Chamada para a Grandiosidade (19)

Ultrapasse-se a si próprio

Charles Michael Schwab (1868-1933) foi um magnata da industria do aço, que expandiu a empresa “Bethlehem Steel” até se tornar na segunda maior companhia de transformação de aço do mundo.

No seu livro “Succeeding with What You Have” conta a história de como o gerente de uma usina parecia ser incapaz de motivar os seus homens a darem o seu melhor. O gerente disse a Schwab que já tinha tentado todas as formas que conhecia: adulando-os, pressionando-os, insultando-os… mas sem sucesso.

Acontece que enquanto conversavam o turno do dia preparava-se para sair e o turno da noite deveria começar a trabalhar dentro em breve. Schwab pediu um pedaço de giz a um dos operários e então perguntou-lhe:

«Quantas corridas (lotes) de aço o seu turno efectuou hoje ?». «Seis», respondeu-lhe o homem.

Schwab escreveu um grande número seis no chão e saiu da usina. Quando o turno da noite entrou ao serviço os operários viram o grande “6”e perguntaram o que era aquilo. «O patrão esteve aqui hoje», disse um trabalhador do turno de dia. «Perguntou-nos quantas corridas tínhamos feito e nós respondemos seis. Depois escreveu o número aí no chão».

Na manhã seguinte, Schwab passou pela mesma usina. Reparou que alguém da empresa do turno da noite tinha apagado o “6” e escrito “7” no seu lugar. Regressou nessa noite e viu que o “7” tinha sido substituído por um “10”. Acontece que esta usina acabou por ser a mais produtiva.

“Citior, altior, fortior” – mais rápido, mais alto, mais forte – é o lema olímpico. É esta a atitude que devemos ter na nossa vida, seja ela de cariz pessoal, social, profissional ou espiritual.

“Não andem por aí, sem rumo, como uma galinha, quando podem voar alto como uma águia” (São Josemaría, O Caminho, nº 7). Voar alto como uma águia requere que alcancemos pequenos objectivos, um de cada vez, ultrapassando-nos passo a passo.

Terry Laughlin, fundador da “Total Immersion” (Imersão Total), ensinou centenas de pessoas a nadar no estilo livre – especialmente em águas profundas – sem se desgastarem demais. Um dos seus “estudantes” foi um médico de 92 anos de idade que nadou 500 metros sem qualquer dificuldade. Um dos segredos de Terry é a ideia do melhoramento contínuo. Diz ele que cada vez que entramos na água devemos saber o que estamos a tentar fazer em cada sessão de natação, qual o tipo de melhoramento que se está a tentar conseguir.

Terry, que já passou dos 65 anos, diz: “Depois de 38 anos a nadar, a treinar e a ensinar; depois de mais de 15 mil quilómetros a nadar (uma média de 500 mil metros por ano) ainda estou a melhorar regularmente o meu controlo, a eficiência e a vontade. Também nado os mil e 500 metros mais rápido do que quando tinha 18 anos e era um caloiro na faculdade, em 1969”.

Um aluno pode não conseguir ficar sentado durante três horas seguidas a estudar, mas pode começar com períodos de dez minutos, descansando durante um minuto de intervalo, até que acabe o seu trabalho. Uma pessoa triste ou rude pode começar por tentar sorrir pelo menos uma vez por dia, depois duas vezes, depois três…

Algum que deseje desenvolver a sua devoção ao Santo Rosário deverá, talvez, começar com cinco Ave-Marias por dia, ou dez e ir aumentando gradualmente durante dois meses.

São Josemaría disse que precisamos “de crescer em face dos obstáculos” (O Caminho, nº 12). Quando enfrentamos desafios podemos crescer em sabedoria, coragem, fé, amor… Os problemas são oportunidades para crescermos. E acrescentava: “A graça de Deus não vos abandonará: ‘Inter medium montium pertransibunt aquae!’ Atravessarás montanhas!” (O Caminho, nº 12).

Não podemos esquecer os milagres que a Graça de Deus pode fazer nas nossas almas. Por intermédio das orações e da recepção frequente dos sacramentos, a Graça pode rejuvenescer-nos, pode recriar-nos, pode ajudar-nos a ultrapassarmo-nos a nós próprios.

São Gregório de Nissa, no seu “Vita Moysis”, escreveu que “estamos em dívida para com os nossos pais, que nos criaram como nós gostaríamos de ser, de acordo com o nosso desejo, formando-nos de acordo com o modelo que escolhemos”. Cabe-nos decidir se queremos crescer ou não.

“Além disso, quando explicamos a razão das nossas reacções espontâneas, em vez de dizermos ‘é assim que eu sou’, devemos admitir mais vezes: ‘foi assim que eu me fiz’” (Autores das Nossas Próprias Vidas, www.opusdei.org).

Pe. José Mario Mandía

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