Orgulho e voluntariado.
Como já é tradição, são muitas as bandeiras que dão cor aos santuários marianos espalhados pelo mundo, não sendo Fátima excepção. O CLARIM teve a oportunidade de ver as bandeiras de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Timor-Leste a esvoaçarem entre a multidão que encheu o Santuário de Fátima.
Na adro da Basílica da Santíssima Trindade cruzamo-nos com o timorense Adelino Pereira Fátima, estudante no Instituto Politécnico de Tomar. Perguntamos-lhe as motivações que o fazem participar nas comemorações do Centenário das Aparições. Responde: «Sou católico. Hoje é um dia único. É 13 de Maio e o Papa está em Fátima nos cem anos das aparições. Sinto muito orgulho».
Sempre agarrado à bandeira de Timor-Leste, Adelino explica que herdou o apelido “Fátima” do pai, sendo que desconhece de onde terá surgido inicialmente.
Segundo ele, «Nossa Senhora de Fátima é muito acarinhada pelos timorenses. A Igreja Católica também lutou pela nossa independência. Noventa por cento dos timorenses são católicos».
Adelino não esconde a emoção de ter visto o Papa Francisco ao vivo, uma vez que «até agora só na televisão».
A dificuldade sentida na adaptação a Portugal – «viemos encontrar um ambiente diferente daquele a que estamos habituados» – foi colmatada pela Religião Católica, que já professava em Timor-Leste.
Hoje a principal barreira é a língua portuguesa. «Conquistámos a independência há pouco tempo. A maioria das pessoas estudaram em Bahasa. Actualmente ensinam Português nas escolas, mas em casa falamos uns com os outros em Tétum», refere, enquanto regressa para junto de um grupo de amigos.
Apoio aos peregrinos
Entre as inúmeras organizações ligadas ao voluntariado que estiveram em Fátima, destacava-se o vermelho dos casacos do Corpo de Voluntários da Ordem de Malta em Portugal.
Pedimos para conversar com o responsável de serviço, Augusto Pinto Osório, hospitaleiro da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da Ordem Soberana e Militar de Malta.
Depois de nos revelar que tem «um primo a viver em Macau», explica-nos que o grupo que lidera presta «apoio aos peregrinos fora do Santuário de Fátima, tanto físico como espiritual. Temos médicos e enfermeiros para a parte física, e um grupo de sacerdotes para a parte espiritual. Montamos postos a norte e a sul do País. A norte já o fazemos há 41 anos, enquanto a sul só há quatro anos, depois de termos sido alertados para o facto de não haver organizações dedicadas a esse trabalho. Este ano também começámos a operar no distrito de Bragança. Temos em campo centenas de voluntários, desde pessoas que cozinham até aos médicos e enfermeiros, passando pelos escuteiros».
Os números entretanto veiculados apontam para um decréscimo do número de peregrinos em relação a outros anos, o que no entender de Augusto Osário pode ser explicado com a opção de algumas pessoas terem «ido para a estrada uns dias antes, havendo quem aproveitasse os fins-de-semana».
O trabalho dos voluntários da Ordem de Malta é exterior ao Santuário, pelo que as tarefas executadas no interior do recinto são atribuídas pela Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima.
De fugida, porque a tarefa de coordenar a equipa assim o exige, Augusto Osório confessa que não esteve com atenção às cerimónias. «Estive ao serviço e de facto não estive presente. Quando chegar a casa vejo as cerimónias na televisão. Podia estar sentado na colunata com os confrades da Ordem, mas acho que a minha obrigação é estar com os voluntários», concluiu.
José Miguel Encarnação