DEPOIS DA SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS, O DIA DE FINADOS

DEPOIS DA SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS, O DIA DE FINADOS

Pelos que alcançaram a glória celestial

A Igreja em Macau celebrou na quarta-feira, 2 de Novembro, o Dia de Finados, ou Dia dos Fiéis Defuntos, tendo o bispo D. Stephen Lee celebrado missa na igreja da Sé Catedral. Na homilia, o prelado centrou o discurso no significado da morte, ou seja, na passagem da vida terrena para a glória celestial. A missa em Português foi posteriormente celebrada pelo padre Daniel Ribeiro, SCJ.

A Igreja dedica o dia 2 de Novembro à celebração e homenagem aos entes queridos que já morreram. Entre os católicos, é dia de visita aos cemitérios e de recordação e reflexão. No México, por exemplo, da tradição católica nasceu um conjunto de celebrações festivas, com comida, bebida, dança e pinturas faciais, além de vestes alusivas ao tema da morte. Festeja-se aí a “Santa Muerte”, na forma de “Catrina”, um esqueleto com gadanha, manto e globo terrestre. O significado essencial é, porém, o mesmo: honrar e prestar homenagem aos mortos.

Já no Século II alguns cristãos rezavam pelos falecidos quando visitavam os túmulos dos mártires. Mais tarde, no Século V, a Igreja dedicou um dia do ano à oração pelos mortos já esquecidos. O abade beneditino Odilon de Cluny, em fins do Século X, exortava os monges no mesmo sentido. Estas iniciativas tiveram eco a partir do Século XI, quando os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) recordaram também à Cristandade a importância de dedicar um dia aos mortos. A partir do Século XIII a data passou-se a celebrar, de forma oficial, a 2 de Novembro, um dia após a Solenidade de Todos os Santos. Este dia celebra, principalmente, os santos anónimos, enquanto o Dia de Finados honra as almas do Purgatório, pelas quais se oferecem preces e sacrifícios.

Para uns, o costume deriva da tradição do culto a todos os deuses, como no Panteão em Roma. Outros advogam a origem num sincretismo mexicano, de base azteca, mais propriamente pela associação cristã ao deus Mictlantecuhtli, conhecido como o Senhor do Reino dos Mortos. Depois, para outros, existe a cristianização da tradição céltica, com base no antigo festival celta das colheitas, o “Samhain”, que era também a passagem do ano entre os celtas. Mas a origem é seguramente europeia, a partir do monaquismo beneditino, de onde se deu a transposição para a liturgia da Igreja.

Muito além das orações pelos que já partiram, este dia serve para se pedir pela bem-aventurança dos entes queridos perante Deus, para que Ele conceda misericórdia e paz às almas dos falecidos. No Dia de Finados são realizadas três missas especiais para interceder pelos fiéis defuntos. Apesar de todas essas possíveis influências, o Dia de Finados é ainda hoje celebrado em todo o mundo católico.

Vítor Teixeira 

Universidade Fernando Pessoa

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