Parabéns a um grande amigo

Esta semana foi com enorme agrado que tivemos conhecimento, através das páginas d’O CLARIM, que o nosso grande amigo padre Domingos Soares foi nomeado vigário-geral da Diocese de Díli. Quero aqui, antes de iniciar a crónica semanal, dar-lhe os parabéns em nome de toda a nossa família. O padre Domingos sempre nos acarinhou, mais não fosse por perder algum do seu precioso tempo para conversarmos quando nos cruzávamos na rua. Foi das últimas pessoas com quem tive o prazer de trocar impressões antes de deixar Macau, em Janeiro de 2014. Foi um diálogo rápido, de quase uma hora (!), junto das instalações do IPOR ao final da tarde. Lembro-me que ficou prometido continuarmos a conversa… Esperamos que tenha boa sorte na nova missão e ansiamos encontrá-lo quando passarmos por Timor-Leste. O padre Domingos, a par dos saudosos padres Albino Pais e Francisco Fernandes, está sempre no nosso pensamento.

Chegámos à segunda semana de Fevereiro e ainda não temos data exacta para sair de St. Lucia. Esperamos que seja em breve… Enquanto estivemos sem previsão para a partida, não havia qualquer problema; agora que esperamos sair a qualquer momento, o facto de não o sabermos ao certo deixa-nos impacientes.

No veleiro estamos prontos para sair, mas ainda estamos a viver ancorados, o que significa que está tudo nos lugares errados. Almofadas, caixas, livros, ferramentas e electrónicos são algumas das coisas que não estão arrumadas ou guardadas convenientemente, mas também é verdade que não há nada que não seja colocado em ordem um ou dois dias antes da partida. Assim como todo o convés é limpo de itens desnecessários e o resto é bem atado e seguro para que não se solte durante a navegação.

Costumamos dizer que vivemos em dois modos: o modo de habitação, quando estamos ancorados mais de dois dias, e o modo de cruzeiro, quando estamos a navegar. As diferenças são perceptíveis a olho nu. Quando ancorados qualquer pessoa vê que o barco é a nossa casa – é um barco que navega a tempo inteiro, porque todo o material está no convés e não temos os típicos “brinquedos” (pranchas de padleboard, canoas, etc.) que tão bem caracterizam os barcos de aluguer. Aquilo que possa atrapalhar a nossa movimentação no interior, regra geral e se está bom tempo, vem para o exterior onde há mais espaço disponível. De tempos a tempos temos o estendal armado para secar a roupa lavada a bordo. Quando estamos a velejar o convés apenas alberga o bote virado para cima, na proa, e os bidões de água e gasóleo de reserva. O resto fica dentro da embarcação, seja em sítios próprios para a sua armazenagem, seja debaixo da mesa do salão e da escada. Tudo atado convenientemente para que não se solte e se torne um perigo para as pessoas e animal a bordo.

Os últimos dias passaram sem que nada de excepcional acontecesse. Acordamos cedo e tomamos o pequeno-almoço, enquanto ouvimos o programa de rádio VHF que é organizado, diariamente, pela comunidade que vive a bordo aqui na baía. Dados sobre o tempo, segurança, partidas e chegadas de veleiros, artigos para trocar e vender, entre muita outra informação importante para quem vive em barcos. No resto do tempo foi o mesmo de sempre: meter o bote na água, que todos os dias à noite é içado ao lado do veleiro para que fique mais seguro e não seja alvo de furto, e ir ao supermercado ou ao mercado para comprar mantimentos para um ou dois dias. Regra geral não compramos mais porque, infelizmente, o nosso frigorífico não congela e não temos como guardar carnes por muito mais tempo (o problema do frigorífico é algo que ainda não fomos capazes de resolver). Depois das compras, regressar a casa para ir à praia, se o tempo estiver bom, ou para fazer algo a bordo e começar a preparar o almoço.

A Maria não tem dormido a sesta da manhã, mas dorme durante a tarde, momento em que aproveitamos para executar trabalhos que não se coadunam com a bebé acordada como, por exemplo, a manutenção do motor e de outros sistemas a bordo, limpeza do casco no exterior, etc. Ao final do dia, já com a Maria acordada, se estiver bom tempo, vamos à praia e regressamos a tempo de ver o pôr-do-sol e de prepararmos o jantar, que nas últimas semanas tem sido sempre no exterior, na mesa no poço de navegação porque, finalmente, temos luz nesse local o que nos possibilita ficar mais tempo ao ar livre.

João Santos Gomes

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