CATÓLICOS DEFENDEM ALTRUÍSMO E HUMANISMO

CATÓLICOS DEFENDEM ALTRUÍSMO E HUMANISMO

Por solidariedade e defesa da vida humana

Numa demonstração de puro altruísmo, diversas comunidades católicas de um dos países mais pobres do mundo, o Bangladesh, continuam a ajudar as vítimas dos terramotos da Turquia e Síria, agora que perfaz mês e meio sobre tão funesto acontecimento.

Habituados a lidar com os humores da natureza, que a intervalos regulares os prendam com tufões, inundações e demais calamidades naturais, não esquecem os “banglas” a solidariedade internacional que sempre recebem. E, agora, são os que menos possuem que se mostram prontos a estender a mão a quem precisa, retribuindo assim “a ajuda recebida”. Todos os Domingos (e é assim há mais de um mês), no decorrer da Eucaristia, reza-se pelas vítimas e são feitos apelos para doações em todas as paróquias e dioceses do Bangladesh, sendo enviado o produto dessa colecta extraordinária às Igrejas dos países afectados.

Subrato B. Gomes, pároco da igreja de Nossa Senhora do Rosário, no bairro de Tejgaon, Daca – com cerca de quinze mil almas, a maior comunidade católica do País –, convida os seus fiéis a rezarem o Rosário todas as noites pelas vítimas do terramoto, «para que encontrem consolo e superem tão terrível provação». Também Subir Corraya (Correia), um dos fiéis dessa paróquia constituída maioritariamente por luso-descendentes, expressou «solidariedade e proximidade» com as pessoas da Turquia e da Síria, assumindo como sua a dor e sofrimento daquela gente. Tanto a Bangladesh Christian Association, liderada por Nirmol Rozario, assim como a Uttarbanga Christian Bohumukhi Samabaya Samity, uma pequena instituição financeira gerida pelo católico Tarcisius Palma, não pretendem deixar esmorecer a campanha de solidariedade em curso.

Recorde-se que o Governo do Bangladesh manteve no teatro de operações uma equipa de 51 pessoas (soldados, bombeiros, pessoal da defesa civil) e ofereceu doze mil tendas, dez mil cobertores e toneladas de ajuda alimentar.

COREIA DO SUL

Também na Coreia do Sul continuam mobilizados os católicos locais. A Cáritas tem em curso uma campanha durante este período de Quaresma tendo em vista um fundo de emergência de duzentos mil dólares norte-americanos destinado a apoiar as vítimas dos terramotos. A Cáritas-Coreia sempre contou com aquilo a que os seus responsáveis designam de “generosidade ilimitada e proverbial dos fiéis coreanos”. Entre os doadores – naquela que é descrita como “uma comovente corrida solidária” – encontra-se a Seoul Catholic Social Welfare Association, a Associação de Apoio Missionário Cardeal Jin-seok Jeong, a Associação dos Superiores Católicos Coreanos, além de inúmeras paróquias, associações, escolas e até jardins de infância católicos. Em declarações à agência noticiosa FIDES, o Presidente da Cáritas-Coreia, Monsenhor Shin Chin-chul garantiu que os fundos de emergência serão doados através da Cáritas-Turquia e Cáritas-Síria, e visam fornecer abrigos de emergência, comida e água. Nas cidades de Iskenderun, Antakya e Mersin, as mais atingidas, voluntários distribuem alimentos e “kits” de saúde. Este tipo de assistência de emergência estende-se a Istambul e Izmir, cidades para onde se mudaram inúmeros desalojados.

Do lado sírio, a Cáritas-Síria concentra-se sobretudo em Aleppo e Hama, distribuindo alimentos, medicamentos, água e outros itens de primeira necessidade, “enquanto se planeiam operações de apoio de médio e longo prazo”. No primeiro mês após o cataclismo, a Igreja na Coreia do Sul já arrecadou mais de 290 mil dólares norte-americanos para ajuda humanitária. Entretanto, e seguindo o seu caminho “em nome e defesa da vida”, a Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal da Coreia do Sul apresentou oficialmente ao Parlamento coreano, no passado dia 13, uma petição pela abolição da pena de morte e introdução de sentenças alternativas. A petição é assinada por todos os 25 bispos coreanos, por sacerdotes, religiosos e leigos das dezasseis dioceses, num total de 75 mil 843 assinaturas. Os católicos lembram que, nos últimos anos, nove outros projectos de lei sobre a abolição da pena de morte foram apresentados à Assembleia Nacional, mas sem qualquer resultado. As últimas execuções na Coreia do Sul ocorreram a 30 de Dezembro de 1997, altura em que foram enforcadas 23 pessoas. Desde então, e por duas ocasiões, em 2020 e 2022, Seul votou a favor de uma moratória sobre a pena de morte na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Invocando o profundo respeito e a inviolabilidade de toda a vida humana, incluindo a de “Caim”, “a República da Coreia deve ir além da moratória das execuções para se tornar um país que abole completamente a pena de morte”, afirma a nota dos bispos católicos, pedindo ao Estado que “rompa o círculo vicioso da violência”. “É um facto notório, confirmado por numerosos estudos, que a pena de morte não tem qualquer efeito dissuasor sobre a criminalidade. Para reduzir a incidência da criminalidade na sociedade, é necessário desenvolver políticas preventivas, para resolver os problemas estruturais, económicos e as contradições sociais da nossa sociedade e identificar as causas profundas do próprio crime, desenvolvendo a criação de uma rede de segurança em toda a sociedade”, lê-se na referida nota.

Ao submeter a petição ao Parlamento, a Igreja Católica na Coreia do Sul espera “um debate parlamentar aprofundado sobre o projecto de lei, que pode levar à abolição da pena de morte, de uma vez por todas”.

Joaquim Magalhães de Castro

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *