Papa apela ao respeito por «património de toda a humanidade»
O Papa Francisco associou-se à celebração do Dia Mundial do Ambiente (5 de Junho) com uma mensagem na rede social Twitter, apelando ao respeito por um património da humanidade.
«Nunca esqueçamos que o Ambiente é um bem colectivo, património de toda a humanidade e responsabilidade de todos», escreveu na sua conta “@pontifex”, em nove línguas.
O tema tem sido uma das preocupações do actual pontificado, marcado por apelos em favor de um novo «equilíbrio ecológico global», como aconteceu em Novembro, numa audiência concedida aos participantes na assembleia plenária da Academia Pontifícia das Ciências, da Santa Sé, entre os quais o astrofísico britânico Stephen Hawking.
O Papa advertiu para o perigo de um «colapso ecológico» e o consequente aumento da pobreza e da exclusão social, citando a Encíclica “Laudato si”.
Este texto, publicado a 18 de Junho de 2015, propõe uma mudança de fundo na relação da humanidade com o Meio Ambiente, alertando para as consequências já visíveis do aquecimento global e das alterações climáticas.
“As mudanças climáticas são um problema global com graves implicações ambientais, sociais, económicas, distributivas e políticas, constituindo actualmente um dos principais desafios para a humanidade”, escreve Francisco, que assinou o primeiro documento do género inteiramente dedicado a questões ecológicas.
O documento contesta um modelo de desenvolvimento baseado no “uso intensivo de combustíveis fósseis”, que está no centro do sistema energético mundial.
O Papa defende ainda a necessidade de uma redução de gases com efeito de estufa, o que “requer honestidade, coragem e responsabilidade, sobretudo dos países mais poderosos e mais poluentes”.
A encíclica com 246 números, divididos em seis capítulos, fala da “relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta” e lança várias críticas a um “novo paradigma e formas de poder que derivam da tecnologia”, desafiando a comunidade internacional a “procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso”.
Francisco convida a reconhecer “o valor próprio de cada criatura”, o “sentido humano da ecologia”, e considera que face a temas tão complexos existe a necessidade de “debates sinceros e honestos”.
O Papa recorda “a grave responsabilidade da política internacional e local”, condenado o aborto e a “cultura do descarte”, num texto que apresenta a proposta dum “novo estilo de vida” para a humanidade.
A encíclica é o grau máximo das cartas que um Papa escreve e a expressão “Laudato si” (louvado sejas) remete para o “Cântico das Criaturas” (1225), de São Francisco de Assis, o religioso que inspirou o pontífice argentino na escolha do seu nome.
In ECCLESIA