Europa: Diálogo inter-religioso

«Passar as lideranças para os cidadãos»

O embaixador do Parlamento Mundial das Religiões considera que os atentados de Paris tornaram urgente «repensar o lugar» da religião na sociedade e, mais do que às lideranças, importa levar o debate às pessoas.

Em entrevista à agência ECCLESIA, Paulo Mendes Pinto salienta que o maior desafio desta equação não é o «confronto» entre credos e valores mas sim «a apatia face ao fenómeno religioso que a maioria dos cidadãos tem».

«Nós temos uma população, não só em Portugal mas em toda a Europa, que tem um fraquíssimo conhecimento sobre esta matéria e até sobre a religião em que está integrada», salienta aquele responsável, membro de uma organização não-governamental dedicada ao diálogo inter-religioso e ecuménico.

Para Paulo Mendes Pinto, é fundamental uma «mudança de mentalidade» que favoreça um debate alargado e sobretudo o conhecimento do que está actualmente em causa.

Na sequência do ataque à redacção do jornal Charlie Hebdo, foram vários os «líderes religiosos» que «responderam prontamente condenando» o sucedido.

O embaixador do Parlamento Mundial das Religiões sublinha a importância destes líderes terem «posições cada vez mais activas, mais frontais», com «uma carga não só simbólica como didáctica».

No entanto, «é mais importante passar de um horizonte das lideranças religiosas para os crentes, para os cidadãos», para que eles tenham também «uma atitude crítica» a respeito de tudo o que se tem passado.

Porque só quando a reacção se fizer também ao nível das pessoas, das comunidades, é que será possível começar a erradicar fundamentalismos e radicalismos, a rejeitar a violência aliada à fé, a salvaguardar o direito de cada um à liberdade.

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