DOENÇA MENTAL DE CRIANÇAS E JOVENS

DOENÇA MENTAL DE CRIANÇAS E JOVENS

Uma pandemia escondida?

A pandemia de Covid-19 veio reforçar a importância do tema da saúde mental. Especialistas de todo o mundo defendem que o impacto dos períodos de confinamento e do isolamento social só será identificado com rigor daqui a uns anos. Mas algumas investigações em curso já apresentam resultados preocupantes.

O relatório “A situação mundial da infância 2021 – na minha mente: promover, proteger e cuidar da saúde mental das crianças” veio alertar para a necessidade de se estar atento aos sinais e de proteger as crianças e os jovens, algo que já se verificava antes da pandemia e que foi acentuada durante este período. “De acordo com as últimas estimativas disponíveis, calcula-se que, a nível mundial, mais de um em cada sete adolescentes com idades compreendidas entre os 10 e os 19 anos vivam com um distúrbio mental diagnosticado”, conclui o relatório. Mas, apesar desta realidade, persistem grandes lacunas entre as necessidades de investimento na saúde mental e o financiamento do seu tratamento, adverte a UNICEF. “O relatório mostra que, a nível global, apenas 2% dos orçamentos públicos da área da saúde são atribuídos a despesas com a saúde mental”.

Ainda de acordo com os últimos dados divulgados pela UNICEF, a nível global, pelo menos “uma em cada sete crianças foi directamente afectada pelos confinamentos, enquanto mais de 1,6 mil milhões de crianças sofreram alguma perda ao nível da educação. A perturbação das rotinas, da educação, do lazer e a preocupação com o rendimento familiar e a saúde estão a deixar muitos jovens com medo, revoltados e preocupados com o seu futuro”.

A nível nacional, um estudo longitudinal liderado por Ana Paula Matos, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação e investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental da Universidade de Coimbra, e realizado por uma equipa da Faculdade de Psicologia de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra em parceria com investigadores da Universidade Emory, nos Estados Unidos da América, e da Universidade da Islândia, concluiu que “14% dos adolescentes com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos – e uma média de idades de 14 anos – têm apresentado sintomatologia depressiva elevada durante a pandemia de Covid-19”. Os resultados preliminares, publicados em Fevereiro deste ano, demonstram um aumento desta prevalência quando comparados com outra investigação conduzida pela mesma equipa durante os anos de 2009-2014, com ligação à crise económica portuguesa.

Com uma amostra composta por 206 adolescentes a frequentar o 9.° ano de escolaridade, a equipa verificou ainda um aumento de emoções negativas, como tristeza, medo, raiva e sintomas de ansiedade e uma descida de felicidade, conforme sublinhado por Ana Paula Matos e divulgado em comunicado de imprensa da Universidade de Coimbra, esclarecendo ainda que as raparigas apresentaram mais sintomatologia do que os rapazes. Na segunda vaga da pandemia em Portugal, nos meses de Novembro e de Dezembro, a equipa reavaliou parte da amostra, com 122 adolescentes, e verificou-se um aumento “dos níveis do medo e de sintomas de ansiedade” em comparação com a primeira vaga.

Os resultados evidenciam a necessidade “de se dotar os jovens de mecanismos de protecção para a depressão, promovendo competências de auto-compaixão e mindfulness e uma percepção mais positiva de si próprio/a”.

A Direção-Geral da Saúde, através do Programa Nacional para a Saúde Mental, tem vindo a divulgar alguns conselhos direccionados a pais e cuidadores de crianças e jovens, alertando para a importância de encontrar alternativas para ultrapassar os desafios que a pandemia trouxe às famílias. Também a Ordem dos Psicólogos Portugueses desenvolveu várias iniciativas “online”, incluindo “talks”, “livestreaming” e um conjunto de materiais informativos para a promoção da saúde psicológica em geral e nestas faixas etárias em particular.

CAIXA

Como ajudar as crianças e os jovens?

É importante seleccionar fontes fidedignas e credíveis em detrimento de “fake news” que confundem e incentivam a sentimentos de dúvida em relação ao futuro. Deixamos algumas sugestões.

– Associação Encontrar+SE:https:/ /www.encontrarse.pt/

– Ordem dos Psicólogos Portugueses:https://www.ordemdospsicologos.pt/

– Programa Nacional para a Saúde Mental da DGS:https://saudemental.min-saude.pt/

– UNICEF:www.unicef.pt

CLÁUDIA PINTO 

Família Cristã

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