São José, um santo para todos
O mês de Março de cada ano é o mês de São José, “pai” de Jesus, esposo de Maria e Padroeiro da Igreja universal. Entre os santos, São José é altamente significativo para os crentes em Jesus.
A VIDA DE SÃO JOSÉ –Tradicionalmente, São José é retratado como um venerável ancião. Embora nada seja dito sobre a sua idade nos Evangelhos, parece provável que tivesse cerca de 25 anos quando se casou com Maria, que era muito mais jovem. Morreu, presumivelmente, antes do ministério público de Jesus.
Os Evangelhos contam-nos alguns factos significativos sobre São José, descrito como um homem justo ou recto.
No Antigo Testamento, «um homem justo», a partir de Abraão, é o símbolo de uma pessoa santa, enquanto no Novo Testamento é o símbolo de «um crente» (Bento XVI, “The Infancy Narratives” – “Narrativas da Infância”). Um homem justo significava então um homem santo, um homem abençoado, um homem feliz, um homem de fé totalmente fiel à missão que Deus lhe confiou. São José é um homem justo, isto é, totalmente obediente a Deus, à missão que Deus lhe confiou: ser esposo de Maria, pai legítimo e adoptivo de Jesus, cabeça e sustento da Sagrada Família.
José está noivo de Maria, a sua futura esposa, mas ainda não se casou com ela. (O noivado significava que eram como marido e mulher, geralmente durante o período de um ano, mas ainda não exerciam os direitos de marido e mulher). Percebeu José que Maria estava grávida. O que fazer? Ele decide não expô-la publicamente – como poderia pela Lei – mas, sim, guardá-la em segredo. José escolheu o caminho privado, longe dos olhares do público, porque era «um homem justo». No entanto, não pôde levar a sua decisão por diante. Deus tinha outros planos que lhe foram descritos em quatro sonhos (cf. Papa Francisco, Carta Apostólica Patris Corde).
No primeiro sonho, um anjo diz-lhe que a criança no ventre de Maria é obra do Espírito Santo e que lhe dará o nome de Jesus, que significa «aquele que salva» (Mt., 1, 20-21. 24). No segundo sonho, José é convidado a fugir para o Egipto para proteger Jesus das mãos assassinas de Herodes (Mt., 2, 13-15). No terceiro sonho, o anjo de Deus pede a José que volte com Jesus e Maria para a terra de Israel (Mt., 2, 19-21). No quarto e último sonho, o esposo de Maria é convidado a ir para a Galileia, para Nazaré (Mt., 2, 22-23).
Outro acontecimento importante na vida de José é a perda e o reencontro com Jesus no templo de Jerusalém. Bento XVI comenta: “Depois de procurá-lo, por três dias dolorosos, Maria e José encontram Jesus no Templo conversando com os doutores da lei. Maria exprime a sua angústia quando se dirige ao filho: ‘Teu pai e eu te procurávamos ansiosamente’ (cf. Lc., 2, 41-51). Jesus a corrige: estou com meu Pai. Meu pai não é José, mas outro – o próprio Deus. É a ele que pertenço e aqui estou com ele. A filiação divina de Jesus poderia ser apresentada com mais clareza” (“Narrativas da Infância”).
Por meio destes eventos misteriosos, José, “o pai nas sombras”, não disse nada, nem uma palavra falada. No entanto, proferiu a palavra mais convincente: a sua vida coerente, as suas boas acções, a sua total obediência a Deus e a extrema fidelidade à sua missão. Enquanto Maria é a discípula dos discípulos, José também é um discípulo único depois de Maria. É por isso que José é o Patrono da Igreja universal.
SIGNIFICADO DE SÃO JOSÉ –Durante o ano de 2021, a Igreja celebrou o Ano de São José para comemorar o 150.º Aniversário da declaração de São José como Padroeiro da Igreja universal. O Papa Francisco declarou o Ano de São José na sua Carta Apostólica Patris Corde– com Coração de Pai. O Ano de São José começou a 8 de Dezembro de 2020 e terminou a 8 de Dezembro de 2021. Nesta linda Carta, o Papa convida todos os cristãos a tomarem consciência doutrinária e prática do significado de São José no mistério da encarnação e redenção. Bento XVI convidou-nos a sermos profundamente devotos do chefe da Sagrada Família de Nazaré. O Papa Francisco concentrou na Carta – muito significativa e inspiradora – a paternidade especial de José e esmiuçou sete características da sua paternidade única: José é (1) um pai amado, (2) um pai terno e amoroso, (3) um pai obediente, (4) um pai que aceita (5) um pai criativo e corajoso, (6) um pai trabalhador e (7) um pai nas sombras.
São José foi declarado Patrono da Igreja Católica (Papa Pio IX), Patrono dos Trabalhadores (Papa Pio XII), Guardião do Redentor (Papa João Paulo II) e Padroeiro da Morte Feliz (Catecismo da Igreja Católica nº 1014). O Papa Francisco apresenta São José, como Patrono do trabalho digno, Guardião da Igreja e Protector dos infelizes, necessitados, exilados, aflitos, pobres e moribundos. No nosso tempo, em que muitas vezes os migrantes são “descartados” e não respeitados, é urgente sublinhar o novo título que o Papa Francisco deu a São José: Patrono dos Migrantes. O Papa descreve São José como “santo padroeiro especial para todos aqueles que devem deixar seu país por causa da guerra, ódio, perseguição e miséria”.
Os santos têm uma notável devoção a São José. Um exemplo: Santa Teresa de Ávila! Quando era jovem freira, Teresa estava muito doente; quase morreu. Segundo contou, foi a muitos médicos e curandeiros, mas sem sucesso. Por fim, e após o fracasso dos médicos e curandeiros “terrenos”, Teresa dirigiu-se ao médico “celeste” São José, que a curou. Teresa sentia que o glorioso São José a ela tudo concedia. A monja carmelita acrescenta nos seus escritos: “Parece que o Senhor deu a outros santos a graça de curar uma necessidade, mas a São José as graças – como eu experimentei – de socorrer todas as necessidades” (“Livro da Vida”, capítulo 6).
Somos chamados por São José, Patrono universal da Igreja e, portanto, nosso patrono e guia, a acreditar em Deus, a confiar sempre Nele, a fazer a Sua vontade, mesmo quando o sofrimento e as provações nos visitam: ser “justos”, mulheres e homens santos.
A façanha de São José cai dentro do tempo penitencial da Quaresma. O Papa Francisco encoraja-nos: «Basta pedir a São José a graça das graças: a nossa conversão».
Pe. Fausto Gomez, OP