Francisco passa em retrospectiva 11 anos de Pontificado
O Papa Francisco concedeu uma entrevista à Província Chinesa da Companhia de Jesus, tendo falado do seu pontificado, «conduzido com a colaboração e escuta dos Dicastérios», das críticas que recebe e da fidelidade do povo chinês.
«O grande povo chinês é um povo fiel, experimentou muitas coisas e permaneceu fiel, e deve levar adiante com paciência o seu legado», uma herança de «esperança e paciência na espera», afirmou o Santo Padre em declarações ao departamento de imprensa da Província Chinesa da Companhia de Jesus.
Na entrevista realizada a 24 de Maio, mas apenas publicada na passada sexta-feira pelo portal Vatican News, o Papa confirmou o seu desejo de visitar o país asiático, deslocar-se ao Santuário de Sheshan dedicado a Nossa Senhora Auxiliadora, localizado no distrito de Song Jiang, próximo de Xangai, e encontrar-se com «os bispos e o povo fiel».
Francisco falou acerca dos onze anos que leva de pontificado, conduzido com a colaboração, a escuta e a consulta dos chefes dos Dicastérios, mas não escondeu que houve momentos de críticas e de «dor». «Saber delegar é muito importante. Quando se centra numa pessoa, a coisa não funciona», sublinhou.
«As críticas sempre ajudam, mesmo que não sejam construtivas», indicou, focando a sua utilidade para «reflectir sobre o modo de agir». O Papa acentuou a importância de «esperar e suportar», mesmo com «dor», as resistências, «não apenas contra a minha pessoa, mas contra a Igreja. São pouca gente».
«As crises superam-se de duas formas: sai-se dela para cima, e nunca se sai só, mas ajudado e acompanhado. Deixar-se ajudar é muito importante. Os momentos de dificuldade ou desolação são sempre resolvidos com a consolação» do Senhor, sugeriu.
O «enorme desafio» que foi a pandemia, mas também o «actual desafio» da guerra, lembrando os contextos da Ucrânia, em Mianmar e na Palestina, são a situações mais duras indicadas por Francisco que procura, reconheceu, ultrapassar as contrariedades com «diálogo», «paciência» e «humor».
Na entrevista, o Papa alertou para os perigos do «clericalismo e da mundanidade espiritual» que marcam o futuro da Igreja, «cada vez em menor número». «Esse é o pior mal que pode atingir a Igreja, pior até do que o tempo dos papas concubinos», afirmou.
A terminar, Francisco referiu ainda as preferências apostólicas universais, indicadas em 2019 – promover os exercícios espirituais e o discernimento, caminhar com os pobres e excluídos, acompanhar os jovens na criação de um futuro de esperança e cuidar da Casa comum –, e pediu que os quatro princípios sejam perseguidos de forma integrada, lembrando que o acompanhamento, o discernimento e o sentido de missão são também os pilares da Companhia de Jesus.
In ECCLESIA