Mais vale rir do que chorar!

Com os europeus mais satisfeitos com o resultado eleitoral na Holanda, que retirou à extrema-direita a possibilidade de sair vencedora e deu à direita (que às vezes também é extrema…) o direito a formar Governo, em coligação com outros partidos holandeses, a Europa respirou fundo. No entanto, ainda contém a respiração e os sorrisos até às eleições francesas, pese embora o candidato Macron esteja, de acordo com as sondagens, a posicionar-se um pouco mais à frente do que a famigerada Marine Le Pen.

Outra novidade europeia desta semana, de um processo que há muito se conhece, foi a decisão da Primeira-Ministra da Grã-Bretanha em anunciar que o “Brexit” começará a ser colocado em negociação com a União Europeia a partir do final deste mês de Março. Como na anedota dos dois burros que querem comer a palha que está no meio dos dois, ambos os parceiros (UE versus GB) vão puxar cada uma das extremidades da corda para ver quem é que obtém mais “palha”. Só espero que não façam como os jumentos que, puxando cada um para seu lado e à força de querem a exclusividade da palha, acabaram por nada comerem.

Em Portugal, para além dos “folhetins” habituais da: Caixa Geral de Depósitos (SMS, balcões que vão desaparecer, créditos de duvidoso recebimento e companhia); Banco Espírito Santo (Ricardo Salgado julga-se injustiçado); “off-shores” (que “ninguém” sabia…); Banif (lesados que protestam); Novo Banco (vende-se ou não se vende?); José Sócrates (o adiado por uns e odiado por outros) e um novo caso chamado Montepio (em desenvolvimento…), a atenção mediática vai para a decisão de Passos Coelho na designação do candidato do partido em Lisboa, nas cada vez mais próximas eleições autárquicas portuguesas (Setembro/Outubro de 2017).

Após longos meses de espera que o Partido Social Democrata apresentasse o seu candidato à maior e talvez à mais importante câmara do País, aproveitados por Assunção Cristas (CDS) para se lançar sozinha nesta competição, na expectativa de que o seu habitual companheiro de coligação (Passos Coelho) a viesse a apoiar, o presidente do PSD não o fez e toda a gente ficou a pensar, como diria Marques Mendes, que ele tirasse um super-candidato da “cartola”. Tal não aconteceu!

Passos não tinha mais “coelhos” na cartola e decidiu-se por “uma” Coelho, para que o seu nome continuasse a ser lembrado nos anais da história portuguesa, associando-se à nossa tradicional gastronomia de “coelho à caçadora”. Teresa Leal Coelho, deputada do PSD e vereadora da Câmara Municipal de Lisboa (onde ia muito poucas vezes), foi a eleita do seu amigo pessoal Passos Coelho.

Não sendo uma figura desconhecida dos ecrãs televisivos e de alguns debates parlamentares, toda a gente se interroga (até gente do PSD…) sobre a possibilidade desta candidata vir a ser eleita.

Pior do que isso! As dúvidas sobre o sucesso desta candidatura colocam a hipótese de que ela, face ao favoritismo exponencial dos lisboetas pelo seu actual presidente da câmara do Partido Socialista (Fernando Medina) e das aspirações de Assunção Cristas em demonstrar-se como a verdadeira líder do CDS, tentando fazer crescer os apoiantes do seu partido, Teresa Leal Coelho venha a obter um “honroso” terceiro lugar, atrás do PS e do CDS, ou seja, uma “medalha de bronze”.

Reconhecendo-se que estas eleições autárquicas têm, para além da sua particular importância local, um significado mais vasto a nível nacional, não apenas porque se trata da importante câmara da capital, como o seu resultado global pode colocar em risco a actual expressão eleitoral do PSD, a determinação de Passos Coelho, se a candidatura correr mal, vai dar origem a uma profunda remodelação dos quadros dirigentes deste partido (a começar pelo seu presidente).

Não sei se Passos Coelho concluiu a mesma coisa mas a sua recente frase a este propósito: «Para ganhar é preciso não ter medo de perder», tem algum significado. Afinal, ele afirma-se sempre como um homem sem medo.

Se, como é expectável, Fernando Medina for o candidato do PS para a Câmara Municipal de Lisboa e o seu favoritismo nas sondagens se mantiver, a luta vai ser entre Coelho e Cristas, para saber qual delas é que vai sair rainha da “capoeira”.

Em relação a tudo isto e mau grado os problemas deste Governo em “limpar” o caos bancário que herdou, as investidas negativas das agências de “rating” e as provocações internacionais das declarações do ministro das Finanças alemão, o Primeiro-Ministro António Costa sorri.

Há quem diga que tem excesso de optimismo, outros dizem que, perante os problemas que tem tido pela frente, sorri para não chorar.

Eu diria que mais vale rir do que chorar!

LUIS BARREIRA

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