Como Saber?
Existem três maneiras possíveis pelas quais podemos tomar conhecimento de algo.
A primeira maneira pode exemplificar-se formulando uma série de perguntas do género: “É dia ou noite?”. “Está frio ou está quente?”. “Está alguém contigo ou estás sozinho?”. Podemos responder rapidamente a estas perguntas. É fácil distinguir a noite do dia, o quente do frio. E é fácil saber-se se temos alguém connosco ou não.
Se alguém nos perguntar, “Como é que tu sabes?” a resposta é simples. “Posso ver isso”. “Posso sentir isso”. Em suma, podemos tomar conhecimento de algo pela simples observação, usando os nossos sentidos.
Os nossos sentidos são usados diariamente. Se não os tivéssemos, não poderíamos sobreviver. Não seríamos capazes de interagir com o nosso meio ambiente. O conhecimento através da observação é necessário. E é importante. Mas parece não ser apenas este o meio pelo qual “sabemos”. O conhecimento através dos sentidos é uma forma válida de tomar conhecimento de algumas coisas, mas há outras que simplesmente não podem ser observadas. No entanto, há algumas pessoas que insistem que só acreditam no que podem ver ou tocar.
Por exemplo, deixem-me perguntar-vos, “Pensam que eu tenho um cérebro? Pensam que tenho uma mente?”. Provavelmente vocês (e espero que sim) dirão que sim. Deixem-me perguntar ainda, “E como é que sabem? Podem ver o meu cérebro? Podem ouvir-me a pensar?”. Humm… não! Há grandes possibilidade de que de momento não possam ver o meu cérebro, por agora. O que poderão ver serão apenas sinais ou manifestações de actividades racionais. A partir daqui pensarão e concluirão que eu devo ter um tipo qualquer de cérebro, não? Obrigado.
Um outro exemplo (graças ao Papa Bento XVI): existe electricidade onde vivem, neste momento? Como podem sabê-lo? Podem ver a electricidade? Podem senti-la? Podem cheirá-la? Podem tocá-la? Então como podem saber que há electricidade?. Ora, simples, as luzes estão acesas. Ou o ar condicionado está a funcionar, etc.
Assim temos uma outra forma de sabermos algo. Não por observação directa, porque neste caso a observação directa seria impossível. No entanto, começa por ser observação, mas é mais do que apenas isso. Chamamos-lhe razão. Por intermédio da razão podemos descobrir coisas que os sentidos não conseguem apreender directamente, tais como as causas dos efeitos que observamos. Através da razão podemos apreciar a ordem e a normalidade, existente à nossa volta, e expressá-la em fórmulas matemáticas. Por intermédio da razão podemos descobrir as regras que governam o universo, o desenho que está impresso na natureza. Humm… alguma vez pensaram em quem desenhou tudo isto? Também é preciso a razão para isso.
A razão abre-nos a porta de um mundo para além dos nossos sentidos. Esse facto faz com que nós, humanos, sejamos diferentes dos animais.
Mas ainda há um terceiro meio de adquirir conhecimento. Uma vez mais, deixem-me fazer-lhes algumas perguntas. “Quando é que nasceram?”. Fácil de responder, não? Então deixem-me perguntar, outra vez, “Olharam para o calendário quando saíram do ventre materno?”. Não? “Então como podem saber a data do vosso nascimento?”. Mais de 95% das pessoas a quem perguntei responderam-me que fora a sua mãe que lhes dissera. Alguns responderam que verificaram a Certidão de Nascimento. Mas ninguém nunca afirmou que tinha pessoalmente visto o calendário naquele momento. Todos sabemos a data dos nossos nascimentos porque alguém nos disse – ouvimos (usando os sentidos) e aceitámos (sem vermos o facto). Mas estamos seguros da data do nosso nascimento e não temos quaisquer duvidas sobre isso. E o que isso nos diz? Que o conhecimento dos factos não nos vêm apenas através da observação, nem apenas pela da razão, mas através de alguém que testemunhou um facto, alguém em quem confiamos. De facto, tenho uma pergunta referente a essa resposta que diz que foi a mãe quem lhes disse. E eu pergunto, “Como sabem que ela é realmente a vossa mãe”. Um aluno esperto, respondeu-me, «teste de DNA». Então, estão interessados em fazer um teste de DNA?
O que eu quero salientar é que existem certas coisas que nunca poderemos saber através da observação, ou mesmo racionalmente. Há coisas que apenas poderemos saber aceitando o que outras pessoas nos dizem. Chamamos a isso fé humana ou confiança. E utilizamos isso a todo o momento. Se não houvesse confiança ninguém iria à escola. Já imaginaram o que seria se as crianças duvidassem de tudo o que o professor lhes diz? “A lição de hoje será sobre África”. “Senhora Professora, deixe-me primeiro ir a África e então acreditarei em si”. Se fizéssemos isso retrocederíamos aos tempos do jurássico! Quase todos nós sabemos qual a distância entre a Terra e o Sol, mas algum de nós já tentou realmente medi-la pessoalmente? A grande maioria do nosso conhecimento é resultado de fé humana, e não de observação directa ou racionalidade.
A fé humana é importante na nossa interacção diária. O dinheiro que usamos, os encontros que marcamos, os contratos que assinamos, são em tudo baseados na fé humana. A fé humana é um caminho para o conhecimento. Abre-nos um mundo mais vasto do aquele que podemos alcançar apenas com os nossos sentidos – mais vasto por essa razão. Mas isso requere o uso, tanto dos sentidos como da razão.
E a Fé religiosa não é assim tão diferente da fé humana. A Fé religiosa também é um caminho para o conhecimento. Não, não é essa espécie de sensação. É um caminho que nos leva a um mundo totalmente novo. E como o sabemos?
Houve Alguém que nos testemunhou, que nos fala de coisas que não vimos ou mesmo que nunca imaginámos.
E esse Alguém é Jesus! Mas… poderemos confiar nele?…
Falaremos disso na próxima semana. Fiquem à espera.
Pe. José Mario Mandía