DEZOITO CRIANÇAS COMUNGAM PELA PRIMEIRA VEZ

DEZOITO CRIANÇAS COMUNGAM PELA PRIMEIRA VEZ

No Carmo e na Sé, o tempo é de celebração

Três crianças comungaram, pela primeira vez, na igreja de Nossa Senhora do Carmo, no passado fim-de-semana. Este Domingo (19 de Junho) é a vez da igreja da Sé Catedral acolher uma das mais belas e importantes celebrações da caminhada da fé cristã. No total, serão quinze as crianças que irão receber, também pela primeira vez, o Corpo e Sangue de Jesus Cristo.

«Tenho a certeza que todos vão continuar a caminhar na boa estrada da fé». É desta forma, com o coração cheio e uma forte confiança em relação ao futuro, que a irmã Maria Lúcia Fonseca, missionária franciscana, se refere às crianças e jovens que ao longo dos últimos anos acompanhou na igreja de Nossa Senhora do Carmo. O ano catequético na única paróquia da ilha da Taipa atingiu, no Domingo passado, o seu apogeu, com a celebração da Festa da Primeira Comunhão de três crianças.

A cerimónia – sustenta a irmã Maria Lúcia – pauta o início de um percurso de fé, norteado pelo mistério da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, e é um testemunho do vigor com que a Palavra de Deus se tem vindo a enraizar na Taipa. As três crianças que no último fim-de-semana receberam, pela primeira vez, o Corpo e Sangue de Cristo concluíram a caminhada de preparação para a celebração com um pequeno retiro, centrado no valor do Sacramento da Eucaristia. «As crianças tiveram uma preparação de um dia, com uma demonstração feita pelo padre Eduardo [Agüero, SCJ]sobre o valor da Eucaristia, inserida na Santa Missa. Esta preparação terminou com um convívio. As crianças tiveram a missa só para elas e para as famílias. Foi muito importante para elas. Isto é o anúncio de uma caminhada, mas que lhes permitiu tomar o gosto de Jesus», salienta a irmã Maria Lúcia, em declarações a’O CLARIM. «Tenho a certeza que as crianças não se esquecem destas coisas. São momentos que lhes ficam na memória», acrescenta a obreira das Irmãs Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora.

Uma semana depois da paróquia de Nossa Senhora do Carmo ter recebido uma das celebrações eucarísticas mais importantes do percurso de vida dos fiéis, é a vez da paróquia da Sé Catedral acolher, já este Domingo – dia em que a diocese de Macau assinala a Solenidade do Corpo de Deus –, a Festa da Primeira Comunhão da comunidade de língua portuguesa que frequenta as igrejas da Sé Catedral e de São Domingos. No total, quinze crianças vão receber o Corpo e Sangue de Cristo pela primeira vez. «Este ano temos quinze crianças a fazer a Primeira Comunhão. No ano passado, não me lembro do número exacto, mas tivemos em torno de dez a doze crianças, o que quer dizer que este ano temos um número um pouco maior», revela o padre Daniel Ribeiro, SCJ. «No último sábado, durante o período da manhã, estas crianças tiveram um encontro de formação comigo e este sábado, véspera do Corpus Christi, as crianças vão ter a oportunidade de se confessar directamente comigo. As crianças vão-se confessar e no Domingo recebem, pela primeira vez, o Sacramento da Eucaristia; vão receber a Primeira Comunhão», acrescentou o vigário paroquial da Sé Catedral para a comunidade de língua portuguesa.

ÊXODO ESTIVAL

Entre crianças, catecúmenos e catequistas, a Catequese da paróquia da Sé Catedral em língua portuguesa agrega actualmente cerca de uma centena de pessoas. O número tem-se mantido praticamente inalterado nos últimos anos, o que é sinónimo de estabilidade. No entanto, esta tendência – segundo o padre Daniel – pode sofrer uma profunda alteração já este Verão. Nos próximos meses muitos cidadãos portugueses vão deixar de viver em Macau, o que se irá reflectir na Catequese na paróquia da Sé. «Actualmente estão inscritas, aproximadamente, oitenta crianças na Catequese da Sé Catedral. Se contarmos com os adultos, são 85 pessoas. Temos também dezoito catequistas, o que quer dizer que há cerca de cem pessoas envolvidas na Catequese. Mas a verdade é que no Verão muitos portugueses vão deixar Macau. A tendência é para que diminua o número de crianças, na ordem dos quinze por cento. Vamos testemunhar uma diminuição», disse.

O fenómeno também afecta a paróquia de Nossa Senhora do Carmo, ainda que o impacto possa não vir a ser tão grande. Entre regressos definitivos e mudanças de cenário motivadas por opções de natureza académica, a comunidade católica de língua portuguesa da Taipa vai despedir-se de pelo menos três jovens. A irmã Maria Lúcia Fonseca – ela própria com o regresso definitivo a Portugal agendado para 9 de Julho – desdramatiza eventuais mudanças e garante que Deus encontra sempre forma de chegar ao coração das pessoas. «Eu, de facto, ouço dizer que muita gente vai embora. O padre Eduardo disse-me que vão três jovens estudar para Portugal e pediu-me para lhes dizer uma palavrinha, e eu encorajei-os a não perder a sua fé. As famílias que vão, se tiverem bons instrumentos para onde se vão radicar, também não perdem a sua fé», defendeu, concluindo: «Deus se encarregará de tudo. É Deus quem trabalha nos nossos corações».

Marco Carvalho

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