Beato Giuseppe Allamano a caminho da Santidade
Para o Beato Giuseppe Allamano, fundador do Instituto Missões Consolata em 1901 – que em breve será canonizado –, ser missionário não exigia outra coisa senão um grande amor a Deus e um compromisso pela salvação das almas. Este era um dos seus lemas: “Primeiro os santos e depois os missionários”.
Nascido a 21 de Janeiro de 1851 em Castelnuovo Don Bosco (nome antigo: Castelnuovo d’Asti) e falecido a 16 de Fevereiro de 1926 em Turim, este sacerdote, que literalmente “dedicou a sua vida aos outros”, foi pioneiro na produção da imprensa católica (tendo, em 1899, começado a publicar o mensário La Consolata) e envolveu-se em diversas obras sociais, sendo o responsável pela abertura de escolas e hospitais e o envio de inúmeros missionários para África.
Os primeiros padres chegaram ao Quénia em 1902, e em oito anos Giuseppe alargaria a sua missão às mulheres, surgindo assim as Irmãs Missionárias da Consolata. Devido ao número crescente da população cristã naquele país, tornou-se bastante claro que a curto prazo não haveria sacerdotes e irmãos suficientes para atender às necessidades pastorais das populações. O padre Allamano expressou esta profunda preocupação ao Papa Pio X durante uma visita a Roma em 1912, exortando-o a fazer algo. Sugeriu que o Santo Padre estabelecesse um dia missionário anual para despertar as vocações missionárias. Entretanto, a guerra irrompe nos Balcãs e as propostas são adiadas. Durante todo o primeiro conflito mundial, Giuseppe Allamano trabalhou para ajudar os refugiados e a sua ideia de dedicar um dia anual ao labor missionário acabaria por surgir em 1927, quando o Papa Pio XI instituiu o Dia Mundial das Missões.
Segundo um relatório da Santa Sé, datado de 23 de Maio último, o Papa Francisco aprovou o decreto que atribui ao fundador dos Missionários da Consolata o milagre de curar um indígena da floresta amazónica, que após ter sido atacado por uma onça fôra assistido por seis freiras e um missionário da Consolata. No decorrer do acto de assistência àquele seu irmão em perigo de vida, invocaram o Beato Allamano, colocando uma das suas relíquias ao lado do ferido, logrando assim obter o milagre. «Este é um momento muito esperado por todos nós», afirmou o padre James Lengarin, IMC, superior geral dos Missionários da Consolata, que nessa altura se encontrava em Bogotá para a XIII Conferência Regional da Ordem religiosa. O padreLengarin, natural do Quénia, eleito há um ano, é o primeiro Superior Geral de origem africana a ocupar tal cargo.
A Conferência realizada na Colômbia abordou três grandes temáticas, duas delas delineadas pelo cardeal D. Luis José Rueda Aparicio, arcebispo de Bogotá, primaz da Igreja na Colômbia e presidente da Conferência Episcopal. Salientou-se, acima de tudo, a extrema importância da implementação do projecto governamental “Paz Total”, pois enquanto elementos da Igreja os Missionários da Consolata mantêm uma “atitude profética, paciente e confiante”, gerando fraternidade, confiança e esperança; promovendo o diálogo e facilitando o encontro. Consideram-se até “a componente espiritual” de toda a equação. Depois, houve ainda a situação ambiental a ter em conta. Os Missionários da Consolata estão atentos à ecologia integral que “cuida do ser humano e da Casa Comum”, conscientes de que tudo está interligado. Finalmente, as reformas sociais. Solidariedade com os excluídos e os discriminados, sempre!, pugnando por “uma mudança, uma conversão de mentalidades, de estilos e de práticas políticas e sociais”.
Presentes em trinta países, actuando em 231 comunidades e contando com a ajuda e mais de um milhar de “homens e mulheres vocacionado para servir os seus semelhantes”, os Missionários da Consolata constituem uma comunidade católica de cerca de novecentos irmãos e sacerdotes oriundos de quatro diferentes continentes. Todos eles dedicam a sua vida à proclamação da Boa Nova conforme o ordenado nos Evangelhos: «Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda a Criação». Ademais, os Missionários da Consolata dedicam-se à sua missão de forma total, sem quaisquer compromissos adicionais e “libertos de quaisquer outros relacionamentos”, fazendo, por isso, três votos: pobreza, castidade e obediência, “sob a influência das bem-aventuranças evangélicas”. Para eles este não é um compromisso temporário, mas para toda a vida.
O foco destes missionários está no mundo inteiro; em todos os povos, testemunhando assim a universalidade da Igreja e do Cristianismo. Este “ir além” expressa-se sempre, onde quer que o missionário se encontre, pois é necessário superar não só as fronteiras territoriais, mas também as raciais, culturais, sociológicas e religiosas, no sentido de que se deve prestar atenção “não só para aqueles que vivem perto de nós, mas também os que estão longe de Cristo e da Igreja”.
Os Missionários da Consolata foram inspirados por Maria, mãe de Jesus. Tal como Maria – que veneram com o título de Consolata – também eles querem levar ao mundo a verdadeira consolação, “que é Jesus e o seu Evangelho”. Como forma de cumprir a sua missão, fazem companhia às pessoas marginalizadas e abandonadas, confortam os sofredores e aflitos, curam os enfermos, realizam a promoção humana a diversos níveis, e defendem os Direitos Humanos através da defesa e promoção da justiça e da paz.
Joaquim Magalhães de Castro