3ª Conferência de Simulação da Organização das Nações Unidas de Macau decorreu na USJ

3ª Conferência de Simulação da Organização das Nações Unidas de Macau decorreu na USJ

Alunos da Grande Baía querem ser mais-valia para o mundo

Cerca de uma centena e meia de alunos, provenientes de trinta estabelecimentos de Ensino Secundário e Universitário de Macau, Hong Kong e da Província de Cantão, participaram no passado fim-de-semana na terceira edição da Conferência de Simulação da Organização das Nações Unidas sobre o Ensino Secundário.

A iniciativa, que decorreu no campus da Universidade de São José na Ilha Verde, foi organizada conjuntamente pela Associação de Divulgação da Simulação da Organização das Nações Unidas (ADSONUM), pelo Observatório para o Desenvolvimento Social de Macau e pela Faculdade de Ciências da Saúde da USJ, com o objectivo de proporcionar aos estudantes de Macau uma plataforma para explorar e analisar algumas das grandes tendências da actualidade.

Para além de procurar fomentar as capacidades de pensamento dos alunos das escolas do território e reforçar o espírito de equipa e as capacidades de liderança dos participantes, a conferência serviu para debater temas como a protecção dos animais e a saúde mental, assim como as greves e os distúrbios de cariz laboral que, por exemplo, sacudiram o Reino Unido na véspera da Primeira Guerra Mundial. Estes temas deram, em grande medida, o mote às seis palestras e mesas redondas que integraram, ao longo de três dias, o cartaz do certame. Foram também discutidos alguns dos desafios que se colocam ao desenvolvimento da juventude e do Ensino Universitário em diferentes quadrantes do planeta.

A conferência, que decorreu sob a supervisão da Rede Juvenil de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e pela Universidade das Nações Unidas – Instituto em Macau, abriu com uma intervenção de Min Yang, investigadora do instituto universitário que a ONU dedica às Tecnologias de Programação. A especialista argumentou, no discurso de abertura – abordou o papel da juventude na promoção do desenvolvimento sustentável –, que os jovens desempenham um papel fundamental na popularização das aplicações de tecnologia informática.

Ciente da importância de se olhar para o mundo com curiosidade e de indagar sobre a realidade que os envolve, Jacky Ho, director da Faculdade de Ciências da Saúde da USJ, incentivou os jovens alunos que se associaram ao certame a fazer uso de mecanismos de pensamento crítico e a reflectirem sobre formas de colaboração que possam impulsionar o progresso social. O académico defende que a conferência confrontou os estudantes que se associaram ao evento com um protagonismo inédito para quem estuda nas escolas de Macau.

«Ao permitir que eles assumam diferentes papéis e participem em discussões de diferente natureza, espera-se que os jovens de Macau possam aprender e aprofundar as competências do pensamento crítico», começou por dizer Jacky Ho, em declarações a’O CLARIM. «Não é habitual ver em Macau um nível tão elevado de organização em encontros deste tipo. É tanto mais notável quanto o facto de que o processo de organização, tido de uma forma global, foi da responsabilidade de alunos das escolas secundárias de Macau. Na conferência, para além dos debates, os estudantes tiveram a oportunidade de analisar, reflectir e pensar de forma mais aprofundada sobre diferentes temas e tópicos», sublinhou o responsável.

FOMENTAR O PENSAMENTO CRÍTICO – Jacky Ho exprimiu o desejo de que a participação em outras simulações da mesma índole, desenvolvidas à escala global, possam oferecer à comunidade estudantil de Macau a oportunidade de alargar a sua visão do mundo e tomar o pulso à atmosfera que norteia a realização de outras acções do mesmo género fora das fronteiras da RAEM.

Iniciativas como a que decorreu no último fim-de-semana são uma oportunidade para que a ONU teste modelos teóricos de afirmação social e desenvolvimento. As simulações propostas pelas Nações Unidas são actividades de natureza académica, orientada para alunos do Ensino Secundário, que têm por finalidade potenciar a educação cívica junto das gerações mais jovens. Ao abrigo da actividade, os alunos assumem o papel de representantes diplomáticos de diferentes países, de organizações internacionais e de outras entidades políticas, conduzindo plenários simulados tendo por base regras simplificadas das Nações Unidas. As simulações são muitas vezes conduzidas em torno de assuntos relacionados com a actualidade internacional.

Através da participação no certame os alunos têm uma oportunidade de entender melhor os mecanismos de diplomacia multilateral, melhorar a comunicação e aprofundar mecanismos de cooperação e liderança. Essa foi, em grande medida, a oportunidade concedida a Kitty e a Wyatt, dois dos mais de cem alunos que se associaram à conferência. Aluna de uma das instituições locais de Ensino Secundário e parte da Comissão de Língua Inglesa da Conferência de Simulação da Organização das Nações Unidas, Kitty mostrou-se entusiasmada por ter integrado este projecto. A’O CLARIM, a adolescente garantiu que passou a olhar de forma mais clara para o seu percurso estudantil e a definir metas mais concretas em termos da prossecução de objetivos académicos e pessoais.

Por sua vez, Wyatt, que repetiu a presença depois de ter participado na segunda Conferência de Simulação promovida sob a supervisão das Nações Unidas, mostrou-se satisfeito com o esforço feito pelos participantes ao abordarem de forma construtiva os desafios relacionados com a saúde mental com que os jovens de Macau se deparam. Aluno do 11º ano de uma das escolas secundárias locais, o jovem, que também integrou a Comissão de Língua Inglesa, notou que há ainda margem de manobra para melhorias, sobretudo no que toca à preparação de alguns dos participantes.

Marco Carvalho com Jasmin Yiu

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