Fórmula 1 – Época de 2015

Os primeiros passos

O Circuito de Jerez de La Frontera, em Espanha, foi o primeiro palco dos testes de Inverno da Fórmula 1 para este ano. De 1 a 4 deste mês os novos bólides rodaram na pista espanhola, com resultados muito diferentes de equipa para equipa. Os testes que se seguem terão lugar de 19 a 22 e de 26 a 1 de Março, na outra pista espanhola certificada para Fórmula 1, o Circuito da Catalunya, em Barcelona. Apesar de todos os responsáveis pelas formações admitidas este ano pela FIA (Federação Internacional do Automóvel) repetidamente terem afirmado que os testes de Inverno nada significam em termos reais, o facto é que todos fazem os possíveis para terem os carros prontos para os referidos testes.

A Fórmula 1 fez umas correcções cosméticas, para melhorar o espectáculo. Assim, se um piloto tiver que mudar de motor, antes do fim da vida útil do mesmo, não será penalizado com a perda de lugares no “grid” de largada, mas com uma penalização de tempo durante a corrida onde a troca de motor tenha tido lugar. Os carros são mais pesados 11 quilos que os carros do ano passado, com os narizes mais baixos para evitar problemas aos pilotos em caso de contacto a 90 graus com outro carro, voltando a ser elegantes, sendo que no ano passado não o eram. Outra alteração cosmética, apenas para agradar aos milhões de aficionados que no ano passado reclamaram do som dos grupos de motorização, é mais uma dezena ou algo parecido de decibéis, com um som mais parecido com o de um carro de fórmula 1…

Durante os quatro dias destes primeiros testes, a Ferrari, com o ex-pentacampeão de pilotos Sebastian Vettel e o ex-campeão Kimi Raikkonen, mostrou-se a mais rápida, com os carros da Scuderia a ficarem no topo das tabelas nos primeiros três dias de testes. A campeã mundial em título de pilotos e equipas – a Mercedes Benz – preferiu fazer testes de durabilidade, tendo conseguido perfazer quase dois mil quilómetros, sem quaisquer problemas nos dois carros. A Red Bull teve um início de época um pouco melhor que a do ano passado, onde tudo correu mal, efectuando mais algumas voltas, mesmo assim poucas, ficando na penúltima posição da lista de voltas efectuadas. A Toro Rosso, com os seus dois bebés, Max Verstappen (17 anos) e Carlos Sainz (20), portou-se bem, sendo a melhor das equipas que usam motorização Renault.

A “malapata” parece perseguir Fernando Alonso. Depois de ter estado alguns anos na Ferrari – apenas na primeira época dispôs de um carro competitivo – foi vendo os títulos e as possibilidades de conseguir vencer rumarem para outros pilotos, porque a Ferrari foi vítima de uma profunda crise de identidade que a impediu de produzir carros vencedores. A substituição de quase toda a cúpula administrativa da marca fundada pelo génio de Enzo Ferrari parece estar a dar resultados, pelo que se viu neste primeiro teste. A equipa italiana e todas as que usam motores Ferrari portaram-se bem na pista de Jerez.

Alonso, cansado de esperar mais um ano e de ver no que poderia dar esta reestruturação, decidiu mudar-se para a McLaren, que no ano passado teve dificuldades de toda a ordem, mas que este ano terá um grupo propulsor da Honda. A marca japonesa deu muitas vitórias à McLaren na época áurea de Ayrton Senna. Acontece que a Honda defrontou-se com os mesmos problemas que as outras marcas tiveram ao construírem um grupo propulsor inteiramente inovador, deixando a equipa fundada por Bruce McLaren, nos idos de 1966 do século passado, com uma motorização aparentemente muito deficiente. A McLaren foi a pior de todas as equipas presentes, com apenas 79 voltas – cerca de 300 quilómetros – no conjunto dos seus dois carros…

A afirmação, sempre repetida pelos chefes das equipas, de que os testes não são um indicador fiável daquilo que os carros podem fazer, faz-nos esperar um clarificar das forças em presença no final do segundo teste de Barcelona. E, assim, no próximo dia 15 de Março, quando a luzes encarnadas se apagarem, as “coisas” serão a sério… e o 66º Campeonato do Mundo de Fórmula 1 terá começado!

Manuel dos Santos

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