Não! Hoje não vou falar dos fenómenos de corrupção que têm vindo a alargar-se aos altos funcionários do aparelho de Estado de Portugal, porque um antigo investigador da Polícia Judiciária já disse tudo o que havia a dizer sobre este assunto. Segundo ele, o crime organizado infiltrou-se na gestão dos vários ministérios, exercendo pressões sobre os «centros de decisão política, económica e administrativa». Para combater esta “praga”, o antigo polícia propõe que se façam leis adequadas, que libertem as polícias das tutelas directas dos Governos. E, para responder a este apelo, o Governo português decidiu começar a nomear os funcionários de topo da Administração Pública, não pelo mérito avaliado em concurso público, mas pela pertença à área política da actual coligação governamental… Boa decisão! Quando houver mais escândalos, a somar aos que vamos sabendo, ficamos a saber quem os pratica…
Não! Hoje não vou falar dos candidatos a candidatos presidenciais, que se duvida se são ou não candidatos, porque quase toda a gente está farta de ouvir falar de um assunto que só é tema para 2016, quando estamos à porta (Setembro/Outubro) do que é verdadeiramente importante, ou sejam, as eleições legislativas. O que é interessante é o facto de alguns dos próprios partidos mais interessados nestas legislativas estarem, através da Comunicação Social, a estimular o aparecimento de candidatos presidenciais, destinados a “abater” como nos jogos de feira, atirando “bolas ao boneco”. Até parece que à falta de programas eleitorais convincentes que convençam o povo português de uma melhoria significativa deste “pobre” país, alguns partidos políticos estão a testar o apoio popular e uma eventual “vaga de fundo” a um candidato, que apareça como um “D. Sebastião”, capaz de criar uma profunda amnésia popular sobre a ineficácia das suas propostas eleitorais partidárias, em nome de um qualquer “salvador da Pátria” e, assim, com “uma cajadada matam dois coelhos”, ganhar as eleições legislativas e presidenciais, tentando igualmente fazer-nos esquecer que, no nosso país, o Presidente da República não tem quaisquer funções executivas…
Não! Hoje não vou falar de um outro Coelho, o que preside ao nosso Conselho de Ministros e que decidiu voltar à carga com a diminuição dos custos do trabalho para o patronato nacional, diminuindo os seus impostos. Assustado com a reacção popular que, em 2012, uma proposta semelhante teve, originando uma enorme manifestação popular e apartidária, que contestava então a diminuição dos impostos das entidades patronais através do aumento dos impostos a quem trabalhava, o nosso Primeiro-Ministro, depois de reduzir os impostos sobre o lucro das empresas, quer agora reduzir os seus custos sobre o trabalho, não aumentando os impostos aos trabalhadores… Observa-se: como o Estado não produz valor e a Segurança Social está economicamente de rastos, não permitindo que lhe sejam retirados mais meios financeiros essenciais à sua existência, o dinheiro para colmatar o “buraco” provocado por esta medida só pode vir do Orçamento de Estado, que é igualmente alimentado pelos impostos, ou seja, pelos contribuintes! Pergunta-se: se de facto a nossa estagnação económica se deve aos custos das empresas a operar em Portugal, não seria mais sensato diminuírem os custos de produção que as empresas têm com os elevados preços da energia que se estão a praticar? Deixem-se de “chinesisses” e ponham a EDP em sentido, ou será que por a terem privatizado estamos condenados a ser uma província chinesa?
Não! Hoje não vou falar sobre a difícil situação em que se encontram muitas famílias portuguesas que, com a necessidade de virem a acolher em suas casas os seus filhos desempregados e respectivas proles, vivem hoje com grandes dificuldades. A atestá-lo estão as penhoras que duplicaram no primeiro trimestre deste ano, assim como o aumento do sobre-endividamento das famílias, consequência do desemprego e da deterioração das condições económicas do trabalho que os conduziram à incapacidade de manterem a sua casa própria. Quem diz que estamos melhor, seria bom que fizesse melhor!
Mas há, finalmente, um assunto de que quero falar. Os espanhóis retiraram as suas objecções, por causa do mar das nossas Ilhas Selvagens (Madeira), à proposta portuguesa de alargar os nossos limites territoriais. Se a ONU aprovar, Cavaco Silva, que em breve será reformado, pode deliciar-se eternamente a ouvir o canto das cagarras das ilhas e orgulhar-se da “sua” grande vitória política, aumentando a soberania portuguesa das 200 milhas marítimas para as 350 milhas, reformulando o território português para 97% de água. Os 3% em falta… vão a caminho!
Luis Barreira