Olhando em Redor

Corrupção eleitoral e afins

Aliciamento através do Wechat, excursões a Zhuhai (onde são praticados subornos eleitorais), compra de votos em Macau mediante vários estratagemas, e envio de subtis mensagens SMS, são algumas das formas que indivíduos ligados a determinadas candidaturas têm usado para convencer parte significativa do eleitorado a nelas votar, conforme denúncias efectuadas nos últimos tempos pela Imprensa local.

A corrupção eleitoral não é um problema novo em Macau, mas ganha extrema importância tendo em conta os ventos que correm de Norte, que – ao que tudo indicam – já não se compadecem com práticas que minam a integridade do País como um todo.

A 17 de Setembro de 2017 há uma considerável parte do eleitorado que pensa que vai escolher livremente os seus representantes, pela via directa, quando na verdade já está a ser enganado com promessas de uma vida melhor ou de defesa pelos grupos “sociais” a que pertencem.

A falácia é de tal maneira vergonhosa que tais plataformas não têm pejo em utilizar estratagemas à margem da Lei Eleitoral, por forma a ganharem um assento (ou dois) na Assembleia Legislativa. Alguns dos seus membros já lá estão, sendo certo que o seu trabalho ao longo das últimas legislaturas é mais revelador da defesa dos próprios interesses do que dos cidadãos de Macau.

A corrupção eleitoral é um expediente vergonhoso, assim como é vergonhoso sacudir a água do capote – que hipocrisia! – por quem tem responsabilidades em defender os interesses da população num importante órgão da RAEM.

Nesta linha de ideias, o que dizer de uma candidatura que conseguiu dois assentos em 2005, falava-se então à boca cheia, com recurso à compra de votos, expediente que terá repetido quatro anos depois? Trata-se de uma plataforma que goza agora de grande protagonismo, não estando dissipadas as suspeitas de já ter abandonado semelhante prática.

Se há doze e oito anos as autoridades competentes nada fizeram, talvez porque se acobardaram ou então porque a consciencialização face à corrupção eleitoral não era tão vincada como agora, compete à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) estar atenta a este (e outros movimentos políticos) com alto grau de probabilidade de enveredarem por ilegalidades, visto ser difícil acreditar que os líderes dessas listas desconheçam que tais práticas são levadas a cabo “debaixo do seu tecto”.

Se desconhecem, é algo bastante grave, pois denotam incompetência ou inoperância no seio das suas plataformas, algo que se traduz depois no tipo de representantes que o povo irá eleger.

A CAEAL não se deve amedrontar perante poderosos lóbis, ou interesses que norteiam certas candidaturas, sob pena de passar à população a mensagem de ser incapaz de adoptar o mesmo peso e a mesma medida para todas as listas.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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