Ler livros que valham a pena
Há uns meses, um ministro francês chamado Bruno Le Maire defendeu, numa conferência diante de um público juvenil, a necessidade da leitura para enfrentar a ditadura dos ecrãs. «Os ecrãs devoram-vos, a literatura alimenta-vos».
Não é que ele tenha descoberto a pedra filosofal!
De facto, não chama a atenção aquilo que diz, mas quem o diz. Ele é ministro das Finanças, não da Cultura. Mas parece preocupado com a actual cultura juvenil francesa e tem a “intuição” de que ela possui uma estreita relação com o desenvolvimento integral do seu país.
Na sua intervenção, Le Maire disse aos jovens que, «apesar de a leitura ser uma actividade solitária, nunca se está mais perto dos outros do que quando se lê um bom livro».
Porque é que isto é assim?
Porque para ouvir e dialogar de verdade com os outros é necessário ler. É necessário cultivar a própria interioridade.
Mas, atenção: um bom livro não é um livro qualquer!
Quanto mais fácil é a publicação de textos, mais proliferam os livros medíocres e banais. E o tempo é breve, também para ler.
Convém, por isso, desenvolver a sensibilidade literária para deixar de lado a banalidade e não passar ao lado da grandeza de Humanidade que contêm certos livros.
Como?
Pedindo conselho. Há pessoas cultas que nos podem recomendar livros que mudam a nossa vida para melhor.
Falar, habitualmente, daquilo que lemos com os outros é de enorme importância: enriquece a vida familiar e as conversas com os amigos. Recomendar livros que nos ajudaram a crescer em Humanidade e pedir que nos recomendem a nós também.
E ter presente sempre um princípio fundamental: para ler, não é o tempo que nos falta: é a concentração. O consumo destemperado de ecrãs devora a nossa capacidade de nos concentrarmos e, por isso, de lermos livros que valham realmente a pena.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Doutor em Teologia