Saúde mental juvenil
Não é novidade para ninguém que o grande problema da “geração Z” (nascidos depois de 1995) é a saúde mental. A tendência para condutas suicidas e autolesões está a aumentar com o passar dos anos, e o consumo de ansiolíticos cresceu exponencialmente entre os jovens desta geração.
Há várias teorias sobre o motivo pelo qual desceu o bem-estar emocional desta geração.
Muitos acreditam que a resposta está num factor que surgiu nos últimos anos e que esteve presente na formação desta geração e não das anteriores: o uso habitual do telemóvel, ou melhor, o acesso ilimitado à Internet em qualquer lugar e tempo.
O “Global Mind Project” decidiu fazer um estudo para esclarecer se existe uma relação directa entre a saúde mental dos jovens e a idade em que receberam o seu primeiro “smartphone”. Participaram neste estudo 27 mil 969 jovens entre os dezoito e os 24 anos de diferentes países e culturas.
O estudo concluiu que, efectivamente, o bem-estar emocional, social e mental dos jovens melhorava consideravelmente entre aqueles que receberam o seu primeiro telemóvel com uma idade mais avançada. Os índices eram alarmantes naqueles que o receberam quando ainda eram crianças.
Ou seja, os pais podem arruinar a vida de um filho se lhe dão um telemóvel antes de ele possuir maturidade suficiente para o utilizar de um modo moderado e sem riscos.
Atenção: isto não é demonizar o telemóvel! É ser consciente de que o seu uso imoderado possui sérios riscos, sobretudo para as crianças e os jovens.
Muitos pais sabem disto. No entanto, argumentam que é muito complicado dizer que não a um filho quando é muito grande a pressão a que está sujeito por parte dos seus colegas e no ambiente escolar.
É verdade. Nunca foi fácil dizer que não aos filhos.
Mas também é verdade que tudo aquilo que vale a pena exige esforço. É preciso que os pais aprendam a dialogar muito com os seus filhos sobre este assunto sem reduzir essa conversa a “só te dou um telemóvel quando tiveres X anos”.
Claro que também é essencial que saibam criar para os seus filhos passatempos sadios que substituam a dependência escravizante do telemóvel. E que eduquem com o exemplo. Se os pais não se esforçam por praticar o que ensinam, não ensinam nada, por muito que dialoguem com os seus filhos.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Doutor em Teologia