Fátima celebrada em Macau também em Chinês
A igreja de São Domingos voltou, no passado sábado, a acolher a tradicional missa evocativa das Aparições de Fátima, depois de em Julho a cerimónia religiosa alusiva à terceira aparição não se ter realizado, devido ao último surto de Covid-19 registado em Macau. A grande novidade é que desde Junho, para além da missa em Português de 13 de cada mês, neste mesmo dia está também a ser celebrada missa em Chinês às 7 horas e 45 da manhã.
A devoção a Nossa Senhora de Fátima há muito que é uma realidade em Macau, mas este ano ganhou novo impulso por iniciativa do padre João Evangelista Lau. O pároco da igreja de São Lázaro sugeriu que cada uma das seis Aparições de Fátima – ocorreram na Cova da Iria entre 13 de Maio e 13 de Outubro de 1917 – passassem a ser igualmente celebradas em Chinês, uma vez que até agora apenas tinham lugar em Português.
Lançada a título experimental, a evocação das seis aparições que constituem o ciclo mariano tem despertado grande interesse junto da comunidade católica chinesa do território. A iniciativa, assegura o padre João Lau, tem sido bem acolhida por parte dos fiéis, não obstante o impacto da pandemia de Covid-19. «Estas celebrações mensais[em Chinês]surgiram por minha iniciativa. Este ano, depois do fim da novena de Nossa Senhora de Fátima, que se celebra antes de 13 de Maio, tomei a iniciativa de convidar todos os fiéis a participarem, entre Junho e Outubro, todos os dias 13, numa missa matinal na igreja de São Domingos. Normalmente é celebrada às 7 horas e 45 minutos», explicou o sacerdote, em declarações a’O CLARIM. «Esta celebração só começou a ser organizada este ano, em grande medida a título experimental. Celebrei a missa evocativa da segunda aparição de Fátima a 13 de Junho. Em Julho não houve missa, como se sabe; voltei a celebrar há alguns dias e participaram cerca de noventa pessoas», acrescentou.
A boa adesão à iniciativa poderá tornar esta celebração permanente, podendo inclusivamente ser alargada aos restantes meses do ano. «Estou a ponderar celebrar uma missa em honra de Nossa Senhora de Fátima todos os dias 13 de cada mês. Pondero essa possibilidade, mas tenho que ver como é que isto pode ser feito», revelou o padre João Lau.
A primeira capela dedicada a Nossa Senhora de Fátima em Macau foi erguida em 1929, por iniciativa do padre José António Augusto Monteiro, no Bairro Tamagnini Barbosa. No mesmo local foi fundada, por provisão diocesana datada de 10 de Agosto de 1965, a paróquia de Nossa Senhora de Fátima. Uma moderna igreja substituiu a capela em Dezembro de 1968, escassos meses depois da diocese de Leiria ter oferecido à nova paróquia uma imagem de Nossa Senhora de Fátima.
EMIGRANTES ENCHERAM SANTUÁRIO DE FÁTIMA
Milhares de emigrantes encheram no último fim-de-semana o recinto do Santuário de Fátima. A edição de 2022 da chamada “Peregrinação dos Emigrantes” foi presidida pelo bispo da diocese norte-americana de Fall River.
D. Edgar Moreira da Cunha convidou os peregrinos que se deslocaram à Cova da Iria a assumir um papel mais activo em termos de evangelização e desafiou-os a trabalharem em prol da construção de um mundo melhor. O bispo brasileiro, responsável por uma diocese que conta com forte presença lusófona, instou os fiéis a provar que não são católicos «apenas de nome»: «Espero que a partir de hoje possamos dedicar mais tempo à oração e menos tempo à televisão; mais tempo com a família e menos em interesses pessoais; mais tempo em silêncio, para ouvir a voz de Deus, e menos tempo com os barulhos da vida; mais tempo com Jesus e menos tempo nas redes sociais», disse o prelado, citado pela agência ECCLESIA.
As celebrações de 12 e 13 de Agosto englobaram a peregrinação do migrante e do refugiado, a manifestação mais evidente da 50.ª edição da Semana Nacional das Migrações. A efeméride, que este ano se celebrou subordinada ao tema “Construir o futuro com migrantes e refugiados”, terminou no passado Domingo e antecipou aquela que deverá ser a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que também este ano se assinala a 25 de Setembro.
A Semana Nacional das Migrações é uma iniciativa da Obra Católica Portuguesa de Migrações, um organismo criado pela Conferência Episcopal Portuguesa há sessenta anos.
Para além dos milhares de emigrantes que aproveitaram a ida a Portugal para invocar a protecção da Virgem Maria, a peregrinação de 12 e 13 Agosto atraiu ainda três grupos provenientes da Polónia e de Portugal e dois da Alemanha e de Espanha. Milhares de peregrinos oriundos de países como a Áustria, Bélgica, França, Irlanda, Israel, Itália, Senegal e o Vietname também participaram nas celebrações.
A aparição de Agosto foi a única que não ocorreu na Cova da Iria, tendo-se dado na zona dos Valinhos.
A peregrinação do passado fim-de-semana pautou ainda o regresso das grandes multidões ao recinto da Cova da Iria. Em 2021, as celebrações de 12 e 13 de Agosto estiveram limitadas a quinze mil pessoas, devido à pandemia de Covid-19.
Marco Carvalho