A Internet e a virtude da ordem
“De que serve um aluno saber de memória tanta informação se, hoje em dia, tudo está acessível na Internet? O importante é que os mais novos aprendam a procurar a informação quando têm necessidade dela”.
Uma afirmação destas, que ouvi recentemente, parece-me que pode ser perigosa.
Está tudo na Internet?
É a pura verdade. Está mesmo tudo. O bom e o mau, o verdadeiro e o falso, o nobre e o vil, o raciocínio rigoroso e a mentira mais absurda. Está tudo na Internet, excepto o critério para diferenciar “o trigo do joio”.
E só é possível alcançar este critério com a ajuda dos verdadeiros mestres, que possuem uma sabedoria que não se transmite em páginas “web”, mas através do ensino que desperta no aluno o desejo de aprender. «As novas tecnologias estão muito longe de resolver os verdadeiros problemas educativos», diz o professor Gregorio Luri, pedagogo e doutor em Filosofia.
Além de que a procura constante de informação na Internet pode gerar nos mais novos (e não só) uma profunda desordem na busca e assimilação do conhecimento. E a ordem é uma virtude essencial na configuração do nosso carácter e do nosso modo de raciocinar.
Se não há ordem na cabeça, acabamos por escolher o que mais nos apetece ou que nos parece urgentíssimo, mas não aquilo que devemos fazer. E uma desordem que leva a escolher o que menos custa é uma forma de preguiça encoberta.
Infelizmente, vemos hoje em dia muitas pessoas que não param de trabalhar e mover-se, ao mesmo tempo que não fazem aquilo que deveriam fazer.
Motivo?
Quase sempre, a falta de ordem na cabeça. Quantas vezes o “stress” por falta de tempo é um “stress” por falta de ordem. Já diz um ditado antigo cheio de razão: “guarda a ordem e ela te guardará a ti”.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Doutor em Teologia