ARQUIVO HISTÓRICO DA DIOCESE DE MACAU

ARQUIVO HISTÓRICO DA DIOCESE DE MACAU ABRIU AS PORTAS A’ O CLARIM

Mais de um milhão de documentos e muitas relíquias

É a primeira vez, em muitas décadas, que a diocese de Macau abre as portas do seu Arquivo Histórico e desvenda o muito trabalho que ali vem sendo realizado, sob a liderança do bispo D. Stephen Lee. Fomos falar com o responsável que está encarregado da sua gestão.

A’ O CLARIM, o director do escritório do Departamento Diocesano de Arquivos Históricos e Património Cultural (DDAHPC), Keith Ip, começou por revelar que «os arquivos [da Diocese]armazenam, principalmente, documentos em papel», sendo estimado que «existam mais de um milhão de páginas de arquivos e documentos». Para que a classificação “arquivo histórico” seja atribuída, são necessários, pelo menos, «dez anos» desde a ocorrência dos factos, a menos que se trate de um acontecimento histórico da maior relevância.

«A classificação geral dos arquivos divide-se, sobretudo, em “Arquivos Comuns” e “Arquivos Históricos”. Há ainda mais uma categoria, estipulada pelo Direito Canónico: os “Arquivos Secretos”. A estes apenas os bispos podem ter acesso e só eles podem decidir qual o tratamento a dar aos mesmos».

Segundo Keith Ip, a diocese de Macau segue os princípios estabelecidos pelo “Comité de Boas Práticas e Normas do Conselho Internacional de Arquivos”, estando os documentos organizados de acordo com parâmetros bem definidos. «O nosso Arquivo está dividido entre a “Sala de Registos Históricos” e a “Sala de Relíquias”. A primeira está localizada no rés-do-chão do Paço Episcopal; a segunda encontra-se no Seminário de São José. Quem desejar aceder aos nossos arquivos históricos pode fazê-lo online ou solicitar uma visita pessoal através de e-mail», explicou.

Questionado sobre as tarefas realizadas, na prática, pelo DDAHPC, o responsável respondeu: «O nosso trabalho tem quatro vertentes: catalogação e gestão dos arquivos, catalogação e gestão do património cultural, trabalhos de preservação e restauro de relíquias culturais, e trabalhos de investigação e promoção dos arquivos e relíquias culturais».

Actualmente, o Departamento Diocesano de Arquivos Históricos e Património Culturaltem em mãos «o restauro do conjunto das pinturas a óleo dos antigos bispos da Diocese de Macau, localizadas no Paço Episcopal». Recentemente, foi concluído o restauro da imagem do Senhor Morto. «A equipa de restauro levou cerca de três meses para restaurar a imagem do Senhor Morto. Esta e outras relíquias culturais da Igreja ainda estão em uso. Com o uso tendem a danificar-se, mais não seja pelo seu manuseamento – vão perdendo a cor nos pontos de contacto – ou por pequenos incidentes que são sempre habituais quando há grande aglomeração de pessoas, como por exemplo nas procissões. Também há outros factores como o clima – altas temperaturas e muita humidade. Nestes casos é necessário recorrer a um profissional para reparar as relíquias. Já para outros objectos, como travesseiros, vestes das imagens e paramentos, é necessário encontrar um alfaiate especializado».

A concluir, Keith Ip ressalvou que «a Igreja não é um museu; a Igreja vive em constante movimento, como alimento para a Fé. Logo, o significado e testemunho destas relíquias culturais – desta herança tangível – tem de ser diariamente transmitidos aos fiéis nesta nova Era».

Jasmin Yiu

com José Miguel Encarnação

(tradução e edição para Português)

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