Fórmula 1 – Época de 2017

Nervos em franja

No passado dia 25 de Junho disputou-se o Grande Prémio do Azerbaijão em Fórmula 1. Houve quem dissesse que foi uma grande corrida, e quem, pelo contrário, afirmasse ter sido uma corrida para esquecer. Concordamos com as duas opiniões, se bem que contraditórias. Uma corrida que tem três “safety cars” em vinte minutos e tem de neutralizar a corrida ainda antes de ter atingido o seu primeiro terço, diz muito, de mal, sobre tudo o que aconteceu. Falhou o circuito, a organização, os comissários, e mesmo os pilotos… Não se pode esquecer que são estes os principais actores do espectáculo.

Tudo podia ter corrido melhor, é verdade! A largada pareceu o início de um jogo de computador, com “tudo ao molho e fé em Deus”. A confusão instalou-se desde o apagar das luzes até ao final da corrida. Os auxiliares demoravam demasiado tempo a repor as condições do circuito, arrefecendo os pneus, parte sensível dos carros de Fórmula 1. Como resultado, os pilotos recomeçavam a corrida com os pneus frios, o que é uma tarefa complicada mesmo para os mais experientes, o que levava a nova entrada do “safety car”. Ao fim de pouco tempo havia tantos pedaços de fibra de carbono na pista que foi preciso interromper a corrida, com a confusão a imperar. Alguns carros que já haviam entrado nas boxes com avarias causadas anteriormente foram reparados e devolvidos à condição de participante; outros apenas foram submetidos a “pequenas cirurgias” do tipo “corta e cola”, para tentar chegar ao fim da corrida, que recomeçou com as mesmas confusões.

Os carros da frente eram os “suspeitos do costume”: o Ferrari de Sebastian Vettel e o Mercedes de Lewis Hamilton. Os dois pilotos foram protagonistas de mais um, agora duplo, golpe de teatro. Ainda atrás do “safety car”, Vettel deu duas pancadinhas de “amor” a Hamilton, o que foi considerado – e muito bem – “condução perigosa”, tendo que ir às boxes para cumprir uma penalização de dez segundos. Entretanto, Hamilton viu-se a braços com a cobertura do lugar do piloto e foi chamado às boxes para trocar a referida essa peça. Vettel forçou o carro e conduzindo de forma excepcional passou para frente de Hamilton. Deste modo conseguiu acabar com mais alguns preciosos pontos e manter a liderança do Campeonato do Mundo de Pilotos.

De mansinho de mansinho, mas a andar como um grande senhor, Valtteri Bottas recuperou do último lugar, com uma volta de atraso, até ao segundo lugar no final da corrida. O jovem Lance Stroll, em Williams, que conseguira alhear-se de todas as trapalhadas que iam ocorrendo na pista, com uma concentração e sangue frio dignos de um piloto mais experiente, quase que ia terminando no segundo posto, não fosse ter Bottas no seu encalço. O piloto finlandês da Mercedes amealhou os pontos do segundo lugar a pouco mais de vinte metros da meta. Curiosamente, sem ninguém dar muito por isso, Daniel Ricciardo venceu a corrida. E Fernando Alonso? Finalmente conseguiu festejar, não um, mas dois pontos para a McLaren, com o seu nono lugar.

Passemos agora ao futuro depois de termos revisto o passado. Este fim de semana disputa-se o Grande Prémio da Áustria, no Circuito de Spielberg, um dos muitos autódromos que apareceram um pouco por toda a Europa após a Segunda Guerra Mundial. Foi utilizado para o Mundial de Formula 1 de forma intermitente, com uns quatro ou cinco nomes diferentes. Notabilizou-se por oferecer aos espectadores alguns vencedores no mínimo imprevisíveis.

Em 1970, Jacky Ickx venceu para a Ferrari, quando todos esperavam que fosse o piloto local Jochen Rindt, que viria a ser o primeiro – e esperemos que o último – campeão do mundo a título póstumo. Em 1975, Vittorio Brambilla, com um March, também venceu, cruzando a linha de meta em vários piões contínuos devido à chuva torrencial que caía no circuito. Em 1977, John Watson deu ao construtor americano Penske a sua única vitória na Fórmula 1, quando se esperava ver um Lotus no primeiro lugar. Alan Jones, ao volante de um Shadow, venceu em 1982, e Elio de Angelis venceu por um milésimo de segundo a Keke Rosberg. Finalmente, Niki Lauda, já depois do seu horrível acidente em Nurburgring, conseguiu ser o primeiro piloto austríaco a vencer em casa.

Spielberg é um traçado muito rápido que pouco desgasta os pneus, pelo que a Pirelli só irá disponibilizar borrachas macias (Soft, Super Soft e Ultra Soft). Na generalidade, os pilotos gostam do circuito, formado por três longas rectas, o que exige algum apoio aerodinâmico e muito recurso aos travões nas junções das rectas – curvas a 90 graus – e um gancho que dá acesso ao “miolo” do traçado. A pista está construída em elevada altitude (entre os 721,4 metros e os 784,9 metros), sendo as afinações muito diferentes dos outros circuitos.

A diferença horária entre Áustria e Macau é de seis horas. Treinos livres 1, hoje, 10 horas – 11 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 14 horas – 15 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 11 horas – 12 horas. Provas de qualificação: sábado, 14 horas – 15 horas. Corrida: Domingo, 14 horas – 16 horas. A meteorologia local prevê chuva fraca para os três dias.

No fim de semana de 15 e 16 de Julho tem lugar o Grande Prémio de Inglaterra, no Circuito de Silverstone. Muito irá depender do que se passar na Áustria, mas tudo aponta para o contínuo duelo entre a Ferrari e a Mercedes, com os eventuais golpes de sorte do género dos que colocaram o Red Bull de Ricciardo no primeiro lugar, o Mercedes de Bottas no segundo, e o Williams de Stroll no terceiro.

Ainda não há indicação oficial sobre os pneus para Silverstone, mas deverão ser Medio, Soft e Super Soft, se se seguir a tendência da Pirelli em usar os compostos mais macios em cada corrida.

A diferença horária de Silverstone para Macau é de sete horas. Treinos livres 1, hoje, 9 horas – 10 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 13 horas – 14 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 10 horas – 11 horas. Provas de qualificação: sábado, 13 horas -14 horas. Corrida: Domingo, 13 horas – 15 horas. A meteorologia local prevê céu limpo para sexta-feira e possíveis aguaceiros para sábado.

Manuel dos Santos

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