«Pequenos grandes missionários, no anúncio do Evangelho de Jesus» Papa João Paulo II
Provenientes de 25 países europeus, 43 delegados participaram na Conferência Europeia da Infância Missionária (CEME), que teve início a 7 de Abril em Bucareste e terminou a 13 desse mês, com uma parada final na pequena cidade de Blaj.
Organizada pelos Padres Carmelitas Descalços do mosteiro de Snagov, perto de Bucareste, o encontro permitiu aos participantes partilhar as suas experiências, aprofundar o tema do encontro – centrado na cooperação missionária – e conhecer directamente as actividades da Pontifícia Obra da Infância Missionária na Roménia. Esta Obra, fundada a 19 de Maio de 1843 por D. Carlos Forbin Janson, bispo da cidade francesa de Nancy, tem como finalidade “suscitar o espírito missionário universal nas crianças”, desenvolvendo-lhes o “protagonismo na solidariedade e na evangelização”, e, através delas, em todo o Povo de Deus. A necessidade de promover a actividade missionária entre as crianças seria motivada pelas cartas e notícias que os missionários, principalmente os sedeados na China, escreviam contando a triste e dura realidade das crianças naquelas regiões e naquela época: doenças, mortalidade, analfabetismo, abandono…
A Obra da Infância Missionária é, pois, um serviço “a favor da formação e comunhão missionária das crianças e dos seus animadores”, para que cooperem na evangelização universal, especialmente das crianças de todo o mundo, e na solidariedade, pugnando pela partilha dos bens materiais. A designação Infância Missionária tem origem na devoção à infância do Menino Jesus, muito presente em toda a França.
O Papa João Paulo II designava as crianças da Infância Missionária de “pequenos grandes missionários, no anúncio do Evangelho de Jesus”, seguindo o espírito do Concílio Vaticano II que declarara deverem as Pontifícias Obras Missionárias ocupar lugar cimeiro, “pois constituem um meio privilegiado de difusão junto dos católicos, desde a infância, do sentido verdadeiramente universal e missionário” (Ad Gentes, 38).
A propósito da recente CEME, afirmou o padre Eugen Blaj, director das Pontifícias Obras Missionárias na Roménia: «Foi uma experiência muito interessante e enriquecedora, da qual todos muito aprendemos. Por exemplo, ficámos a saber que nalguns países o espírito da infância missionária é divulgado nas escolas. Ou seja, as crianças inteiram-se das actividades das Pontifícias Obras Missionárias através dos livros didácticos que usam nas aulas de educação religiosa. Estas são iniciativas que gostaríamos de propor e implementar aqui na Roménia».
O CEME contou com a presença do arcebispo metropolitano de Bucareste, D. Aurel Perca, que celebrou Missa a 9 de Abril, na igreja do mosteiro. O prelado agradeceu a todos os participantes pelo seu empenho e encorajou-os na sua missão. Assistiram-no na Eucaristia um grupo de crianças missionárias provenientes de diversas paróquias de Bucareste. Alguns deles, como recordou a irmã Roberta Tremarelli, secretária geral da Sociedade da Santa Infância em Roma, também presente no evento, «fazem parte da Infância Missionária desde o estabelecimento na Roménia das Pontifícias Obras Missionárias». Nessa noite, após o jantar, os pequenos missionários apresentaram um programa cultural e conversaram com a irmã Roberta e os demais participantes. No dia seguinte, o jesuíta romeno Marius Taloș apresentou uma profunda reflexão sobre a “fundamental importância da cooperação” e os participantes tiveram a oportunidade de conhecer algumas realidades da Igreja local e visitar vários sítios culturais e eclesiais, assim como a Nunciatura Apostólica de Bucareste, onde foram recebidos pelo monsenhor Tuomo T.Vimpari, conselheiro daquele organismo. Os delegados também visitaram as três catedrais da capital romena: a Catedral Ortodoxa, a Catedral Católica de Rito Latino e a Catedral Greco-Católica, esta, a mais pequena catedral do mundo.
Os participantes da Conferência Europeia da Infância Missionária visitaram a cidade de Sinaia e o santuário mariano de Sumuleu-Ciuc, onde o Papa Francisco celebrou Missa durante a sua visita à Roménia em 2019; do programa constou também uma visita à Universidade Estatal de Alba Iulia (onde foram recebidos pelo reitor) e à comunidade greco-católica de Barbu Lautaru, um pequeno bairro da cidade de Blaj, onde conheceram um grupo de crianças missionárias de etnia cigana. No último dia da sua estada em solo romeno, os participantes do CEME assistiram à Missa na Catedral Greco-Católica de Blaj, celebrada no Rito Bizantino pelo bispo auxiliar Cristian Crisan. Durante a cerimónia (animada por crianças missionárias ciganas) D. Crisan transmitiu a todos os participantes as saudações e a bênção do cardeal D. Lucian Muresan, chefe da Igreja Greco-Católica Romena, e rezou para que «a actividade como missionários em nome do Senhor Jesus e como leigos comprometidos com o serviço da Igreja e de Deus seja credível e dê frutos em abundância».
No último dia do CEME, os participantes decidiram que o próximo encontro será realizado na Eslováquia, em 2026.
Joaquim Magalhães de Castro