Papa encoraja jovens a proporem uma nova economia
O Papa Francisco exortou os jovens da Fundação “Economia de Francisco” a mudar o mundo da economia, «amando-o, à luz de Jesus», tendo sublinhado os desafios que enfrentarão num mundo ameaçado por guerras e armas.
«O mundo da economia está a precisar de mudança. Não o mudareis apenas tornando-vos ministros, ou Prémios Nobel, ou grandes economistas – tudo coisas boas –; mudá-lo-eis sobretudo amando-o, à luz de Deus, injectando nele os valores e a força da bondade, com o espírito evangélico de Francisco de Assis», afirmou Francisco, durante a tradicional audiência semanal das quartas-feiras.
O Papa recebeu uma delegação de jovens economistas da “Economia de Francisco”, cujo movimento tem o objectivo de repensar o modelo económico actual, agradecendo-lhes pelo trabalho desenvolvido ao longo destes cinco anos, «que ultrapassou expectativas», e assinalou que agora começa uma nova fase.
«Esta vossa bela realidade deve crescer, tornar-se mais forte, chegar a cada vez mais jovens e dar os frutos típicos do Evangelho e da bondade», destacou.
Segundo Francisco, «não são os grandes e os poderosos que mudam o mundo para melhor: é o amor que é o primeiro e maior factor de mudança».
O Papa lembrou o exemplo de São Francisco de Assis que, «despojando-se de tudo por amor a Jesus e aos pobres, deu também um novo impulso ao desenvolvimento da economia», ao referir que por essa razão decidiu «fazer girar todo o movimento da “Economia de Francisco” em torno do Santo».
No discurso, Francisco deixou três desafios aos jovens: a serem testemunhas, a não terem medo e a esperarem sem se cansarem: «Sejam testemunhas. Se querem que outros jovens se aproximem da economia com os vossos ideais, aqueles que vocês e eu subscrevemos no Pacto de Assis de 24 de Setembro de 2022, é o vosso testemunho de vida que os atrairá. Sejam coerentes – a coerência é algo que não está na moda! – nas vossas escolhas».
O Papa impeliu jovens a serem «apreciados pelos projectos e realizações» e «não para se tornarem muitos e poderosos, mas para transmitirem a muitos aquilo que receberam, ou seja, a “boa notícia” de que, inspirados pelo Evangelho, até a economia pode mudar para melhor».
«Não tenham medo» foi o segundo convite do Papa, que repetiu ainda as palavras que proferiu na JMJ Lisboa 2023: «Não sejais administradores de medos, mas empresários de sonhos».
«Levem os sonhos para a frente. Há tanto para fazer, temos de ousar palavras novas: os cristãos sempre o fizeram, nunca tiveram medo do novo. Eles sabem que Deus é o Senhor da história. Dói-me ver aqueles cristãos que se escondem nas sacristias porque têm medo do mundo. Esses não são cristãos, são “reformados” derrotados», salientou.
Por último, o Papa Francisco desafiou os jovens a esperarem sem se cansarem, frisando que «não é fácil propor uma nova economia num contexto de novas e velhas guerras, enquanto a indústria do armamento prospera, ao mesmo tempo que retira recursos aos pobres».
«Sabiam que, nalguns países, os investimentos que dão mais rendimento são as fábricas de armas? Lucro para matar. Nestes casos, a democracia é ameaçada, o populismo e a desigualdade crescem e o planeta fica cada vez mais ferido. Não é fácil, de facto é muito difícil», lamentou.
No final da intervenção, o Papa Francisco deixou uma palavra de «coragem» aos jovens do movimento “Economia de Francisco”, lançado em 2019: «Se forem fiéis à vossa vocação, a vossa vida florescerá, terão histórias maravilhosas para contar aos vossos filhos e netos».
SANTA SÉ PEDE PAZ NAS NAÇÕES UNIDAS
Logo no início da semana, o secretário de Estado do Vaticano apelou à paz, à eliminação da pobreza e à regulamentação da inteligência artificial, no discurso que proferiu na 79.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
«Um futuro pacífico e próspero requer vontade política para utilizar todos os meios possíveis para alcançar o desenvolvimento sustentável: a reforma das instituições financeiras internacionais, a reestruturação da dívida e a implementação de estratégias de cancelamento da dívida», disse o cardeal D. Pietro Parolin, na passada segunda-feira, em Nova Iorque.
O responsável explicou que «a eliminação da pobreza» deve ser um objectivo prioritário e afirmou que «desenvolvimento é o nome da paz», e que a procura pela paz requer a «implementação de um desarmamento geral e, em particular, a eliminação total das armas nucleares».
Na ocasião, apelou: «Devemos deixar de lado as restritas considerações geopolíticas e resistir aos fortes lobbies económicos para defender a dignidade humana e garantir um futuro em que todos os seres humanos possam desfrutar de um desenvolvimento integral, quer como indivíduos, quer como comunidades».
A Inteligência Artificial (IA), tema em voga na actualidade, foi abordada por D. Pietro, tendo afirmado que a Santa Sé «deseja um quadro regulamentar para a ética da IA», como «a protecção de dados, a responsabilidade, os preconceitos e o impacto da IA no emprego».
O secretário de Estado do Vaticano vai continuar em Nova Iorque até à próxima segunda-feira, 30 de Setembro, a fim de participar nos trabalhos de alto nível deste ano das Nações Unidas. Antes de regressar a Roma, presidirá à Missa comemorativa dos sessenta anos da Santa Sé na ONU.
In ECCLESIA