PREFÁCIO DE NUNO LOBO ANTUNES
Não se trata de um livro de terror, nem dum romance ou qualquer manual de auto-ajuda, mas simplesmente dum contributo médico e científico, que procura ajudar e esclarecer as pessoas, nomeadamente pais e educadores, sobre temas comuns que vão do parto ao “bullying”, passando por vacinas, uso de medicamentos anti-depressivos, pela síndrome de híper-actividade, défice de atenção, escola e brincadeira. Cada capítulo tem um tema e um autor responsável, porém todos têm por objectivo comum desmistificar, de forma acessível, ideias sem fundamento científico, práticas e crenças assentes na ignorância e no obscurantismo medieval, os quais são considerados pelos autores como os grandes inimigos das crianças. “Vivemos numa sociedade de informação. Mas informação não é conhecimento. Cada vez mais surgem movimentos sociais cuja determinação e exposição nas redes sociais transformam inacreditáveis retrocessos civilizacionais em verdades insofismáveis. Isto tudo ocorre baseado em crenças que fazem passar por validade científica. O problema agrava-se quando os executores dessas crenças as aplicam a crianças indefesas, que simplesmente esperam que os adultos não sejam seus inimigos, mas sim, responsáveis por saber aquilo que realmente é melhor para elas”, refere o livro “Os Inimigos das Crianças – A iliteracia científica e os mitos da ignorância”, com coordenação de Miguel Mealha Estrada e prefácio de Nuno Lobo Antunes; uma edição Casa das Letras, de Outubro de 2019.
“A ignorância vestida de lantejoulas é patética e de mau gosto. É neste pano de fundo que o presente livro se insere. Pessoas avisadas e conhecedoras tentam pregar no que, temo, possa ser um deserto de onde apenas a própria voz é devolvida. Tarefa ingrata, mas merecedora dos maiores elogios, pois cumpre uma função de cidadania. Que muitas outras se ergam no desafio de educar a comunidade e a defender da ignorância, pois trata-se de uma doença epidémica que fere e mata”.
Um livro diferente pela sua pertinência, adequação, eticamente necessário, cientificamente imprescindível, que nos convida a reflectir em áreas aparentemente diversificadas, mas com um denominador comum.
Susana Mexia
Professora