Cristãos precisam da nossa ajuda
Milhares de pessoas perderam tudo de um dia para o outro. As suas vidas sofreram um verdadeiro terramoto. Agora dependem exclusivamente da ajuda humanitária.
Regina Lynch, directora de projectos da Fundação AIS, esteve recentemente no Iraque para ajudar a definir, com as estruturas da Igreja local, a melhor estratégia para apoiar estes milhares de refugiados. O que viu deixou-a impressionada:
«A vida deles está completamente virada do avesso. Os refugiados estão a abrigar-se em igrejas, alguns deles estão em parques, a viver em tendas. Nesta altura do ano, as temperaturas atingem os 45 graus. São condições muito difíceis. Conhecemos uma família que demorou cinco horas a fazer uma viagem que normalmente demoraria uma hora e meia. Eram 24 pessoas numa carrinha que transporta oito no máximo. Isto mostra a forma desesperada como as pessoas tiveram de abandonar a região. Há pessoas a viver em abrigos e que estão a ser registadas neste momento. Há muitos a viver com familiares em casas sobrelotadas. É difícil ter um número exacto, mas sabemos que há cerca de 70 mil refugiados à volta de Ankawa e 60 mil nas áreas a norte de Mossul. Mas a todo o momento há pessoas a chegar, famílias a bater à porta, à procura de lugar para ficar».
Regina Lynch não se vai esquecer do sentimento de impotência e de desespero que encontrou entre os refugiados. «As pessoas estão traumatizadas porque aconteceu tudo muito rápido. Os cristãos em Mossul, por exemplo, achavam que o exército do Governo ia protegê-los. Foi um choque para eles».
Sem exército nem milícias, os cristãos não têm ninguém a acudi-los. Apenas a Igreja procura ajudá-los, mas é como tentar conter uma enxurrada. Todos os dias aparecem mais e mais famílias destroçadas, incapazes de voltar atrás, de recordar os momentos de terror por que passaram, descalços, caminhando quilómetros sob o sol abrasador, sem água, sem alimentos.
Depois de Mossul, foi a vez de Kirkuk cair nas mãos dos jihadistas. Em todos os lugares ocupados pela força, deixaram sempre um rasto de violência. É difícil imaginar tanta atrocidade. É uma guerra de terror. Os jihadistas fazem questão de mostrar o que são capazes de fazer para fragilizarem ainda mais os inimigos.
D. Louis Sako, patriarca católico dos Caldeus, dirigiu-se particularmente aos benfeitores da AIS. «Todos nós temos de agir porque não podemos ficar indiferentes diante desta catástrofe. O patriarca caldeu do Iraque tem sido, nestes dias de holocausto, a voz dos que perderam tudo, o grito de alarme para que o mundo acorde da sua letargia e faça alguma coisa por estes milhares de cristãos em sofrimento; já organizámos uma Jornada Mundial de Oração pela Paz no Iraque, mas isso não basta. Já enviámos mais de 200 mil euros para ajudar os refugiados, mas isso não chega. É preciso mais».
Os cristãos do Iraque precisam da nossa ajuda agora! Precisam de saber que nós não os abandonámos. Com a nossa oração e generosidade podemos minorar o sofrimento dos cristãos no Iraque.
As famílias iraquianas precisam desesperadamente da nossa ajuda, material e moral. Do muito que temos, demos muito; se temos pouco, demos pouco, mas não esqueçamos que há quem não tenha mesmo nada.
Hoje – eles; amanhã – nós.
Maria Fernanda Barroca
Professora