Fórmula 1 – Época de 2018

Seis corridas, três vencedores. Quem ganhará no Canadá?

O Mónaco, com todo o seu fascínio e “glamour”, mostrou uma vez mais o seu anacronismo obsoleto enquanto circuito de Fórmula 1. Na última corrida do Principado muitos dos pilotos reclamaram das condições do “traçado lendário”, que nos ofereceu a pior corrida dos últimos tempos, com muito pilotos, entre eles Lewis Hamilton, a classificar a prova de “dull” (enfadonha, maçadora) e absurda, tendo mesmo afirmado que «não foi realmente uma corrida». E não foram só os pilotos “consagrados” a reclamar. Os aspirantes a “jovens lobos” também criticaram o circuito e as limitações apresentadas para quase todos os modelos de carros que ainda teimam a disputar corridas no Principado, em nome de uma hipotética tradição.

Para sermos sinceros, consideramos que desde o primeiro dia, em 1929, as ruas da cidade-Estado nunca foram um bom local para a competição automóvel. Se olharmos para trás, e repararmos nos carros que disputaram as denominadas Corridas de Carros de Grande Prémio até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, ficamos espantados como é que aqueles “monstros” conseguiam andar tão depressa no Mónaco. Os carros modernos não são apenas diferentes em tamanho, como são muitíssimo mais rápidos, sendo que tal apenas permite que assistamos a procissões a alta velocidade. Lewis Hamilton perguntou se com o crescimento da área do Principado – com a conquista de terreno ao mar – a pista não poderia crescer em largura e comprimento, para entre outras vantagens reduzir o número de voltas e ter algumas zonas onde se pudesse ultrapassar.

Os resultados da corrida do Mónaco vieram baralhar as contas do campeonato. As vitórias nas seis corridas já disputadas foram saboreadas por três pilotos (Sebastian Vettel, Ferrari – Austrália e Bahrain; Daniel Ricciardo, Red Bull – China e Mónaco; e Lewis Hamilton, Mercedes – Azerbaijão e Espanha). Apesar do ter mesmo número de vitórias, o piloto da Mercedes lidera a tabela pois obteve um segundo e dois terceiros lugares; Vettel tem apenas mais um segundo lugar. Ricciardo obteve somente as referidas duas vitórias. Este facto não impede o australiano de sonhar com mais pódios e vitórias, mesmo reconhecendo que os motores Renault não são tão competitivos como os Ferrari e Mercedes. Ricciardo é um oportunista com sorte. A totalidade das suas seis vitórias na Fórmula 1 foram conseguidas contra a corrente do jogo. Uma terceira subida ao lugar mais alto do pódio, nas próximas corridas, fará dele um sério pretendente ao título. Ricciardo sabe-o, mas prefere manter-se focado. Reconhece que não é impossível, embora ainda não esteja realmente nos seus pensamentos.

Voemos agora do Sul da Europa para o Canadá – para um circuito tão difícil como é o Mónaco. Em 1966 as corridas do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 eram disputadas, alternadamente, entre Mosport Park (nome inglês) e Mont-Tremblant (nome francês) devido à rivalidade entre as comunidades anglófona e francófona.

Em 1970 Mont-Tremblant foi encerrado após ser considerado demasiado perigoso, e as corridas passaram para Mosport Park. Foi então que os dirigentes franceses, apoiados no sucesso internacional de Gilles Villeneuve, decidiram construir um novo autódromo. Sem tempo nem dinheiro para fazer um circuito de raiz, transformaram a ilha de Notre-Dame num traçado aceite pela FIA, cujo desenho ligava todas as estrada e arruamentos feitos em 1967 para a Feira Mundial (Expo 67). Todos concordaram com a escolha do local. Gilles Villeneuve, na época piloto da Ferrari, conseguiu a sua primeira vitória neste circuito, que hoje ostenta o seu nome. Curiosamente, Jacques Villeneuve, filho de Gilles e campeão do mundo de Fórmula 1 em 1997, nunca venceu qualquer corrida na ilha de Notre-Dame. Já Michael Schumacher ali venceu por sete vezes e o piloto francês Jean Alesi ganhou a sua única corrida de Fórmula 1.

Muito pilotos não se sentem há vontade na prova do Canadá, havendo outros que pelo contrário gostam dos desafios impostos pelo estranho traçado. A entrada para as “boxes” situa-se no seguimento de uma (quase) recta longa e a pista é um desvio mínimo desse trajecto. O efeito é óptimo para os fotógrafos, mas devastadores para os carros. Os pilotos não têm qualquer margem de erro nesse local, sendo que a velocidade passa dos 330 quilómetros por hora para os 140 quilómetros por hora. Rubens Barrichello é ainda hoje o detentor do recorde da volta mais rápida, com um minuto, treze segundos e 622 centésimos de segundo, estabelecido em 2004 ao volante de um Ferrari.

A agenda do Grande Prémio do Canadá está assim escalonada (horário de Macau): Treinos livres 1, hoje, 22 horas – 23 horas e 30; treinos livres 2, sábado, 2 horas da manhã – 3 horas e 30 da manhã; treinos livres 3, sábado, 23 horas – 24 horas. Provas de qualificação: Domingo, 2 horas da manhã – 3 horas da manhã. Corrida: Segunda-feira, 2 horas e 10 da manhã.

Manuel dos Santos

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