadência, em morte lenta e anunciada.
Assim são os percursos e as encruzilhadas da humanidade, mas habita-nos a certeza de que Deus nunca nos abandona, está sempre connosco, é eternamente misericordioso, com os filhos pródigos, os bons ladrões, os pecadores e os doentes do corpo e da alma. Ele veio para salvar e não para condenar, veio para trazer a vida ao mundo e para que a tenhamos em abundância.
Tenhamos uma Santa Páscoa, unidos em Jesus Cristo implorando-Lhe como os discípulos de Emaús: «Fica connosco, Senhor, porque já é tarde e o dia declina» (Lc., 24,29).
SUSANA MEXIA
Professora