EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO FOI APRESENTADA NO VATICANO
O secretário especial do Sínodo para a Amazónia, cardeal D. Michael Czerny, disse na quarta-feira que a nova exortação apostólica do Papa Francisco é um documento de «reconciliação» na Igreja.
O responsável falava, em conferência de Imprensa, sobre o documento “Querida Amazónia”, no qual Francisco evita as polémicas sobre a possibilidade de ordenação sacerdotal de homens casados, que marcaram os trabalhos de Outubro de 2019.
Segundo D. Michael Czerny, há questões que «continuam em aberto», dado que o Pontífice assume que não quer substituir ou repetir as conclusões do documento final do Sínodo especial para a Amazónia.
O cardeal D. Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, referiu aos jornalistas que o documento final «não é magistério» pontifício, dado que não existiu uma aprovação formal e explícita do texto, apenas uma apresentação.
Andrea Tornielli, director editorial do Dicastério para a Comunicação Social, explica em texto publicado pelo portal “Vatican News” que “o Sucessor de Pedro, depois de ter rezado e meditado, decidiu responder, não prevendo mudanças ou outras possibilidades de excepções em relação às já previstas pela disciplina eclesiástica actual, mas pedindo para recomeçar do essencial”.
A Rede Eclesial Pan-Amazónica (REAPN) publicou um comunicado, após a publicação da exortação apostólica pós-sinodal, convidando a ver no texto um “compromisso real de agir em favor da vida, e da vida em abundância, para esta Amazónia e para as gerações futuras em todo o mundo”.
A Sala de Imprensa da Santa Sé apresentou depoimentos de vários especialistas, como o jesuíta Adelson Araújo dos Santos, professor de Teologia Espiritual; a irmã Augusta de Oliveira, responsável geral das Irmãs de Maria Reparadora; e o cientista brasileiro Carlos Nobre, um dos autores do IV Relatório de Avaliação do IPCC, organismo que, em 2007, foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz.
DESASTRE ECOLÓGICO
Na sua mais recente exortação apostólica, o Papa alerta para o “desastre ecológico” na região, com impacto em toda a humanidade. “O equilíbrio da terra depende também da saúde da Amazónia”, escreve Francisco.
O Papa critica a visão de quem apresenta a Amazónia como “um enorme vazio que deve ser preenchido, como uma riqueza em estado bruto que se deve aprimorar, como uma vastidão selvagem que precisa de ser domada”, alertando para o facto desta perspectiva “não reconhecer os direitos dos povos nativos ou simplesmente os ignorar como se não existissem e como se as terras onde habitam não lhes pertencessem”.
No documento pode também ler-se que “o interesse de algumas empresas poderosas não deveria ser colocado acima do bem da Amazónia e da humanidade inteira” e que o estilo de vida da população em geral deveria ser “menos voraz, mais sereno, mais respeitador, menos ansioso e mais fraterno”.
In ECCLESIA