D. Stephen Lee convoca novena de oração pela população de Hong Kong

CASOS DE INFECÇÃO NÃO PÁRAM DE AUMENTAR NA VIZINHA REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL

D. Stephen Lee convoca novena de oração pela população de Hong Kong

O bispo de Macau convocou uma “Novena especial de Oração pelos Cidadãos de Hong Kong”, exortando os católicos do território a rezarem pelo fim do surto de Covid-19 com que se debate a antiga colónia britânica. A partir de hoje até 19 de Março, uma oração indicada pelo Papa Francisco vai ser recitada em todas as paróquias, a par da já habitual Oração a São Roque declamada nas igrejas de Macau desde os primeiros dias da pandemia.

Até quarta-feira, as autoridades de saúde de Hong Kong registaram um total de 290 mil 987 novos casos de infecção e mil 543 mortes por Covid-19, mais do que o triplo da semana passada. Já Macau é dos poucos países e territórios em que o vírus ainda não provocou qualquer vítima mortal.

Para os mais dogmáticos, a situação que se vive em Macau em termos de pandemia resulta também da prática da Oração a São Roque, que parece ter vindo para ficar.

A imagem do protector contra a peste e padroeiro dos inválidos e dos cirurgiões foi requisitada à paróquia de São Lázaro por D. Stephen Lee há mais de dois anos e está desde então colocada à entrada da igreja da Sé Catedral. À data, o prelado pediu aos católicos de Macau que incluíssem a invocação a São Roque nas suas orações e intenções.

O culto a São Roque surgiu na segunda metade do Século XV no Norte de Itália e conheceu uma rápida expansão nas décadas que se seguiram, espalhando-se pelos quatro cantos do mundo. Em Macau, a devoção ao padroeiro dos inválidos é particularmente forte na paróquia de São Lázaro, como explica o padre João Lau a’O CLARIM. «A origem desta devoção a São Roque surgiu há cerca de dois séculos, por volta de mil oitocentos e tal, por causa de um problema de saúde. Esta zona foi afectada por um surto de peste», recorda o sacerdote, acrescentando: «As pessoas estavam a morrer com a peste. Naquela altura, nesta zona, quase todos os habitantes eram cristãos. O bairro era conhecido como a Cristandade de São Lázaro. Por causa da peste, os residentes de São Lázaro fizeram uma novena e no final dessa novena organizaram uma procissão em honra de São Roque. Depois dessa novena e dessa procissão, a peste desapareceu».

Para agradecer a intercessão do santo, os residentes do bairro de São Lázaro começaram a organizar todos os anos uma novena e uma procissão dedicadas a São Roque no segundo Domingo de Julho. A evocação ao padroeiro foi interrompida em meados da década de 60, na sequência dos acontecimentos do “1,2,3”, mas acabaria por ser ressuscitada há cerca de duas décadas pelo padre Luís Gonzaga Ló, quando a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) pairou sobre o território. «Esta procissão – estes actos religiosos relacionados com São Roque – foi uma das que se deixaram de realizar por causa dos acontecimentos do 1,2,3. Tirando a procissão de Nossa Senhora de Fátima e a procissão do Bom Jesus dos Passos, todas as outras procissões desapareceram», refere o padre João Lau, concluindo: «A procissão de São Roque volta a realizar-se novamente a partir da altura em que Hong Kong e Macau enfrentam a ameaça da SARS. O padre Luís Gonzaga Ló voltou a organizar a procissão uma vez mais. E ela tem-se realizado sem interrupções até agora».

Marco Carvalho

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