IGREJA EM MACAU CELEBROU O SANTO CASAMENTEIRO NO INÍCIO DA SEMANA

IGREJA EM MACAU CELEBROU O SANTO CASAMENTEIRO NO INÍCIO DA SEMANA

Festa da Paróquia de Santo António juntou várias comunidades

A Igreja em Macau celebrou Santo António de Lisboa na passada segunda-feira (13 de Junho). Ao início do dia, pelas 7 horas e 30, foi celebrada Missa em Chinês, e já ao final do dia foi celebrada Missa em Português, às 17 horas e 30. No dia anterior (Domingo, 12 de Junho), foi comemorada a Festa da Paróquia de Santo António, tendo o ponto alto ocorrido às 10:00 horas, com a celebração de Missa Dominical, em Chinês e Português, e a realização da tradicional Procissão de Santo António. Ambos os momentos foram presididos pelo bispo D. Stephen Lee e contou com elementos das várias comunidades presentes em Macau.

Mas quem foi Santo António, para ainda hoje ter tantos devotos em todo o mundo, inclusivamente em Macau? Santo António foi um frade franciscano da primeira geração, contemporâneo de São Francisco de Assis (1181 ou 1182-1226), que conheceu e de quem recebeu estima. António nasceu Fernando de Bulhões, em Lisboa, talvez a 15 de Agosto de 1195, na Rua das Pedras Negras, junto à Sé de Lisboa. A igreja de Santo António, junto à Sé da capital portuguesa, ergue-se onde fora a casa do santo.

Nascido na nobreza, foi educado para ser cavaleiro, mas surgiu-lhe uma vocação religiosa. Aos quinze anos de idade pediu autorização para entrar na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho (Crúzios), na igreja de São Vicente de Fora, não longe de casa. Mas a pressão familiar, nas visitas e saudades que sua mãe tinha, levaram-no a ir para Santa Cruz de Coimbra. Aqui começou a estudar Teologia. Mas o destino não era Santa Cruz.

Com efeito, em 1219, Francisco de Assis, que fundara a Ordem dos Frades Menores em 1217 (ou Franciscanos), enviou em missão para Marrocos seis frades (Vital, Berardo, Otão [sacerdotes], Pedro [diácono], Acúrsio e Adjuto [leigos]). Destes, cinco (Vital não seguiu) foram martirizados pelos muçulmanos, tendo as suas cabeças sido levadas para Portugal. O destino foi Santa Cruz de Coimbra: a mula que os trazia ajoelhou-se no portal da igreja, o que tocou a todos que ali concorreram, principalmente Fernando de Bulhões. Este, abrasado de fé e desejo de martírio, deixou os Crúzios e passou para os Franciscanos, que tinham um eremitério em Coimbra, em Santo António (ou Antão), dos Olivais. Do orago Fernando tomou o nome, para sempre ficando a chamar-se António.

FRANCISCANO, DOUTOR, SANTO –Já sacerdote, o jovem frade, douto que era, partiu para Itália, para se dedicar aos estudos e à pregação. Em 1221, na cidade italiana de Forlì, fez a sua primeira pregação, arrebatando os presentes pelo seu conhecimento das Escrituras e dos Padres da Igreja, pela sua fé e pelos seus notáveis dotes oratórios. Não mais deixou o múnus de pregador, calcorreando Itália entre 1223 e 1225. Por sugestão do próprio São Francisco de Assis, que para ele abriu excepção, graças à sua notável inteligência, António tornou-se mestre de Teologia em Bolonha, Montpellier e Toulouse.

Em 1226 instalou-se em Pádua, onde se tornou famoso pelos sermões dominicais. Falava eloquentemente bem, mas de forma simples e inteligível, recorrendo a alegorias, que o povo entendia. As multidões enchiam praças e igrejas para o ouvir, a sua popularidade era notável. Não demorou muito a que multidões começassem a seguir António, registando-se desse tempo copiosa série de milagres e fama de santidade. A sua preclaridade crescia, mas com uma grande humildade e simplicidade.

Em 1227, após a morte de São Francisco de Assis, coube-lhe apresentar a Regra da Ordem perante o Papa Gregório IX (cardeal ugolino, Papa entre 1227 e 1241, grande protector da Ordem). No mesmo ano foi indicado ministro provincial da Romanha e fundou um convento em Pádua. Entre 1228 e 1229 pregou em diversas cidades do Véneto e em Florença. Em finais de 1229, achamo-lo no convento em Pádua, em obras. Participou em Maio de 1230 no Capítulo Geral da Ordem, em Assis, quando renunciou à função de Superior Provincial, que o afastava da pregação que tanto prezava. Cerca de um mês depois está em Roma para debater com o Papa a interpretação de certos aspectos da Regra. Entre 1230 e 1231 o seu vigor pregacional atinge o auge, deixando registo escrito desses “Sermões”, peças filosófico-teológicas de grande valor e para sempre alvo de estudo. A santidade em vida crescia também, mercê da sua acção em prol dos pobres e desfavorecidos, na sua luta contra usuários e agiotas, ou contra a prostituição. Em Rimini, pregou aos peixes, depois de pregar aos hereges, já que ninguém o ouvia. Obstinado e perseverante, tirou mais de si do que a si deu, de tantos jejuns e mortificações, enfraqueceu e morreu numa sexta-feira, 13 de Junho de 1231, em Arcella, Pádua. Em 1232, ainda não completara um ano sobre a sua morte, foi canonizado, no processo mais rápido da História da Igreja Católica. Santo milagreiro, muito popular, é um santo casamenteiro e advogado em causas difíceis.

Vítor Teixeira 

Universidade Fernando Pessoa

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