Catedrais de Portugal
Inseridas em aglomerados urbanos, as catedrais assumiram e assumem um papel de destaque, e instituem-se como marcos referenciadores dos lugares e da cultura.
Enquanto templo máximo da diocese, já que é aí que o bispo tem a sua cadeira, cátedra permanente, constituem um exemplo extraordinário das tendências artísticas de cada época, com um período de excelência, o período gótico, que muitas vezes é designado, precisamente, pelo período ou estilo das catedrais.
O livro “Catedrais de Portugal”, edição dos CTT Correios de Portugal, pretende, precisamente, retratar os vinte e sete templos que se localizam no que é hoje o território português e que detêm ou possuíram o estatuto de Catedral. Estes edifícios, para além da sua função religiosa, são possuidores de uma riqueza arquitectónica de excelência, de uma monumentalidade e diversidade estética e de uma identidade de diferenciação própria relativamente a outros imóveis religiosos. Características que levam a que estas catedrais sejam merecedoras de uma referência especial.
Desde a época românica até ao século XX, foram sendo edificadas catedrais distintas, ao gosto ou estilo em voga de cada cultura local, constituindo um marco da cultura ocidental, já que, para além do valor artístico, evidenciaram a criatividade do homem na época medieval. Esta edição integra, para além da caracterização de cada uma das catedrais que foram sendo edificadas pelo território português, ao longo dos tempos, outros aspectos que não podem estar dissociados do tema que é abordado, nomeadamente, os principais estilos artísticos e arquitectónicos, apontamentos sobre a arquitectura religiosa e medieval, com destaque para o contributo da edificação de catedrais como elemento máximo dessa área da arquitectura, e o misticismo que envolve os espaços sagrados.
A simbologia intrínseca à sua construção e localização é imensa e diversificada, estando por detrás da sua execução, não só aspectos relacionados com o desenho, a volumetria e as proporções, mas também com o seu significado e função, a sua mensagem. No tocante à caracterização das catedrais, a edição apresenta uma descrição genérica de cada um dos templos, com referência a elementos identitários em termos artísticos, arquitectónicos e patrimoniais. É estabelecida a sua ligação à urbe e à história local e por vezes são dados a conhecer aspectos lendários que se interligam com o imóvel e a sua história.
As vinte e sete catedrais iniciam-se com a Sé de Viana do Castelo, a norte, e vão sendo dadas a conhecer até ao extremo sul de Portugal continental, culminando no território insular.
Para que o leitor possa ainda absorver de forma mais clara a evolução das edificações retratadas, em termos artísticos e temporais, a edição integra um friso cronológico com a indicação do início e términos de cada um dos templos, as várias fases de desenvolvimento e principais períodos de intervenção, em simultâneo com a alusão aos estilos arquitectónicos em voga, aos reinados e a alguns factos marcantes da História de Portugal. Como complemento, a obra apresenta também, para consulta, um breve glossário que permite ao leitor familiarizar-se com alguns termos técnicos, arquitectónicos, construtivos e religiosos, que fazem parte do “mundo das catedrais”.
Da mais antiga catedral, a de Idanha-a-Velha, à mais recente, a Sé Nova de Bragança, estes templos apresentam-se como marcos do tecido urbano onde se implantam e são, assumidamente, um património reconhecidamente singular.
A edição “Catedrais de Portugal”, numa perfeita associação de texto e imagens, traduz-se assim num circuito histórico e cultural por vinte e sete templos, enquanto elementos representativos da arquitectura religiosa na cidade e referencia cultural da mesma.
ANTÓNIO SARAIVA
In Clube do Colecionador