Costa… Concórdia?
Não se compreende a decisão da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), liderada por Miguel de Senna Fernandes, de substituir Vera Gonçalves do cargo de directora do jardim-de-infância D. José da Costa Nunes por Lola Couto do Rosário.
Vera Gonçalves efectuou, desde 2009, um trabalho bastante meritório no jardim-de-infância. Elogiada a sua competência por muitos pais, ouvi nos últimos dias vários lamentos, embora preferissem mantê-los sob anonimato.
A título pessoal, custa-me perceber a atitude da APIM. Aliás, durante a vigência de José Manuel Rodrigues como presidente da APIM pouco ou nada indicava que Vera Gonçalves pudesse ser substituída.
É certo que a direcção que lhe sucedeu tem legitimidade para encontrar novos caminhos. Conhecendo os contornos que envolveram a saída de Lola Couto do Rosário do jardim-de-infância em 2001, há mesmo assim que lhe dar o benefício da dúvida, com a certeza de obrigatoriamente ter que mostrar serviço e fazer muito melhor do que Vera Gonçalves. Caso contrário, quem fica mal na fotografia é Miguel de Senna Fernandes.
Entristece-me, por um lado, que as coisas aconteçam sem que as pessoas tomem uma posição pública, até porque a substituição está a causar desconforto. Por outro lado, compreendo perfeitamente que “Macau é Macau e isto é pequeno”, pois “todos se conhecem” e “há sensibilidades” demasiadamente sensíveis (umas vezes por conveniência e outras por factores culturais).
Situações como esta – mudar, mesmo que se faça bem – é perfeitamente normal acontecer nesta Cidade do Santo Nome de Deus. Veja-se o caso de Rita Santos, que se prepara para ser candidata à Assembleia Legislativa, pela lista Nova Esperança, em detrimento de Leong Veng Chai.
Um claro indício é a forma como a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) tem ultimamente elaborado os seus comunicados de Imprensa, ao dar grande ênfase às declarações de Rita Santos, não tanto a Pereira Coutinho (não precisa) e muito menos a Leong Veng Chai, aquando das recentes visitas de charme efectuadas a instituições públicas e privadas do território.
Rita Santos não confirmou ainda oficialmente a sua candidatura, porque não é certo que seja eleita caso avance como número dois de Pereira Coutinho. Já ir como número um é um tiro no pé… de Coutinho.
Se as legislativas fossem já este Domingo, diria que a lista não tem qualquer hipótese de eleger o seu número dois. Porém, até às eleições do próximo ano muito ainda irá rolar e o que hoje é um dado adquirido poderá amanhã ter um desfecho completamente diferente. Rita Santos joga com este factor. Entendo perfeitamente o seu jogo!
Casa Garden
Termina hoje, na Casa Garden, o curso de formação avançada “Os Olhos da Ásia: História da Memória dos Portugueses”, ministrado pelo conceituado académico Jorge dos Santos Alves (ver páginas 2 e 3).
Não estou a dar o meu tempo como perdido ao ser um dos formandos porque, se desconhecia muitos aspectos da nossa portugalidade, tive agora a oportunidade de alargar os horizontes e olhar para certos eventos históricos de outra perspectiva. Não é vergonha nenhuma admiti-lo! São iniciativas como esta que devem ser valorizadas, razão pela qual está de parabéns a delegação de Macau da Fundação Oriente, por ter a feliz ideia de organizar a iniciativa, desejando que outras do género ganhem forma.
E porque não organizar um simpósio internacional sobre a presença luso-asiática nesta parte do globo? Certamente, há factos e evidências históricas deveras surpreendentes, até mesmo sobre Macau, que merecem honras de debate.
Fernando Santos
Portugal sagrou-se campeão europeu de futebol, um marco inimaginável por muitos de nós (e dos franceses) quando a Selecção das Quinas iniciou o campeonato na fase de grupos. Primeiro foi o empate com a Islândia (1-1), seguindo-se desfechos idênticos com a Áustria (0-0) e a Hungria (3-3).
No “mata-mata” despachou a Croácia no prolongamento (0-1), a Polónia nos penalties (3-5) e o País de Gales no tempo regulamentar (2-0), tendo na final deferido a estocada decisiva na “besta negra”, a França, já no prolongamento (0-1).
Há várias ilações a retirar, mas fico-me por cinco: 1- Pela primeira vez, desde que acompanho os jogos de Portugal nas grandes competições internacionais, apesar de sagrar-se campeã, a Selecção não teve “vitórias morais” (perder, fazendo grandes exibições), muito menos foi a melhor equipa em campo na maior parte dos jogos que disputou. Em suma: ao contrário de outras ocasiões, não fez exibições brilhantes, por vezes até nem mereceu ganhar, mas ficou com o caneco porque desta vez sorriu-nos a estrelinha da sorte. Boa!
2- A Imprensa francesa provou todo o seu veneno, algo ao qual a Alemanha também não está imune, num autêntico eixo germano-gaulês que até no futebol – essa poderosa indústria – tentou a todo o custo empurrar Portugal para o abismo. Resta saber o que irá acontecer na União Europeia…
3- Milhões de portugueses devem pedir “desculpa” a Fernando Santos e a Cristiano Ronaldo pelas cerradas críticas nas redes sociais (e não só), essencialmente na fase de grupos, porque ambos provaram o quanto todos esses ditos portugueses estavam enganados.
4- Abstive-me sempre de comentar as exibições da Selecção, mas não contive a minha apreensão quando Fernando Santos disse que só voltaria a Portugal «no dia 11 de Julho» para «ser recebido em festa» como campeão europeu. Afinal de contas, ele bem sabia o que dizia!
5- As palavras incentivadoras de Cristiano Ronaldo a Éder – iria marcar o golo da vitória na final – têm tanto de sensacional, como de natural (pelo menos para mim). Sensacional, por se revelarem absolutamente certeiras. Natural, por Cristiano Ronaldo estar num patamar superior, não só ao nível da condição física, como também espiritual. Daí ter pressentido quem iria resolver a contenda.
Muito mais haveria a dizer sobre a derradeira parte, mas é notório o quanto as pessoas em geral olham apenas para Ronaldo como homem (rico, famoso, corpo invejável, etc.) e esquecem o Ronaldo espiritual (ser humano que está num patamar elevado ao nível do transcendente).
PEDRO DANIEL OLIVEIRA