Nas suas acções reflectia-se a vontade de Deus
O repto chegou sob a forma de um convite feito pelo secretário-geral do Instituto Internacional de Macau (IIM), mas quando o aceitou Ieong Chi Chau não percebeu de imediato a magnitude da tarefa que recebeu em mãos. O antigo vice-presidente da Associação de Educação de Macau foi desafiado por Rufino Ramos para escrever a primeira biografia do padre Luis Ruiz, o jesuíta espanhol que esteve na origem da Cáritas de Macau.
Durante mais de meio ano, Ieong procurou investigar ao máximo a vida e o legado do sacerdote asturiano, mas a inexistência de documentos e de informação textual e a escassez de fotografias forçaram o professor e investigador a recorrer a outros recursos para reconstituir a vida de Luis Ruiz. «Passei cerca de meio ano à procura de informação, a ler e a investigar, a ver pequenos vídeos e documentários em diferentes plataformas, a entrevistar pessoas, a tirar e a recolher fotografias. Depois, passei outros três meses a organizar a informação e a escrever o livro», explicou Ieong Chi Chau, em declarações a’O CLARIM, tendo acrescentado: «Recebi bastante apoio de muitas pessoas que trabalharam ou cooperaram com o padre Luis Ruiz. Partilharam comigo histórias e experiências que viveram com este extraordinário missionário e alguns fizeram-me chegar fotografias e documentos. De certa forma transmitiram-me algum do carisma do padre Ruiz e permitiram que o meu trabalho pudesse chegar a bom porto».
Apesar da dificuldade que diz ter sentido na recolha de material durante a fase de investigação, Ieong Chi Chau reforçou a percepção que tinha em relação ao legado do jesuíta espanhol, a de que Luis Ruiz poderá ser eventualmente candidato à santidade: «Como sacerdote, trabalhava de forma incansável. Ajudava os outros, independentemente da sua religião ou da sua raça. Ajudava as pessoas a superar problemas e desafios e a darem sempre o seu melhor. Ninguém pode dizer que nas suas acções não se reflectia a vontade de Deus».
«O padre Luis Ruiz completou a sua formação teológica na China e regressou depois para ajudar pessoas com lepra e com HIV em várias regiões do Continente. No entanto, uma parte importante do seu trabalho foi desenvolvida aqui em Macau. Estou convicto que muitos residentes de Macau, nomeadamente os mais velhos, ainda conservam memórias felizes e uma boa impressão do padre Ruiz. São muitos os que foram por ele ajudados», disse Ieong Chi Chau.
Publicada pelo Instituto Internacional de Macau com o apoio do Paço Episcopal, a primeira biografia do padre Luis Ruiz chegou aos escaparates das livrarias apenas em língua chinesa, mas a obra já se encontra a ser traduzida para Português. «Pelo que sei, a versão portuguesa está a ser traduzida. É óbvio que se queremos que um maior número de pessoas conheça o trabalho e o legado do padre Ruiz, a tradução para Inglês também é necessária», defendeu o autor.
Marco Carvalho