A luta contra a desordem
Excerto de um artigo da Reuters, publicado há apenas uma semana: “O apartamento de apenas um quarto de Fumio Sasaki em Tóquio é tão impressionante (intimidante) que os seus amigos o comparam a uma sala de interrogatórios. Ele possui apenas três camisas, quatro calças, quatro pares de meias e umas poucas outras coisas.
O problema não é dinheiro. O editor de 36 anos fez uma escolha consciente do seu estilo de vida, juntando-se a um número crescente de japoneses que decidiram que menos é mais”.
O tipo de vida de Sasaki contrasta com a grande maioria de nós, que nos encontramos assoberbados com a desordem.
Para algumas pessoas pode ser o resultado da “aquisição compulsiva”, ou “compra por impulso”, um tipo de mentalidade que leva à sensação de que “eu posso precisar disto um dia” ou um apego sentimental às coisas.
Para outros pode ser apenas procrastinação, deixando tudo para mais tarde. Um perito em gestão de tempo diz que, “no fundo, cada item da desordem é uma decisão adiada”.
Pode haver muitas razões para se adiar uma decisão. Algumas vezes é por prudência. Outras vezes por se ter receio de algo ou talvez preguiça.
“Amanhã! Algumas vezes é prudência; muitas vezes é o advérbio dos vencidos” (São Josemaría, Caminho, n. 251).
São Josemaría adorava repetir estas duas palavras em Latim: “hodie et nunc” (hoje e agora). Argumentava que a única coisa real é o momento presente, o AGORA. O passado já se foi e o futuro ainda está para vir.
Por vezes enganamo-nos a nós próprios pensando que o tempo é nosso, que o possuímos. Na realidade o que temos é apenas um momento, este momento presente. Sendo assim, «não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema (Mateus 6:34)».
Deus concebeu-nos para a grandiosidade, mas essa grandiosidade é composta por cada momento presente, vivido em pleno. Deus convida-nos a focarmo-nos em cada momento presente e dar-lhe o melhor de nós próprios. Desta forma evitaremos a desordem e o caos.
Cada um de nós terá que encontrar o modo de se organizar. Um perito organizacional (http://www.organizerny.com/) sugere uma forma de lidar com o trabalho no escritório. “Only Handle it Once (Processe-o apenas uma vez) significa que cada vez que se mexe num documento se deve passá-lo à fase seguinte, para que se acabe com o seu manuseamento. Assim que tivermos acabado de lidar com esse documento ele poderá ser arquivado (se for preciso, mais tarde poderemos guardá-lo para futura referência), deitado fora, reciclado ou cortado às tiras (se não precisarmos dele), ou ainda passá-lo a outro alguém para maior processamento. Pegar num documento e pô-lo de volta onde estava, sem se ter tomado qualquer decisão, é uma perda de tempo. NÃO FAÇAM ISSO!”
E como podemos fazer para evitar a acumulação de coisas de que não precisamos? Uma maneira é perguntarmos a nós próprios: vamos mesmo necessitar de usar isto nos próximos doze meses? E em que ocasião? Se a resposta for não, então devemos deixar de querer comprar ou guardar seja o que for.
Manter o que é supérfluo fora das nossas vidas é uma luta constante para todos nós. Ser mais positivo é a luta para se restaurar a ordem, não apenas nas nossas coisas ou no nosso tempo, mas também nas nossas mentes e corações.
É uma luta que deve começar hoje e agora.
Pe. José Mario Mandía