IGREJAS FECHADAS PELO SEGUNDO DOMINGO CONSECUTIVO

IGREJAS FECHADAS PELO SEGUNDO DOMINGO CONSECUTIVO

Comunhão pós-missa aquém das expectativas

As igrejas e demais templos católicos de Macau vão continuar encerrados pelo segundo fim-de-semana consecutivo, mas os responsáveis pela diocese local estão esperançados de que a cautelosa normalidade em que o território esteve mergulhado ao longo do último ano e meio possa ser restabelecida, o mais depressa possível.

No final da semana passada, a Diocese ordenou o encerramento das igrejas depois da Direcção dos Serviços de Saúde ter identificado quatro infectados locais pela variante Delta do novo coronavírus. Desde então, as autoridades testaram praticamente toda a população de Macau e o facto de não terem sido descobertos novos contágios levou o Governo a suspender o “estado de prevenção imediata” que se encontrava em vigor. Apesar do anúncio, uma boa parte da actividade económica encontra-se ainda paralisada por prerrogativas que abrangem também práticas e actividades religiosas. «No que diz respeito à previsão de reabertura das igrejas, vamos seguir as instruções do Governo», esclarece o padre Daniel Ribeiro, vigário paroquial da Sé Catedral para a comunidade de língua portuguesa. «Se não estou errado, até ao dia 18 de Agosto os grandes eventos estão cancelados, o mesmo acontecendo com as actividades nos ginásios, nos templos e noutros espaços religiosos. Do Governo ainda não recebemos qualquer indicação concreta. Algumas pessoas dizem que a normalidade pode ser reposta antes ainda do dia 18, mas quando há mudanças deste género a iniciativa tem de partir do Governo e a Igreja limita-se a seguir as indicações. Até ao momento, não há nenhuma previsão em termos concretos», assume o sacerdote.

O encerramento, pela segunda vez no período de ano e meio, das igrejas de Macau obrigou a Diocese a divulgar mais intensamente as transmissões “online” e a reduzir o número de serviços disponibilizados. No entanto, os fiéis receberam com grande afabilidade as indicações do Governo e compreendem as decisões adoptadas pela Cúria Diocesana, garante o padre Daniel Ribeiro. «As pessoas estão acostumadas a participar na missa e comentam que, mesmo havendo missa “online”, nada se compara à missa presencial. As pessoas sentem falta da Igreja, perguntam-me quando é que as actividades normais vão ser retomadas, mas de um modo geral existe uma grande compreensão». Mais: «no fundo, as pessoas entendem que as decisões tomadas têm por objectivo prevenir males maiores. Foram tomadas para o bem de todos. A comunidade católica de Macau é muito pacífica e aceita com facilidade este tipo de coisas, principalmente as que não podem ser mudadas. Aceitaram estas circunstâncias de forma pacífica, apesar de sentirem falta da Igreja e saberem que a missa “online” não é exactamente a mesma coisa que a missa presencial, até porque não permite que a Sagrada Eucaristia seja distribuída».

COMUNGAR, SÓ AO DOMINGO

Apesar das igrejas terem fechado as portas, a diocese de Macau reabilitou uma prática que já tinha adoptado durante o ano passado, garantindo a distribuição da Sagrada Comunhão logo após o final da Missa Dominical. No passado dia 8 de Agosto, sacerdotes e ministros distribuíram a Sagrada Comunhão no exterior das igrejas de São Domingos, São Lourenço, Santo António e de Nossa Senhora do Carmo, mas a iniciativa ficou aquém das expectativas. «O número de pessoas que procuraram receber o Sacramento da Eucaristia na igreja de São Domingos, depois da missa dominical, foi baixo. Uma das razões talvez seja o facto de que a maior parte das pessoas não moram perto da igreja e optaram por vir em outro horário. Há quem se tenha deslocado à igreja para receber a Eucaristia durante o período da tarde», explica padre Daniel Ribeiro, acrescentando: «o número de pessoas foi menor do que o esperado. Durante a semana, os fiéis não têm a possibilidade de receber a Sagrada Eucaristia. A administração deste Sacramento acontece apenas após a missa dominical».

Segundo o sacerdote, outros Sacramentos – como a Confissão ou a Extrema Unção – não foram suspensos, mas têm de ser solicitados junto dos diferentes serviços paroquiais. «No que diz respeito aos outros Sacramentos, a Secretaria Paroquial do Cartório da Sé Catedral e os serviços análogos das demais paróquias continuam abertos. As pessoas que querem receber a Confissão, normalmente procuram a Secretaria Paroquial e confessam-se com o padre, no gabinete do padre, uma vez que as igrejas estão fechadas», nota o missionário dehoniano. «Caso haja pessoas a necessitar da unção dos enfermos, estas podem procurar a igreja para esse efeito. No caso dos baptizados, não há baptizados a realizarem-se durante este período de tempo», clarifica.

Embora a Diocese ainda não tenha recebido qualquer indicação do Governo que leve à abertura das igrejas, o padre Daniel Ribeiro está convicto que as actuais circunstâncias não vão impedir que a catequese seja reatada, como previsto, em meados do próximo mês. «O retorno da catequese está programado para a segunda quinzena de Setembro. Não estamos a ponderar qualquer mudança. Consideramos que as actuais circunstâncias não vão afectar o retorno da catequese de nenhuma forma», concluiu.

Marco Carvalho

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