Verão
Começou o Verão. Por aqui, começou também a época balnear. Montámos a piscina que o tio F e a tia T ofereceram ao afilhadito, arranjámos um belo tapete de relva sintética para cobrir um pouco da calçada e comprámos um rádio baratinho, porque o antigo sofreu uma pequena queda de uma altura suficientemente grande para lhe provocar danos irreparáveis.
Nós, por cá, gostamos muito de música. Alguns já tocam umas coisinhas. Fora isso, com o rádio, preparada a nossa “playlist” preferida, já podemos cantar e dançar até cair. Muitas vezes, cair literalmente!
Com isto, inicia-se também a fase culinária que eu mais gosto que é a época das sandes com alface e tomate, as tostas mistas, os sumos de fruta e, claro, de vez em quando tem de ser, os gelados. Para além disso, claro está, os belos churrascos marcam lugar e deixam-me a cozinha bem mais arrumadinha que os outros menus.
É uma época maravilhosa porque estamos na rua até às dez da noite e nem nos apercebemos que o dia terminou. Ao olhar os miúdos a brincarem uns com os outros, na água, com grandes gargalhadas e alguns pirolitos, o mundo parece perfeito. O quarto começa agora a aguentar os pirolitos sem desatar a fugir da piscina. Olha para mim, sorri e sente-se vitorioso por conseguir libertar-se da água que teima em entrar pela boca dentro.
Hoje, para além disso, recebemos a visita de amigos e uns estiveram no faz-de-conta, outros mantiveram-se no bem bom da piscina e outros participaram numa pintura conjunta que resultou em dois quadros muito engraçados.
O lado bom de se estar cem por cento dedicada à família é o ter tempo. Ter tempo para fazer grandes trapalhadas, dizer tontices, perder as estribeiras, mas também o ter tempo para pedir desculpa, falar, esclarecer, ensinar e rir em conjunto.
Tenho a certeza que os meus filhos conseguirão tirar muitas coisas positivas das minhas tontices. Para mais, tenho a certeza que, se não fossem eles, eu seria praticamente intragável de tanta soberba.
Estamos agora na fase das férias escolares. Uma época bem difícil, sobretudo quando ainda não se pode recorrer aos planos de férias de que falei anteriormente (os meus ainda não tem idade de acesso), de grande resiliência para aguentar um “non-stop”, um “show must go on” em permanência. Ainda só passou uma semana e meia e já me parece que fui ligeiramente atropelada por camião.
Os mais velhos estão a aproveitar esta fase das férias para aprender a nadar, numa espécie de curso intensivo de natação. O primeiro está em grande. O segundo foge a sete pés do treinador, como se fosse possível aprender a nadar com água pelo tornozelo. Quando levo a terceira para assistir à aula é um corropio porque fala que se farta e está sempre a queixar-se de alguma coisa, pois o mundo inteiro insiste em contrariá-la. Quando levo o quarto, inicialmente, temos uma fase de encantamento, em que olha para tudo o que é sítio, completamente especado, depois, entramos no momento do “quero fazer chichi”, do “quero água” e depois “o que é isto?”, “os manos?”.
No final do dia, uns adormecem na sopa e os que não adormecem pedem para ir para a cama ainda antes de terminar a refeição. Eu? Eu estou de rastos e até adormeço no computador.
RITA GONÇALVES
Professora