Família e Fé

Saber dialogar

«Gostaria muito que as pessoas mais velhas soubessem pôr-se mais ao nosso nível. Aborreço-me profundamente ao ouvir os adultos falarem como se estivessem num pedestal. Parece que estão convencidos de ter sempre razão.

Muitas vezes, quando tentamos dialogar com eles só sabem responder: “Acabou-se a conversa. Faz o que eu te estou a dizer. Tu não percebes nada disto”.

É verdade que nós jovens, com frequência, não facilitamos muito a comunicação. No entanto, penso que a falta de diálogo é prejudicial para ambos os lados.

Porventura as pessoas mais velhas não foram também jovens? Como é que se sentiam quando os seus pais e educadores lhes negavam a possibilidade de dialogar com eles? Será que já não se lembram disso?»

São palavras de um adolescente que fazem reflectir.

É natural que os jovens e as pessoas mais velhas vejam a vida de um modo diferente. Aliás, o contrário é que seria profundamente estranho.

A vida é como é, mas a perspectiva com que os jovens e as pessoas maduras olham para ela não é, evidentemente, a mesma. E cada um tem o seu modo de focar os problemas com que nos defrontamos.

Custa-nos admitir que existem perspectivas diferentes da nossa e igualmente válidas.

O passar dos anos – se não estamos atentos a isso – pode fazer-nos perder flexibilidade e abertura interior para procurar entender outras visões do mundo.

Todos nós, quando éramos mais jovens, olhávamos para a vida de um modo diferente. O problema é que, não se sabe por que carga de água, tendemos a esquecer-nos disto com o passar do tempo.

Hoje em dia, damo-nos conta de que os nossos pais e professores tinham razão em muitas coisas que nos diziam.

E que aquilo que nos comunicavam não era fruto de um autoritarismo mal-entendido, mas sim da sua experiência da vida e do seu enorme carinho por cada um de nós.

Uma sugestão para os pais e educadores: não dramatizemos assuntos sem importância!

É saudável e normal que os jovens vejam a vida de um modo diferente. Podemos aprender muito com eles, ouvindo-os com um interesse genuíno.

Mantenhamos o espírito aberto – sinal maravilhoso de juventude interior – e a capacidade sincera para dialogar com todos, sobretudo com os mais jovens.

Assim, será mais fácil saber transmitir a sabedoria que acumulámos com o estudo, a reflexão e o passar dos anos – e que os jovens muito necessitam e desejam receber!

Pe. Rodrigo Lynce de Faria 

Doutor em Teologia

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