Lutemos contra a barbárie

Por muito complicada que seja a situação política em Portugal, merecendo uma atenção especial de todos os portugueses, nada se assemelha aos graves acontecimentos registados na última sexta-feira em Paris.

Horror, medo, pânico, mágoa, raiva e vingança, são muitos dos sentimentos que nos assaltam perante a carnificina cometida por bárbaros assassinos de inocentes, para quem a morte de um ser humano desceu ao nível de uma banal atitude quotidiana, em nome da obediência a uma consciente promessa de fé religiosa, num “Deus” odiosamente bárbaro.

Estados Unidos, Síria, Tunísia, Iraque, Turquia, Egipto, Bombaim, Afeganistão, Paquistão, Londres, Madrid, Paris, entre outras cidades e países africanos e asiáticos, em que a crueldade destes seguidores de um certo ramo do Islão tem causado o horror das populações, deveriam constituir um exemplo para um mais completo combate a esta abominação do humanismo que deve caracterizar o planeta do século XXI. O mundo, em particular o mundo ocidental, vê-se hoje e mais uma vez no drama de chorar mais de uma centena de mortos e centenas de feridos, vítimas de um só “pecado”, o de não professar a crença destes facínoras e continuar numa indefensável situação face a novas ameaças.

É tempo de compreender, para além das hipocrisias políticas e diplomáticas que se seguem a estes atentados, que não estamos perante criminosos vulgares, a lutar pelos seus interesses económicos pessoais, embora os seus dirigentes se confundam na amálgama dos seus verdadeiros objectivos. Também não estamos perante um corpo de mercenários a soldo de fortunas ou de notoriedade criminosa, embora as suas acções lhes proporcionem a “felicidade no paraíso”. Estes abomináveis facínoras querem verdadeiramente destruir a nossa sociedade.

Quem se faz explodir, para matar não importa quem, é gente nomeadamente jovem, instrumentalizada por uma doutrina religiosa dogmática e sequiosa de sangue, capaz de arrebatar a irreverência e indigência social de muitos jovens, tornando-os carrascos de uma população indefesa.

Independentemente dessa necessidade permanente, vai sendo tarde para tratar da recuperação económica, social e moral dessa gente excluída das nossas sociedades ocidentais – a origem da maior parte daqueles a quem hoje chamamos de terroristas e para os quais a integração não passou de ocas palavras dos discursos políticos eleitorais, enquanto a nossa resposta ocidental, para o resto do mundo, se resumiu a uma exploração dos recursos humanos que a pobreza proporcionou.

Agora, o mundo ocidental e, no caso concreto, a Europa onde nos situamos está em guerra. Está em guerra pela defesa do nosso património cultural e cívico. Está em guerra contra aqueles que não respeitam os nossos valores morais, a nossa liberdade de escolha e o humanismo que deve prevalecer a todas as ideologias e crenças, mesmo religiosas, que devem ser admitidas nas nossas sociedades. Se tudo isto um dia desaparecer, morreremos ao perder a nossa identidade.

Por todo este conjunto de situações que nos são caras o combate à barbárie tem de ser duro, sacrificando algum do nosso bem-estar e a forma como o nosso universalismo, tolerância e pragmatismo político contempla as ideias e os actos que comprometem a nossa civilização.

Perante o medo que assola a nossa população, consequentemente aumentado com a chegada de muitos milhares de muçulmanos à Europa, também eles fugidos da guerra, os discursos apaziguadores de circunstância não chegam para nos serenar, ao mesmo tempo que aplaudir ou incentivar as manifestações de xenofobismo e racismo contra todos os muçulmanos são uma rejeição dos valores morais que pretendemos defender.

É preciso agir na frente externa e interna. É necessária, entre muitas outras atitudes, uma estratégia militar no terreno usurpado por este pretenso “Estado islâmico”, que tenha como objectivo principal a sua extinção e forçar Estados, como a Arábia Saudita e o Qatar, a condenar publicamente estes acontecimentos e denunciar quem financia, do ponto de vista económico, logístico e confessional, estes algozes.

No plano interno, para além de uma segurança reforçada e muito mais eficaz, é fundamental que os líderes religiosos da comunidade muçulmana residente na Europa sejam os primeiros na linha pública de luta contra estes extremistas, para além de se prender todos aqueles que incentivam tais actos e conduzir as comunidades que vivem entre nós, com práticas contrárias e antagónicas aos nossos princípios civilizacionais, a assumir a sua integração no quadro de valores que nos orientam.

Se o medo e a indiferença nos paralisarem, as novas gerações não nos perdoarão!

LUIS BARREIRA

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