Quais as oito regras do silogismo categórico?
No último dia falámos sobre o silogismo simples, tal como:
Todos os mamíferos são animais.
Todos os cães são mamíferos.
Logo, todos os cães são animais.
Para o silogismo categórico simples existem oito regras. Essas regras ajudam-nos a raciocinar correctamente. Em primeiro lugar, façamos uma lista e depois explicarei cada uma mais detalhadamente, com exemplos.
- Todo o silogismo contém somente três termos: maior, médio e menor;
- Os termos da conclusão não podem ter extensão maior que os termos das premissas;
- O termo médio não pode entrar na conclusão;
- O termo médio deve ser universal pelo menos uma vez;
- De duas premissas negativas nada se conclui;
- De duas premissas afirmativas não pode haver conclusão negativa;
- A conclusão segue sempre a premissa mais fraca (o que se entende por “parte mais fraca” são as seguintes situações: entre uma premissa universal e uma particular, a “parte mais fraca” é a particular; entre uma premissa afirmativa e outra negativa, a “parte mais fraca” é a negativa.);
- De duas premissas particulares nada se conclui: pelo menos uma tem que ser uma proposição universal.
Poder-se-á perguntar? E como é que alguém sabe se um termo é universal ou particular? Esta é uma pergunta muito pertinente. Tal requer que relembremos os quatro tipos de proposições: A, E, I e O.
A: Todo o homem é mortal / Todos os homens são mortais.
E: Nenhum homem é um anjo / Todos os homens não são anjos.
I: Alguns humanos são machos.
O: Alguns humanos não são machos.
Tomemos A: “Todo o homem é mortal / Todos os homens são mortais”. Nesta proposição será o termo “homem” universal? Obviamente que sim. Estamos a falar do homem. Que tal o termo “mortal”? Não. E porquê? Porque nem tudo e que é mortal é homem. Os animais também são mortais, assim como as plantas e os insectos. Então podemos dizer que em todas as afirmações universais (A) o sujeito é universal, mas o predicado é particular. Deixem-me representar isto desta forma: uS + pP (onde “u” significa “universal” e “p” significa “particular”).
Agora deixem-me tomar E: “Nenhum homem é um anjo / Todos os homens não são anjos”. Nesta proposição o termo “homem” é universal? É sim. Estamos a falar de todos os homens. E o termo “anjo”? Será que esta frase inclui todos os anjos? Sim. Porque todos os anjos não são homens (ou não há anjos que sejam homens). Por conseguinte, podemos dizer que em todas as frases universais negativas tanto o sujeito como o predicado são universais. Uma vez mais, deixem-me representar esta ideia: uS – uP.
E agora vejamos I: “Alguns humanos são machos”. É óbvio que o termo “humano” não é universal. E sobre o termo “macho”? É universal ou é particular? É particular porque nem todos os “machos” são humanos. Há cães machos, gatos machos, etc., etc.
Assim sendo, podemos dizer que em todas as frases particulares afirmativas (I) tanto o sujeito como o predicado são particulares. Vamos representá-lo: pS + pP.
E finalmente, O: “Alguns humanos não são machos”. Verificamos que o termo “humano” não é universal, mas sim particular. E o que se passa com o termo “macho”? É uma pergunta difícil e traiçoeira. À primeira vista parece que “macho” é particular. Mas a resposta é que “macho” é universal, porque para podermos dizer que “Alguns humanos não são machos” temos que conhecer a soma total da classe/conjunto “macho” e assim aferirmos que alguns humanos não pertencem ou não estão enquadrados na classe/conjunto “machos”. Consequentemente, podemos dizer que em todas as frases particulares negativas (O) o sujeito é particular, mas o predicado é universal. Representemos deste modo: pS – uP.
Uau! Esta semana foi violento! Vamos descansar e digerir um pouco sobre o que falámos…
Pe. José Mario Mandía