AFEGANISTÃO

CRISTÃOS NA ÁSIA

AFEGANISTÃO

Uma presença residual de católicos estrangeiros

N.d.R.: Este texto foi redigido antes da retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão, concretizada durante o passado mês de Agosto. Assim, a maioria das informações está desactualizada, mas ajuda a entender de que forma os cristãos vêm sendo perseguidos no País.

O Catolicismo no Afeganistão é, hoje, praticamente inexistente; apenas uma presença residual de uns trezentos católicos estrangeiros. Num país de esmagadora maioria muçulmana, a liberdade de religião tem sido difícil de obter nos últimos tempos, especialmente sob o antigo regime talibã. Em 16 de Maio de 2002, o Papa João Paulo ll estabeleceu uma missão sui iurisno Afeganistão, com o padre Giuseppe Moretti como seu primeiro superior e responsável. A única igreja católica no País é a capela na embaixada italiana em Cabul. Em 2004, as Missionárias da Caridade chegaram a Cabul para desenvolver trabalho humanitário.

Numa população de 32 milhões de habitantes, a presença católica é uma luzinha à luz do Sol, mas que está acesa e brilha nas obras. De acordo com o evangelho apócrifo de Tomé e outros documentos antigos, São Tomé pregou na Báctria, que é hoje o Norte do Afeganistão. Os nestorianos implantaram o Cristianismo na área, e houve nove bispos e dioceses na região, incluindo Herat (424-1310), Farah (544-1057), Candaar e Balkh. Esta organização da igreja nestoriana foi destruída por invasões muçulmanas no Século VII, embora o território não tenha sido substancialmente controlado por muçulmanos até aos Séculos IX e X. Em 1581 e 1582, os jesuítas e o português Bento de Góis foram calorosamente recebidos pelo Imperador Akbar, mas não houve presença duradoura dos jesuítas no País. O Afeganistão passou ao longo de quase quatrocentos anos por várias vicissitudes, ocupações e colonialismos. Apenas em 1919 alcançou a independência.

A Itália foi o primeiro país a reconhecê-la, em 1919, e o Governo afegão perguntou como poderia agradecer à Itália. Roma solicitou o direito de construir uma capela, que estava sendo solicitada por estrangeiros que viviam na capital afegã. Uma cláusula que dá a Itália o direito de construir uma capela na sua embaixada foi incluída no tratado ítalo-afegão de 1921, e nesse mesmo ano os missionários barnabitas chegaram para começar o trabalho pastoral. Porém, o trabalho pastoral só começou verdadeiramente em 1933, quando a capela começou a ser construída. Só na década de 1950 foi terminada a construção da capela.

O Papa João Paulo II pediu uma solução para a invasão soviética do Afeganistão na década de 1980. De 1990 a 1994, Giuseppe Moretti era o único padre no Afeganistão, mas foi forçado a sair e voltar à Itália em 1994, depois de ser atingido por estilhaços. Porém, após o seu tratamento médico, este sacerdote barnabita regressou ao Afeganistão. Depois de 1994, apenas as Irmãzinhas de Jesus (Missionárias da Caridade de Madre Teresa de Calcutá) foram autorizadas a permanecer no Afeganistão, porque estavam lá desde 1955 e tiveram o seu trabalho reconhecido. Com a chegada dos talibãs ao poder, as Irmãs continuaram o seu trabalho, mas devido à invasão norte-americana em 2001 o padre Moretti novamente foi forçado a fugir de novo, retornando mais tarde, após a derrota dos talibãs.

A primeira missa, em nove anos, foi celebrada em 27 de Janeiro de 2002 para os membros da Força de Segurança Internacional e vários membros de agências estrangeiras. Três Irmãs Missionárias trabalham com deficientes mentais em Cabul: As Missionárias da Caridade inauguraram a sua casa em 9 de Maio de 2006, e começaram a acolher crianças da rua. No princípio houve receio de que o hábito azul e branco iria fazê-las notarem-se demasiado e serem, por isso, perseguidas pelos muçulmanos, mas geralmente são respeitadas. O Serviço Jesuíta aos Refugiados também se juntou ao crescente número de ordens religiosas no País. Os jesuítas também abriram recentemente uma escola técnica em Herat para quinhentos alunos, incluindo 120 meninas.

Tem havido esforços para iniciar o diálogo inter-religioso entre o Vaticano e o Supremo Tribunal afegão. O mulá Faisal Ahmad Shinwari participou da inauguração da nova missão e manifestou o desejo de se encontrar com o Papa. A comunidade católica no Afeganistão é formada principalmente por estrangeiros, não havendo afegãos actualmente a fazerem parte da Igreja, principalmente devido à pressão social e legal para não se converterem a religiões não islâmicas. Alguns afegãos converteram-se no estrangeiro, mas mantêm segredo quando regressam ao seu país, tentando assim evitar problemas. Relações com o novo Governo democrático do Afeganistão têm sido positivas: o Presidente Hamid Karzai esteve presente no funeral do Papa João Paulo II e felicitou o Papa Bento XVI pela sua eleição. O Núncio Apostólico no Paquistão visitou o Afeganistão em 2005 e celebrou uma missa na capela da embaixada italiana para uma grande multidão. Os católicos têm a esperança de que uma igreja católica aberta ao público afegão e laços diplomáticos oficiais entre a Santa Sé e o Afeganistão serão possíveis no futuro. A presença de católicos estrangeiros em tão reduzido número e a presença significativa de missionários no Afeganistão só se explica pelo amor que dedicam ao povo e ao desenvolvimento social e cultural. Não estão por proselitismo: estão por verdadeira e autêntica fraternidade, dedicando o seu tempo e talentos aos mais desfavorecidos e a todos os que precisam de cuidados e de amor.

ANDRÉ LAGOS

 Boa Nova – atualidade missionária(fonte quase exclusiva Wikipédia)

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