ESPERANÇA, A PALAVRA-CHAVE DO ANO SANTO DE 2025

ESPERANÇA, A PALAVRA-CHAVE DO ANO SANTO DE 2025

Com o Papa devemos «recomeçar»

Na sua habitual oração dominical do Ângelus, na Praça de São Pedro, por ocasião da Festa do Baptismo do Senhor, que segundo o calendário litúrgico actualmente em vigor na Igreja Católica marca o fim da época natalícia, o Papa Francisco fez a seguinte declaração: «O rosto e a voz de Deus manifestam-se através do lado humano de Jesus».

A Festa do Baptismo do Senhor comemora o momento em que Cristo foi receber o baptismo de penitência pregado e administrado por João Baptista no Rio Jordão. E o que aconteceu nas margens daquele rio há dois mil anos «faz-nos pensar em muitas coisas», destacou o Sumo Pontífice, «inclusivamente no nosso próprio baptismo».

Jesus junta-se ao seu povo que vai receber o baptismo, tendo em vista o perdão dos seus pecados. «Com a alma nua e os pés descalços», acrescentou o Bispo de Roma, citando um hino litúrgico característico da Festa de hoje, «Jesus é baptizado por João como o comum dos mortais».

E ao receber esse Sacramento, o primeiro de todos, o Espírito Santo manifesta-se em Jesus e ocorre a Epifania de Deus, que revela o seu rosto no Filho e faz ouvir a sua voz. E é precisamente sobre esta questão que o Papa concentrou o seu discurso. Disse ele: «Ao revelar-se Pai através do seu Filho, Deus institui um espaço especial que lhe permite entrar em diálogo e comunhão com a Humanidade. Ele é, assim, o rosto do seu Filho amado». Daí a pertinência do convite à reflexão que nos é lançado pelo Santo Padre: Seremos capazes de reconhecer o rosto do Deus em Jesus e nos nossos irmãos e irmãs? Será que estamos habituados a ouvir a Sua voz?

No decorrer da cerimónia pediu várias vezes a todos os fiéis para que se lembrassem da data dos seus respectivos baptismos. «Isso é muito importante!», exclamou, aproveitando para pedir que celebrassem a Festa do Baptismo do Senhor como se fosse um novo aniversário: «o do nosso nascimento no Espírito de Deus».

Após a habitual bênção dominical, o pensamento do Papa esteve com os habitantes do Condado de Los Angeles, na Califórnia, onde nos últimos dias devastadores incêndios têm feito estragos monumentais. «Rezo por todos vós», foram as palavras do Papa, que pouco antes celebrara na Capela Sistina o baptismo de 21 recém-nascidos, filhos de funcionários da Santa Sé e da Guarda Suíça. «Oremos por estas inocentes crianças, e também pelas suas famílias». Aproveitou a ocasião para pedir ao Senhor que iluminasse todos os jovens casais, «para que tenham a alegria de acolher o dom dos filhos e levá-los ao baptismo».

Um dia antes, a 11 de Janeiro, ao inaugurar as “audiências do Jubileu de sábado”, semelhantes em estrutura às Audiências Gerais, que marcarão os próximos meses e permitirão a Francisco “idealmente acolher e abraçar todos aqueles que vêm de todo o mundo em busca de um novo começo”, o Papa repetiu aquilo que os Padres da Igreja, como Santo Irineu de Lyon, afirmaram no longínquo Século I: «Na peregrinação da vida cristã, um novo começo é sempre possível. É sempre possível começar de novo».

De facto, o Jubileu é um novo começo, é a possibilidade de todos começarem de novo a partir de Deus. De forma lúdica, o Papa Francisco convidou a multidão reunida no Salão Paulo VI várias vezes durante a Audiência a cantarem todos juntos o lema “Comecem de novo!”.

O fio condutor do ciclo especial das Audiências Jubilares será a Esperança, a palavra-chave do Ano Santo de 2025. A esperança – explicou o Pontífice, repetindo o que ensina o Catecismo da Igreja Católica – é «uma virtude teologal», ou seja, uma força que vem de Deus. A esperança, portanto, «não é um hábito ou um traço de carácter – que se tem ou não tem – mas uma força que tem de ser solicitada. É por isso que nos fazemos peregrinos: viemos pedir um dom, para recomeçar a jornada da vida».

Inspirando-se na Festa do Baptismo do Senhor, o Papa recordou a figura «do grande profeta da esperança que foi João Baptista». Foram muitos os que o procuraram, desejando um novo começo, desejando recomeçar. O próprio Jesus – continuou o Sucessor de Pedro, citando as palavras relatadas no Evangelho de Lucas – afirmou que «entre os nascidos de uma mulher, ninguém é maior do que João». Mas também sublinhou que «o menor no Reino de Deus é maior do que ele». E aqui está a surpresa: «acolher o Reino de Deus leva-nos a uma nova ordem de grandeza».

Como João Baptista, que na prisão, antes de ser decapitado por ordem de Herodes, estava «cheio de perguntas», também nós questionamos permanentemente ao longo da nossa peregrinação, porque há muitos “Herodes” que ainda se opõem ao Reino de Deus. Porém, Jesus mostra-nos o novo caminho, o caminho das Bem-aventuranças, a surpreendente lei do Evangelho. E podemos sempre recomeçar. «E aqui» – concluiu – «está o novo começo, o nosso Jubileu. E, por conseguinte, devemos…» E então a multidão, a pedido do Papa Francisco, repetiu uma vez mais, todos juntos, a palavra “Recomeçar!”.

Joaquim Magalhães de Castro

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *