Estimados Leitores, Paz e Bem!

Novamente a todos saudamos com a tão familiar saudação de São Francisco de Assis

Hoje, mais uma vez, antes de celebrarmos, no próximo dia 4 de Outubro, às 19:00 horas na Sé Catedral, o santo que mais se assemelhou a Jesus, gostaríamos de partilhar com todos os nossos irmãos de boa vontade mais algumas reflexões sobre o seu amor, não só a Jesus Cristo crucificado, mas ainda a Nossa Senhora dos Anjos, que amava com um amor de predileção.

Tinha por ela um amor indizível, porque fez nosso Irmão o Senhor digno de toda a majestade. Consagrava-lhe louvores e orações especiais e constituiu Nossa Senhora como Advogada da sua Ordem, confiando-a à sua proteção e guia.

São Francisco, antes de fundar a Ordem e começar a pregar o Evangelho, querendo obedecer à voz de Deus – “Francisco, restaura a minha Igreja” – restaurou, nos arredores de Assis, as igrejas de São Damião e de São Pedro, com a ajuda de Deus, a colaboração do povo, e mesmo com as esmolas dos que o tinham conhecido como grande senhor.

Havia, não longe da cidade de Assis, uma pequena igreja totalmente abandonada, dedicada a Nossa Senhora, Mãe de Deus. Ao ver o estado degradado em que se encontrava, foi viver para lá e restaurou-a também, mesmo sentindo-se bastante fraco, pelos jejuns e sacrifícios que fazia por amor do seu Senhor.

Embora pequeno de estatura, mas grande na humildade, elegeu para ele e para os seus irmãos aquele pedacinho do mundo, enquanto vivesse na terra. Deu-lhe o nome de Porciúncula (pequena porção) e foi este o lugar escolhido para que os que o seguissem se desprendessem totalmente de tudo, a fim de amar e servir só a Jesus e honrar a Sua Santa Mãe. Essa pequena igreja veio a chamar-se de Nossa Senhora dos Anjos, pois durante a noite ouviam-se vozes melodiosas em honra da Virgem Maria.

Foi aí, em Santa Maria dos Anjos, que nasceu a Ordem dos Frades Menores, por inspiração de Deus. Foi aí que se estruturou a “inumerável multidão de irmãos”. Ali, observava-se a disciplina mais rígida, tanto no silêncio e no trabalho, como nas outras práticas regulares dos frades. Os que ali morassem deviam ocupar-se, dia e noite, nos louvores divinos, e levar uma vida angelical tal que testemunhasse a fé e a santidade, cujo perfume se espalhasse até longe.

Nele, o Santo foi agraciado com a visita frequente dos santos anjos e nele atingiu o cume da felicidade. Dizia, por isso, muitas vezes aos irmãos: “Vede, filhos, não abandoneis este lugar. Se fordes expulsos por uma porta, entrai por outra; pois este lugar verdadeiramente é santo e a morada de Deus. Quando éramos poucos, o Altíssimo aqui aumentou o nosso número. Aqui iluminou os corações dos seus pobres com a luz da sua sabedoria; aqui inflamou as nossas vontades no fogo de seu amor. Quem orar aqui de coração devoto, obterá o que pedir, e quem pecar será punido mais gravemente. Considerai, portanto, filhos, o lugar da morada de Deus digno de toda honra, e de todo o coração com exultação e louvor ali confessai a Deus.”

Citando Tomás de Celano, ainda a respeito da pequena igreja de Nossa Senhora dos Anjos, um dos frades menores teve uma visão antes da sua conversão. “Viu em volta dessa igreja uma multidão incalculável de pobres cegos, de joelhos, braços erguidos e semblantes voltados para o céu; com gritos e lágrimas, imploravam todos misericórdia e a luz dos olhos. E eis que uma luz brilhante desceu do céu e os envolveu a todos, restituindo-lhes a visão e a saúde que almejavam”.

Tudo isto foi sinal profético da obra que Francisco realizaria mais tarde, pela Providência de Deus: “A Igreja que devia restaurar não era a de pedra, mas a própria Igreja de Cristo, enfraquecida na época pelas divisões, heresias e pelo apego dos seus líderes às riquezas e ao poder”.

São Francisco, que tanto amou a Virgem Nossa Senhora e a igrejinha da Porciúncula, no final da sua carreira, dois anos depois de receber os estigmas sagrados, vinte anos após a sua conversão, sentindo que se aproximava o fim da sua vida aqui na Terra, pediu que o conduzissem a Santa Maria dos Anjos da Porciúncula, a fim de exalar o seu último suspiro.

Irmã Maria Lúcia Fonseca (FMNS)

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